domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Homens, Mulheres e Filhos

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Tem ideias promissoras, mas acaba se perdendo.

Há algo bem em comum nos filmes do cineasta canadense Jason Reitman: a intensa personalidade de seus protagonistas. Todos são figuras interessantes, mas, ao mesmo tempo, detestáveis. Senão, vejamos: Obrigado por Fumar (2005) tinha o cínico lobista da indústria tabagista; Juno (2007) trazia uma adolescente grávida insuportável; Amor sem Escalas (2009) apresentava um sujeito isolado, desinteressado em amigos e família; Jovens Adultos (2011) retratava o estereótipo de uma patricinha que enfrentava fúteis problemas de idade; Refém da Paixão (2013) introduziu um fugitivo penitenciário numa estranhíssima história de amor; E este Homens, Mulheres e Filhos também segue o esquema, ainda que de forma coletiva, digamos assim. Pessoas problemáticas e curiosas.

São contos particulares que acabam se cruzando, expostos aleatoriamente e interligados pelo cotidiano. Temos um casal que passa por uma crise sexual, pais de um garoto que está se descobrindo, que por assim envolve-se com uma adolescente precoce, filha de uma mulher superpermissiva que a expõe ao ridículo e tem um relacionamento peculiar com um homem que sofre com o abandono de sua esposa e tem que criar o filho sozinho, este isolado num mundo virtual, que acaba encontrando vida real nos braços de uma jovem, filha de uma mãe superprotetora que de tão obcecada acaba prejudicando sua educação.



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Um roteiro deveras promissor, baseado numa obra de Chad Kultgen, assinado pelo próprio Reitman e Erin Cressida Wilson, que aborda temas pungentes e possui casos que, se bem executados, renderiam ótimos debates. A questão é como foi posto em tela, se realmente funciona e faz jus a premissa ambiciosa.

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O diretor aposta numa linguagem mais teen, trabalhando com elementos gráficos, onde vemos os visores dos aparelhos digitais saltarem dentro de quadro – artifício que já vimos em outras obras como, por exemplo, o seriado inglês Sherlock (2010). E que não funciona muito bem, já que a ideia moderna está muito ligada à era digital, e lidamos aqui com eventos mais pessoais. Pior ainda é perceber que ao longo do troço, essa premissa é praticamente descartada, um erro gravíssimo do continuísta.

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Narrativamente, o primeiro ato também é mal realizado, isso por soar absolutamente perdido e não apresentar bem a trama e seus personagens. Fazendo com que o público perca, de certo modo, o interesse pelo que vai acontecer. Somente na metade do longa somos fisgados, quando entendemos o drama vivido por aqueles fulanos. Algo que pode ser tarde demais.

Muito do (pouco) mérito de Homens, Mulheres e Filhos se deve a montagem de Dana E. Glauberman. Assaz eficiente, a sempre parceira de Reitman, entrega um trabalho que se mostra orgânico e pontual, uma vez que as translações das histórias funcionam bem, fazendo com que entendamos, facilmente, quem está ligado a o quê.

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O apropriado elenco não compromete, formado por nomes como Ansel Elgort, Jennifer Garner, Dean Norris, J.K. Simmons, Adam Sandler, Rosemarie DeWitt e Judy Greer, todos desempenham adequadamente suas funções, passando credibilidade quando exigidos. Bem como o cinematografo Eric Steelberg consegue captar a essência do clima empreendido e transmitir tensão, mesmo num ambiente tão púbere.

É um filme repleto de altos e baixos, que demora a empolgar e pouco acrescenta, mesmo sendo detentor de assuntos abastados. Podendo até não agradar seu público alvo, já que em vários momentos desvia o foco e entra em questões conjugais mais “adultas”. Surgindo assim como o primeiro real tropeço na carreira de Jason Reitman – apesar do já citado Refém da Paixão também ser abaixo da média – e entrando na lista de decepções do ano. Quem sabe uma nova parceria com Diablo Cody o faça voltar a sua velha forma. Aguardemos.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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São contos particulares que acabam se cruzando, expostos aleatoriamente e interligados pelo cotidiano. Temos um casal que passa por uma crise sexual, pais de um garoto que está se descobrindo, que por assim envolve-se com uma adolescente precoce, filha de uma mulher superpermissiva que a expõe ao ridículo e tem um relacionamento peculiar com um homem que sofre com o abandono de sua esposa e tem que criar o filho sozinho, este isolado num mundo virtual, que acaba encontrando vida real nos braços de uma jovem, filha de uma mãe superprotetora que de tão obcecada acaba prejudicando sua educação.

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Um roteiro deveras promissor, baseado numa obra de Chad Kultgen, assinado pelo próprio Reitman e Erin Cressida Wilson, que aborda temas pungentes e possui casos que, se bem executados, renderiam ótimos debates. A questão é como foi posto em tela, se realmente funciona e faz jus a premissa ambiciosa.

O diretor aposta numa linguagem mais teen, trabalhando com elementos gráficos, onde vemos os visores dos aparelhos digitais saltarem dentro de quadro – artifício que já vimos em outras obras como, por exemplo, o seriado inglês Sherlock (2010). E que não funciona muito bem, já que a ideia moderna está muito ligada à era digital, e lidamos aqui com eventos mais pessoais. Pior ainda é perceber que ao longo do troço, essa premissa é praticamente descartada, um erro gravíssimo do continuísta.

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Narrativamente, o primeiro ato também é mal realizado, isso por soar absolutamente perdido e não apresentar bem a trama e seus personagens. Fazendo com que o público perca, de certo modo, o interesse pelo que vai acontecer. Somente na metade do longa somos fisgados, quando entendemos o drama vivido por aqueles fulanos. Algo que pode ser tarde demais.

Muito do (pouco) mérito de Homens, Mulheres e Filhos se deve a montagem de Dana E. Glauberman. Assaz eficiente, a sempre parceira de Reitman, entrega um trabalho que se mostra orgânico e pontual, uma vez que as translações das histórias funcionam bem, fazendo com que entendamos, facilmente, quem está ligado a o quê.

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O apropriado elenco não compromete, formado por nomes como Ansel Elgort, Jennifer Garner, Dean Norris, J.K. Simmons, Adam Sandler, Rosemarie DeWitt e Judy Greer, todos desempenham adequadamente suas funções, passando credibilidade quando exigidos. Bem como o cinematografo Eric Steelberg consegue captar a essência do clima empreendido e transmitir tensão, mesmo num ambiente tão púbere.

É um filme repleto de altos e baixos, que demora a empolgar e pouco acrescenta, mesmo sendo detentor de assuntos abastados. Podendo até não agradar seu público alvo, já que em vários momentos desvia o foco e entra em questões conjugais mais “adultas”. Surgindo assim como o primeiro real tropeço na carreira de Jason Reitman – apesar do já citado Refém da Paixão também ser abaixo da média – e entrando na lista de decepções do ano. Quem sabe uma nova parceria com Diablo Cody o faça voltar a sua velha forma. Aguardemos.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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