quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Ilha de Segredos – Suspense alemão da Netflix prende a atenção do espectador

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Boa parte do grande público brasileiro se acostumou a assistir a filmes produzidos pelo cinema estadunidense, com seu estilo mirabolante de contar histórias calcadas em efeitos especiais. E tudo bem. Mas, é interessante dar uma oportunidade ao cinema produzido por outros países, pois de vez em quando você pode topar em bons filmes como ‘Ilha de Segredos’, suspense alemão que acaba de chegar à Netflix e anda fazendo bastante sucesso.



Já na primeira cena somos surpreendidos por uma velha senhora numa praia vazia, observando o mar com binóculos. Do nada, surge um cachorro raivoso que a persegue e a mata. Quatro meses após o funeral, os pais de Jonas estão dirigindo quando são surpreendidos por um outro carro na contramão, e, após baterem, acabam falecendo. Então, passamos a acompanhar a vida de Jonas (Philip Froissant), um adolescente que em poucos meses se tornou órfão, perdeu a avó e passa a morar com o avô, com quem mal tem contato. Para uma ilha com poucos habitantes, os últimos acontecimentos são considerados trágicos, porém vistos como eventos isolados. Jonas tenta seguir sua vida normalmente, ocultando os sentimentos por sua colega, Nina (Mercedes Müller), mas quando uma nova professora, Helena Jung (Alice Dwyer) chega na escola, o frágil relacionamento dos dois fica abalado.

Ilha de Segredos’ arrebata o espectador nos primeiros dez minutos de longa, com uma sequência de eventos que imediatamente faz a gente se questionar o que está acontecendo e como esses acontecimentos estão relacionados. Porém, passado esse momento inicial, o longa se acalma, e o roteiro de Miguel Alexandre e Lisa Carline Hofer dá uma sossegada, transitando rapidamente do suspense para o drama enquanto aguardamos o encaixar das peças. Ainda assim, não é algo que prejudique o longa, mas sim funcionando como uma colocada de pé no freio para segurar um pouco o ritmo da produção, para a gente ir curtindo aos poucos.

Por outro lado, é esse ajuste de elementos que prende a atenção em ‘Ilha de Segredos’. À medida em que o suspense vai se desenrolando, rapidamente descobrimos quem está por trás de tudo, restando-nos apenas descobrir qual motivo louco teria impulsionado tudo isso. Essa estratégia aproxima o espectador do protagonista, que igualmente não sabe de nada e só vai descobrir tudo no fim. Embora já na reta final o longa de Miguel Alexandre dê uma forçada braba na liberdade dos acontecimentos (fazendo com que a gente dedique uma dose extra de credibilidade), o que é mais interessante é a construção da trama, que vai a banho maria conduzindo o espectador até sua derradeira resolução.

Ilha de Segredos’ é um filme de suspense alemão bem construído, localizado em uma ilha remota desconhecida do grande público. Com um estilo de construção narrativa diferente dos Estados Unidos, é um filme envolvente, que mistura luxúria, paixão, inocência, vingança, recalque e intriga na mesma medida, de modo que o espectador não consegue deixar a produção até solucionar o mistério. Não à toa, mal estreou e já foi direto para o Top 10 da Netflix.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Já na primeira cena somos surpreendidos por uma velha senhora numa praia vazia, observando o mar com binóculos. Do nada, surge um cachorro raivoso que a persegue e a mata. Quatro meses após o funeral, os pais de Jonas estão dirigindo quando são surpreendidos por um outro carro na contramão, e, após baterem, acabam falecendo. Então, passamos a acompanhar a vida de Jonas (Philip Froissant), um adolescente que em poucos meses se tornou órfão, perdeu a avó e passa a morar com o avô, com quem mal tem contato. Para uma ilha com poucos habitantes, os últimos acontecimentos são considerados trágicos, porém vistos como eventos isolados. Jonas tenta seguir sua vida normalmente, ocultando os sentimentos por sua colega, Nina (Mercedes Müller), mas quando uma nova professora, Helena Jung (Alice Dwyer) chega na escola, o frágil relacionamento dos dois fica abalado.

Ilha de Segredos’ arrebata o espectador nos primeiros dez minutos de longa, com uma sequência de eventos que imediatamente faz a gente se questionar o que está acontecendo e como esses acontecimentos estão relacionados. Porém, passado esse momento inicial, o longa se acalma, e o roteiro de Miguel Alexandre e Lisa Carline Hofer dá uma sossegada, transitando rapidamente do suspense para o drama enquanto aguardamos o encaixar das peças. Ainda assim, não é algo que prejudique o longa, mas sim funcionando como uma colocada de pé no freio para segurar um pouco o ritmo da produção, para a gente ir curtindo aos poucos.

Por outro lado, é esse ajuste de elementos que prende a atenção em ‘Ilha de Segredos’. À medida em que o suspense vai se desenrolando, rapidamente descobrimos quem está por trás de tudo, restando-nos apenas descobrir qual motivo louco teria impulsionado tudo isso. Essa estratégia aproxima o espectador do protagonista, que igualmente não sabe de nada e só vai descobrir tudo no fim. Embora já na reta final o longa de Miguel Alexandre dê uma forçada braba na liberdade dos acontecimentos (fazendo com que a gente dedique uma dose extra de credibilidade), o que é mais interessante é a construção da trama, que vai a banho maria conduzindo o espectador até sua derradeira resolução.

Ilha de Segredos’ é um filme de suspense alemão bem construído, localizado em uma ilha remota desconhecida do grande público. Com um estilo de construção narrativa diferente dos Estados Unidos, é um filme envolvente, que mistura luxúria, paixão, inocência, vingança, recalque e intriga na mesma medida, de modo que o espectador não consegue deixar a produção até solucionar o mistério. Não à toa, mal estreou e já foi direto para o Top 10 da Netflix.

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