quinta-feira , 14 novembro , 2024

Crítica | Intrusion – Suspense da Netflix é bem-feitinho, mas tem história fraquinha

Nem todo filme nasce para ser um filmão. Verdade seja dita: a maior parte dos filmes que vemos são histórias que nos entretêm momentaneamente, mas que não nos marcam para sempre, e está tudo bem que seja assim, até porque para todo filme há seu público. É mais ou menos nessa vibe que a Netflix lança o suspenseIntrusion’, sua primeira aposta do gênero para o mês do Halloween esse ano.

Meera (Freida Pinto) e Henry (Logan Marshall-Green) acabam de se mudar para uma enorme mansão construída por Henry no meio do deserto, em uma cidadezinha pequena e isolada nos Estados Unidos. Casados há doze anos, eles são um casal muito unido mesmo tendo atravessado um câncer que Meera tivera no passado. A nova vida tem um bom começo, até que, certa noite, a casa é invadida por ladrões. O que poderia ser um evento isolado de má sorte acaba se tornando recorrente na vida do casal, e Meera passará a ter dúvidas se a mudança para a nova casa, tão longe de tudo e de todos que ela conhece, foi mesmo a melhor decisão que tomara para sua vida.



Das uma hora e trinta e três minutos de duração, mais da metade são gastos com a protagonista desconfiando de alguma coisa porém tendo pouca atitude sobre suas suspeitas. Como a história é centrada em Meera, a protagonista acaba pouco interagindo com outros personagens, fazendo com que suas reflexões acabem sendo inseridas no enredo de maneira gratuita, pouco trabalhadas ao longo da produção. São exemplos disso a menção ao câncer superado por ela, que entra na trama repentinamente e pouco influencia no desenrolar dos eventos, ainda que seja repetido algumas vezes; ou mesmo quando ela desconfia de uma determinada pessoa e decidi segui-la, mas o espectador fica sem saber exatamente o que ela está fazendo até que a coisa se torne evidente – até então, era apenas a protagonista pegando seu carro e indo do nada para uma outra direção. Até mesmo o nome dela só é dito lá pra quase o meio do filme.

Apesar dessas inseguranças apresentadas no roteiro de Chris Sparling, o filme de Adam Salky constrói um suspense fervido a banho-maria, em que fica evidente desde o início que há algum problema, mas o porquê e o quem ficam para serem resolvidos mui lentamente, quase como se não existisse na vida dos protagonistas, desenrolando-se sutilmente já no final do segundo ato. Ainda que o melhor de ‘Intrusion’ seja a sua resolução final, ela vem com um plot twist meio forçado, apesar de interessante. Mas ‘Intrusion’ é desses filmes que no final o vilão literalmente explica os seus motivos, entregando tudo mastigadinho para o espectador – e também para a protagonista.

Com uma história bem fraquinha e pouco engajadora, ‘Intrusion’ é um suspense leve, que não dá medo nem instiga a paranoia no espectador. É um filme bem produzido, bem filmado e bem realizado, como um bolo bonito mas cujo recheio tem pouco sabor.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Meera (Freida Pinto) e Henry (Logan Marshall-Green) acabam de se mudar para uma enorme mansão construída por Henry no meio do deserto, em uma cidadezinha pequena e isolada nos Estados Unidos. Casados há doze anos, eles são um casal muito unido mesmo tendo atravessado um câncer que Meera tivera no passado. A nova vida tem um bom começo, até que, certa noite, a casa é invadida por ladrões. O que poderia ser um evento isolado de má sorte acaba se tornando recorrente na vida do casal, e Meera passará a ter dúvidas se a mudança para a nova casa, tão longe de tudo e de todos que ela conhece, foi mesmo a melhor decisão que tomara para sua vida.

Das uma hora e trinta e três minutos de duração, mais da metade são gastos com a protagonista desconfiando de alguma coisa porém tendo pouca atitude sobre suas suspeitas. Como a história é centrada em Meera, a protagonista acaba pouco interagindo com outros personagens, fazendo com que suas reflexões acabem sendo inseridas no enredo de maneira gratuita, pouco trabalhadas ao longo da produção. São exemplos disso a menção ao câncer superado por ela, que entra na trama repentinamente e pouco influencia no desenrolar dos eventos, ainda que seja repetido algumas vezes; ou mesmo quando ela desconfia de uma determinada pessoa e decidi segui-la, mas o espectador fica sem saber exatamente o que ela está fazendo até que a coisa se torne evidente – até então, era apenas a protagonista pegando seu carro e indo do nada para uma outra direção. Até mesmo o nome dela só é dito lá pra quase o meio do filme.

Apesar dessas inseguranças apresentadas no roteiro de Chris Sparling, o filme de Adam Salky constrói um suspense fervido a banho-maria, em que fica evidente desde o início que há algum problema, mas o porquê e o quem ficam para serem resolvidos mui lentamente, quase como se não existisse na vida dos protagonistas, desenrolando-se sutilmente já no final do segundo ato. Ainda que o melhor de ‘Intrusion’ seja a sua resolução final, ela vem com um plot twist meio forçado, apesar de interessante. Mas ‘Intrusion’ é desses filmes que no final o vilão literalmente explica os seus motivos, entregando tudo mastigadinho para o espectador – e também para a protagonista.

Com uma história bem fraquinha e pouco engajadora, ‘Intrusion’ é um suspense leve, que não dá medo nem instiga a paranoia no espectador. É um filme bem produzido, bem filmado e bem realizado, como um bolo bonito mas cujo recheio tem pouco sabor.

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