quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Invasão a Londres

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Sequência sem fôlego

Uma breve volta no tempo para 2013, ano que via o lançamento de um novo par de filmes gêmeos. Desta vez, duas produções hollywoodianas decidiam usar como tema ataques terroristas na Casa Branca, contendo o presidente americano e tendo apenas um homem como salvador. Ou melhor, dois: Mike Banning, de Gerard Butler, e John Cale, de Channing Tatum. Invasão a Casa Branca e O Ataque estrearam com intervalo de cinco meses, respectivamente, no Brasil (três nos EUA) e obtiveram níveis de sucesso distintos.

Invasão a Casa Branca contou com um orçamento de US$70 milhões, arrecadando mais de US$98 milhões nos EUA e mais de US$161 milhões mundialmente. O Ataque teve um orçamento inflado de US$150 milhões, arrecadou mais de US$73 milhões nos EUA, e mais de US$205 milhões mundialmente. Por estes números e pelo custo-benefício das produções, dá para entender mais porque foi o primeiro que ganhou a continuação.



Invasão a Londres - CinePOP 3

Seja como for, o filme de Antoine Fuqua mantinha o espírito Duro de Matar mais próximo, numa obra mais visceral, que servia de grande homenagem ao cinema de ação brucutu da década de 1980. Gênero que tem muitos órfãos, ainda mais se olharmos para os tempos politicamente corretos (e chatos, segundo muitos) de hoje. Sim, o original foi acusado de ser um veículo de ação descerebrado e dá para entender a falta de apelo para aqueles que não cresceram com tais filmes. Nostálgico e divertido são adjetivos que podem ser usados em sua defesa.

Corta para três anos depois, Banning (Butler) ainda serve como chefe da segurança do presidente Benjamin Asher (Aaron Eckhart). No entanto, o desejo de parar chega mais forte, devido à gravidez de sua companheira Leah (Radha Mitchell). Uma reunião urgente com os líderes mundiais em Londres, para o velório do Ministro Britânico, muda momentaneamente os planos de aposentadoria do protagonista. É justamente na cena que a ação irá se desenrolar, quando um terrorista orquestra, provavelmente, o plano mais elaborado da história do cinema, assassinando diversos líderes mundiais, todos convenientemente espalhados por Londres. Desta forma, Londres cai, com ataques em diversas partes da cidade.

Invasão a Londres - CinePOP 2

O único que escapa é… você acertou, o presidente americano. Azar dos outros não terem o melhor segurança do mundo. Por quase duas horas, Invasão a Londres consiste na fuga de Banning e do presidente Asher pela cidade inglesa, resistindo às situações mais inacreditáveis e despachando de forma cruel todos aqueles que cruzam seu caminho. Nada contra violência exacerbada e usada como entretenimento, ou forte teor incorreto. Mas precisa existir algo além, caso contrário o que presenciamos se torna apenas um vídeo game, o qual nem ao menos podemos jogar.

Os vilões sem nome aparecem em cena e são descartados com tremenda facilidade pelo protagonista, sem que apresentem qualquer perigo verdadeiro a sua integridade física. Mais uma vez, nada contra. No original, no entanto, existia a mínima tensão, e a possibilidade de que o herói pudesse ser ferido e sair sem êxito. Banning se transforma em um super-herói na sequência, sem hesitar ou temer minimamente pela sua vida. Ora, nem mesmo a paternidade próxima faz o sujeito pensar duas vezes antes de se atirar numa situação de grande risco.

Invasão a Londres - CinePOP 1

Tudo é mecânico e sem alma em Invasão a Londres, e nem mesmo o elemento de identificação do primeiro filme, o calcanhar de Aquiles dos personagens, o filho do presidente Asher (afinal, criança em perigo é sempre um elemento de tensão nos roteiros) ganhamos aqui. O presidente menciona o filho no início, para logo em seguida ser eliminado da trama. O filme é feio, sujo e tem espírito ruim, o que seria aceitável se tivesse também alguma graça ou qualquer qualidade redentora. Aqui é ação por ação, não existe conteúdo ou sequer diversão.

E para os que irão afirmar que todos os filmes do gênero são produzidos de tal forma, aqui vai um comparativo. Digamos que, tomadas as devidas proporções, Invasão a Casa Branca seja o primeiro Duro de Matar (1988) e Invasão a Londres seja Duro de Matar 4.0 (2007) ou, ainda pior, Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer (2013). Sentiram o drama?

Invasão a Londres - CinePOP 4

Para deixar claro, minha reclamação quanto ao filme não diz respeito ao patriotismo piegas e risível, ao nível de violência ou teor incorreto (mais uma vez), mas sim em relação ao filme ser apenas isso, sem qualquer desejo de humor que funcione, diversão, cenas verdadeiramente empolgantes (a ação é genérica e desafio qualquer um a lembrar de uma cena após o término), vilões interessantes, ou diálogos criativos. Aqui, os personagens têm uma involução.

Invasão a Londres possui o tipo de roteiro preguiçoso, montado por puro desejo de lucrar em cima de mais uma franquia que não tinha necessidade de acontecer – mas que até poderia, se feita da maneira correta. Para ter uma ideia, Antoine Fuqua (Dia de Treinamento) desistiu desta sequência porque não gostou do roteiro, assim como o substituto Fredrik Bond (Conquistas Perigosas). A direção terminou por cair com o iraniano Babak Najafi, que realiza um trabalho correto. Em resumo, se você gostou de Invasão a Casa Branca, irá se decepcionar com a continuação. E se nem do original achou  graça, passe longe deste.

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Invasão a Casa Branca contou com um orçamento de US$70 milhões, arrecadando mais de US$98 milhões nos EUA e mais de US$161 milhões mundialmente. O Ataque teve um orçamento inflado de US$150 milhões, arrecadou mais de US$73 milhões nos EUA, e mais de US$205 milhões mundialmente. Por estes números e pelo custo-benefício das produções, dá para entender mais porque foi o primeiro que ganhou a continuação.

Invasão a Londres - CinePOP 3

Seja como for, o filme de Antoine Fuqua mantinha o espírito Duro de Matar mais próximo, numa obra mais visceral, que servia de grande homenagem ao cinema de ação brucutu da década de 1980. Gênero que tem muitos órfãos, ainda mais se olharmos para os tempos politicamente corretos (e chatos, segundo muitos) de hoje. Sim, o original foi acusado de ser um veículo de ação descerebrado e dá para entender a falta de apelo para aqueles que não cresceram com tais filmes. Nostálgico e divertido são adjetivos que podem ser usados em sua defesa.

Corta para três anos depois, Banning (Butler) ainda serve como chefe da segurança do presidente Benjamin Asher (Aaron Eckhart). No entanto, o desejo de parar chega mais forte, devido à gravidez de sua companheira Leah (Radha Mitchell). Uma reunião urgente com os líderes mundiais em Londres, para o velório do Ministro Britânico, muda momentaneamente os planos de aposentadoria do protagonista. É justamente na cena que a ação irá se desenrolar, quando um terrorista orquestra, provavelmente, o plano mais elaborado da história do cinema, assassinando diversos líderes mundiais, todos convenientemente espalhados por Londres. Desta forma, Londres cai, com ataques em diversas partes da cidade.

Invasão a Londres - CinePOP 2

O único que escapa é… você acertou, o presidente americano. Azar dos outros não terem o melhor segurança do mundo. Por quase duas horas, Invasão a Londres consiste na fuga de Banning e do presidente Asher pela cidade inglesa, resistindo às situações mais inacreditáveis e despachando de forma cruel todos aqueles que cruzam seu caminho. Nada contra violência exacerbada e usada como entretenimento, ou forte teor incorreto. Mas precisa existir algo além, caso contrário o que presenciamos se torna apenas um vídeo game, o qual nem ao menos podemos jogar.

Os vilões sem nome aparecem em cena e são descartados com tremenda facilidade pelo protagonista, sem que apresentem qualquer perigo verdadeiro a sua integridade física. Mais uma vez, nada contra. No original, no entanto, existia a mínima tensão, e a possibilidade de que o herói pudesse ser ferido e sair sem êxito. Banning se transforma em um super-herói na sequência, sem hesitar ou temer minimamente pela sua vida. Ora, nem mesmo a paternidade próxima faz o sujeito pensar duas vezes antes de se atirar numa situação de grande risco.

Invasão a Londres - CinePOP 1

Tudo é mecânico e sem alma em Invasão a Londres, e nem mesmo o elemento de identificação do primeiro filme, o calcanhar de Aquiles dos personagens, o filho do presidente Asher (afinal, criança em perigo é sempre um elemento de tensão nos roteiros) ganhamos aqui. O presidente menciona o filho no início, para logo em seguida ser eliminado da trama. O filme é feio, sujo e tem espírito ruim, o que seria aceitável se tivesse também alguma graça ou qualquer qualidade redentora. Aqui é ação por ação, não existe conteúdo ou sequer diversão.

E para os que irão afirmar que todos os filmes do gênero são produzidos de tal forma, aqui vai um comparativo. Digamos que, tomadas as devidas proporções, Invasão a Casa Branca seja o primeiro Duro de Matar (1988) e Invasão a Londres seja Duro de Matar 4.0 (2007) ou, ainda pior, Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer (2013). Sentiram o drama?

Invasão a Londres - CinePOP 4

Para deixar claro, minha reclamação quanto ao filme não diz respeito ao patriotismo piegas e risível, ao nível de violência ou teor incorreto (mais uma vez), mas sim em relação ao filme ser apenas isso, sem qualquer desejo de humor que funcione, diversão, cenas verdadeiramente empolgantes (a ação é genérica e desafio qualquer um a lembrar de uma cena após o término), vilões interessantes, ou diálogos criativos. Aqui, os personagens têm uma involução.

Invasão a Londres possui o tipo de roteiro preguiçoso, montado por puro desejo de lucrar em cima de mais uma franquia que não tinha necessidade de acontecer – mas que até poderia, se feita da maneira correta. Para ter uma ideia, Antoine Fuqua (Dia de Treinamento) desistiu desta sequência porque não gostou do roteiro, assim como o substituto Fredrik Bond (Conquistas Perigosas). A direção terminou por cair com o iraniano Babak Najafi, que realiza um trabalho correto. Em resumo, se você gostou de Invasão a Casa Branca, irá se decepcionar com a continuação. E se nem do original achou  graça, passe longe deste.

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