quarta-feira , 18 dezembro , 2024

Crítica | Jexi: Um Celular Sem Filtro – Comédia com jeitão de Netflix diverte

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‘Ela’ de novo

Com o filme Ela (2013), o cineasta Spike Jonze entregou um interessante insight sobre relacionamentos modernos, tecnologia e de quebra deu de presente ao público uma das obras mais belas e românticas da última década (e por que não, da história do cinema?). Agora, pense numa versão jovem e escrachada de Ela, criada nos moldes da geração Netflix. Pois bem, esta nova “versão” chega aos cinemas brasileiros neste fim de semana e atende pelo título Jexi: Um Celular Sem Filtro.

Os adjetivos acima se devem por um motivo: no roteiro e direção do longa temos a dupla especialista no assunto comédia incorreta, Jon Lucas e Scott Moore – que possuem no currículo os textos da trilogia Se Beber, Não Case (2009, 2011 e 2013) e a direção dos dois Perfeita é a Mãe! (2016 e 2017).



jexi cinepop

Assim como em tais projetos anteriores, Lucas e Moore jogam na audiência tudo o que podem em matéria de humor para maiores e piadas ácidas – nem todas acertam seu alvo, mas muitas conseguem arrancar risadas. E como em suas produções anteriores também, podemos achar esperteza em muitos diálogos, certo aprofundamento no universo planejado e, surpreendentemente, alguma doçura (com este filme recebendo a maior dosagem deste último item).

Na trama, a geração milênio/hipster é posta à prova quando seu bem mais precioso se volta contra eles: o smartphone. Phil é justamente uma cria de tal era e tribo, um sujeito boa-praça, mas meio antissocial, que prefere passar mais tempo em um mundo de faz de conta do que realmente interagir e vivenciar experiências reais. A culpa não é dele e sim da era a qual estamos todos inseridos, que nos força a relações mais frias e distantes, tendo como argumento a facilidade do mundo virtual e de redes para socializar à distância. Phil, assim como tantos outros, só tem culpa de ter nascido diretamente neste contexto.

jexi cinepop2

A mensagem de Jexi é batida, mas bonitinha e necessária, precisando ser reiterada de tempos em tempos: a de esquecermos um pouco a virtualidade e olharmos para o real, para o que realmente importa – as pessoas ao redor e o contato humana. Essa vontade é despertada no sujeito ao conhecer acidentalmente Cate, papel da gracinha Alexandra Shipp (a Tempestade dos recentes filmes dos X-Men). A aventureira dona de uma loja de bikes prega justamente o estilo de vinda desprendido da escravidão online – cada vez mais utópico.

O casal tem boa química e as cenas da dupla conseguem tirar humor da dinâmica do sujeito retraído com a moça de espírito livre. Parte da graça se encontra na performance mais contida do que de costume para o ator Adam Devine (A Escolha Perfeita e Os Caça-Noivas), geralmente adepto de exageros. Aqui eles até existem, mas funcionam melhor dentro da proposta como um todo, já que a rotina do ator desta vez é ser o saco de pancadas e o objeto de piadas à sua volta.

jexi cinepop1

Ah sim, não dá para terminar sem dar atenção ao melhor elemento do filme: a hilária performance de Rose Byrne como a voz interativa do A.I. Jexi. Sarro com Alexa e outros computadores femininos parte de nossa funcionalidade atual, Jexi é rude, desbocada e muito direta. Não possui um décimo da elegância e delicadeza de Sam (Scarlett Johansson em Ela), se comportando muitas vezes mais como Hal 9000, o computador “endemoniado” de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. A relação de amor entre Jexi e seu novo dono, aos poucos vai se transformando em ódio e a máquina vai transformando a vida do sujeito num inferno – só nos cabendo rir das mais non sense furadas que o protagonista se mete.

Jexi: Um Celular Sem Filtro parece uma destas esquetes de programas humorísticos, vide Saturday Night Live, ou quem sabe muito bem poderia ser tema de um episódio de Black Mirror – caso este fosse voltado para a galhofa e não ao suspense e drama. Esticada para se encaixar no formato de um longa-metragem (mas um bem curtinho, com menos de 90 minutos), a ideia consegue entreter e nunca fica além de ser bem-vinda. Apesar dos palavrões e certo teor de baixo calão, Jexi é uma obra leve, que tem boa intenção e cumpre bem o seu papel de diversão despretensiosa.

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‘Ela’ de novo

Com o filme Ela (2013), o cineasta Spike Jonze entregou um interessante insight sobre relacionamentos modernos, tecnologia e de quebra deu de presente ao público uma das obras mais belas e românticas da última década (e por que não, da história do cinema?). Agora, pense numa versão jovem e escrachada de Ela, criada nos moldes da geração Netflix. Pois bem, esta nova “versão” chega aos cinemas brasileiros neste fim de semana e atende pelo título Jexi: Um Celular Sem Filtro.

Os adjetivos acima se devem por um motivo: no roteiro e direção do longa temos a dupla especialista no assunto comédia incorreta, Jon Lucas e Scott Moore – que possuem no currículo os textos da trilogia Se Beber, Não Case (2009, 2011 e 2013) e a direção dos dois Perfeita é a Mãe! (2016 e 2017).

jexi cinepop

Assim como em tais projetos anteriores, Lucas e Moore jogam na audiência tudo o que podem em matéria de humor para maiores e piadas ácidas – nem todas acertam seu alvo, mas muitas conseguem arrancar risadas. E como em suas produções anteriores também, podemos achar esperteza em muitos diálogos, certo aprofundamento no universo planejado e, surpreendentemente, alguma doçura (com este filme recebendo a maior dosagem deste último item).

Na trama, a geração milênio/hipster é posta à prova quando seu bem mais precioso se volta contra eles: o smartphone. Phil é justamente uma cria de tal era e tribo, um sujeito boa-praça, mas meio antissocial, que prefere passar mais tempo em um mundo de faz de conta do que realmente interagir e vivenciar experiências reais. A culpa não é dele e sim da era a qual estamos todos inseridos, que nos força a relações mais frias e distantes, tendo como argumento a facilidade do mundo virtual e de redes para socializar à distância. Phil, assim como tantos outros, só tem culpa de ter nascido diretamente neste contexto.

jexi cinepop2

A mensagem de Jexi é batida, mas bonitinha e necessária, precisando ser reiterada de tempos em tempos: a de esquecermos um pouco a virtualidade e olharmos para o real, para o que realmente importa – as pessoas ao redor e o contato humana. Essa vontade é despertada no sujeito ao conhecer acidentalmente Cate, papel da gracinha Alexandra Shipp (a Tempestade dos recentes filmes dos X-Men). A aventureira dona de uma loja de bikes prega justamente o estilo de vinda desprendido da escravidão online – cada vez mais utópico.

O casal tem boa química e as cenas da dupla conseguem tirar humor da dinâmica do sujeito retraído com a moça de espírito livre. Parte da graça se encontra na performance mais contida do que de costume para o ator Adam Devine (A Escolha Perfeita e Os Caça-Noivas), geralmente adepto de exageros. Aqui eles até existem, mas funcionam melhor dentro da proposta como um todo, já que a rotina do ator desta vez é ser o saco de pancadas e o objeto de piadas à sua volta.

jexi cinepop1

Ah sim, não dá para terminar sem dar atenção ao melhor elemento do filme: a hilária performance de Rose Byrne como a voz interativa do A.I. Jexi. Sarro com Alexa e outros computadores femininos parte de nossa funcionalidade atual, Jexi é rude, desbocada e muito direta. Não possui um décimo da elegância e delicadeza de Sam (Scarlett Johansson em Ela), se comportando muitas vezes mais como Hal 9000, o computador “endemoniado” de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. A relação de amor entre Jexi e seu novo dono, aos poucos vai se transformando em ódio e a máquina vai transformando a vida do sujeito num inferno – só nos cabendo rir das mais non sense furadas que o protagonista se mete.

Jexi: Um Celular Sem Filtro parece uma destas esquetes de programas humorísticos, vide Saturday Night Live, ou quem sabe muito bem poderia ser tema de um episódio de Black Mirror – caso este fosse voltado para a galhofa e não ao suspense e drama. Esticada para se encaixar no formato de um longa-metragem (mas um bem curtinho, com menos de 90 minutos), a ideia consegue entreter e nunca fica além de ser bem-vinda. Apesar dos palavrões e certo teor de baixo calão, Jexi é uma obra leve, que tem boa intenção e cumpre bem o seu papel de diversão despretensiosa.

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