domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Juliet, Nua e Crua – Ethan Hawke em sensível romance sobre fim e recomeço

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Baixa Fidelidade

Existem romancistas extremamente adaptáveis ao cinema. De fato, é muito sabido que diversos autores já criam suas obras literárias pensando na adaptação ao cinema ou TV, e visualizando as páginas como um roteiro. Não sei se este é propriamente o caso do escritor Nick Hornby, mas sem dúvida seus textos já ganharam as telonas por diversas ocasiões. Alta Fidelidade (2000) e Um Grande Garoto (2002) estão entre os mais famosos.

Juliet – Nua e Crua é a mais recente adaptação de um livro de Hornby, e aqui o artista reutiliza seus recorrentes temas: relacionamentos que chegam ao fim, reflexão existencial e aprofundamento de personagens – tudo interligado pela forte paixão musical, é claro.



Na trama do roteiro adaptado a três mãos por Jim Taylor (Sideways), Tamara Jenkins (A Família Savage) e Evgenia Peretz (O Idiota do Meu Irmão), vemos o relacionamento entre Duncan e Annie ruir como uma redoma de vidro. Passada na Inglaterra, a história traz o irlandês Chris O´Dowd (Missão Madrinha de Casamento) e a australiana Rose Byrne (A Espiã que Sabia de Menos) na pele do casal principal. Bem, isso é, até ele se desestruturar.

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O lance é que Duncan (O´Dowd) só cresce em sua obsessão pelo cantor Tucker Crowe, lendário músico de canções pop/rock românticas desaparecido dos holofotes há décadas. Como todo fã fiel, o sujeito idolatra seu objeto de afeto, chegando ao ponto de ter em sua casa com a companheira Annie (Byrne), um porão com uma espécie de santuário para o artista, além de administrar um site sobre o sujeito, no qual grava resenhas sobre suas músicas e álbuns. Essa entrega só aumenta a frustração de sua parceira, que começa a perceber a deficiência que o relacionamento exibe em outras áreas.

A distinção de opiniões em relação ao ídolo do sujeito termina por afastá-los, jogando-os diretamente nos braços de terceiros. Novidades estas que preenchem as lacunas necessárias neste ponto de suas vidas. A guinada no roteiro, no entanto, chega quando Annie acidentalmente conhece online e começa a se comunicar, gerando logo após uma relação, com o verdadeiro Tucker Crowe, papel do indicado ao Oscar Ethan Hawke. Crowe, hoje um astro em decadência, busca exatamente a fuga de quem foi no passado, se desassociando por completo de falsas idolatrias e enfatizando o que sempre negligenciou, a família.

Juliet, Nua e Crua é um filme singelo e agridoce, dono de bastante insight sobre relacionamentos e frustrações, além de um forte estudo de personagem e fama. Dirigido por Jesse Peretz, irmão da roteirista Evgenia, o longa mescla bem a melancolia que permeia toda a projeção com momentos voltados ao típico humor britânico seco. A transição de tonalidades – algo bem difícil de se concluir – é uma das maiores conquistas da obra. Drama, comédia e romance transitam pelas cenas e atitudes dos personagens, comandadas com rigor pelo cineasta Peretz.

No terreno das atuações é Rose Byrne quem mais brilha, deixando fluir sua desconfortável personagem protagonista. Byrne é uma grande intérprete, ainda muito subjugada, e aqui entrega outra performance única em sua carreira, demonstrando o tamanho de sua abrangência cênica. Hawke e O´Dowd chegam junto, seguindo de perto a deixa. Acima de tudo, Juliet – Nua e Crua fala sobre segundas chances e redescobertas, quando achamos que nossas vidas irão seguir por um caminho premeditado e sem escapatória, principalmente em uma fase na qual as expectativas não estão em alta e o leque de possibilidades não é mais tão amplo. A música sempre usou a desilusão como tema de diversas canções imortais. O cinema não fica atrás.

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Existem romancistas extremamente adaptáveis ao cinema. De fato, é muito sabido que diversos autores já criam suas obras literárias pensando na adaptação ao cinema ou TV, e visualizando as páginas como um roteiro. Não sei se este é propriamente o caso do escritor Nick Hornby, mas sem dúvida seus textos já ganharam as telonas por diversas ocasiões. Alta Fidelidade (2000) e Um Grande Garoto (2002) estão entre os mais famosos.

Juliet – Nua e Crua é a mais recente adaptação de um livro de Hornby, e aqui o artista reutiliza seus recorrentes temas: relacionamentos que chegam ao fim, reflexão existencial e aprofundamento de personagens – tudo interligado pela forte paixão musical, é claro.

Na trama do roteiro adaptado a três mãos por Jim Taylor (Sideways), Tamara Jenkins (A Família Savage) e Evgenia Peretz (O Idiota do Meu Irmão), vemos o relacionamento entre Duncan e Annie ruir como uma redoma de vidro. Passada na Inglaterra, a história traz o irlandês Chris O´Dowd (Missão Madrinha de Casamento) e a australiana Rose Byrne (A Espiã que Sabia de Menos) na pele do casal principal. Bem, isso é, até ele se desestruturar.

O lance é que Duncan (O´Dowd) só cresce em sua obsessão pelo cantor Tucker Crowe, lendário músico de canções pop/rock românticas desaparecido dos holofotes há décadas. Como todo fã fiel, o sujeito idolatra seu objeto de afeto, chegando ao ponto de ter em sua casa com a companheira Annie (Byrne), um porão com uma espécie de santuário para o artista, além de administrar um site sobre o sujeito, no qual grava resenhas sobre suas músicas e álbuns. Essa entrega só aumenta a frustração de sua parceira, que começa a perceber a deficiência que o relacionamento exibe em outras áreas.

A distinção de opiniões em relação ao ídolo do sujeito termina por afastá-los, jogando-os diretamente nos braços de terceiros. Novidades estas que preenchem as lacunas necessárias neste ponto de suas vidas. A guinada no roteiro, no entanto, chega quando Annie acidentalmente conhece online e começa a se comunicar, gerando logo após uma relação, com o verdadeiro Tucker Crowe, papel do indicado ao Oscar Ethan Hawke. Crowe, hoje um astro em decadência, busca exatamente a fuga de quem foi no passado, se desassociando por completo de falsas idolatrias e enfatizando o que sempre negligenciou, a família.

Juliet, Nua e Crua é um filme singelo e agridoce, dono de bastante insight sobre relacionamentos e frustrações, além de um forte estudo de personagem e fama. Dirigido por Jesse Peretz, irmão da roteirista Evgenia, o longa mescla bem a melancolia que permeia toda a projeção com momentos voltados ao típico humor britânico seco. A transição de tonalidades – algo bem difícil de se concluir – é uma das maiores conquistas da obra. Drama, comédia e romance transitam pelas cenas e atitudes dos personagens, comandadas com rigor pelo cineasta Peretz.

No terreno das atuações é Rose Byrne quem mais brilha, deixando fluir sua desconfortável personagem protagonista. Byrne é uma grande intérprete, ainda muito subjugada, e aqui entrega outra performance única em sua carreira, demonstrando o tamanho de sua abrangência cênica. Hawke e O´Dowd chegam junto, seguindo de perto a deixa. Acima de tudo, Juliet – Nua e Crua fala sobre segundas chances e redescobertas, quando achamos que nossas vidas irão seguir por um caminho premeditado e sem escapatória, principalmente em uma fase na qual as expectativas não estão em alta e o leque de possibilidades não é mais tão amplo. A música sempre usou a desilusão como tema de diversas canções imortais. O cinema não fica atrás.

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