sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Legado Explosivo – Liam Neeson é ‘ladrão honesto’ em ação sem gás

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Ladrão que rouba Ladrão…

Transformado em herói de ação aos quase 60 anos de idade, o irlandês Liam Neeson, indicado ao Oscar por A Lista de Schindler (1993), vem constantemente explorando esta nova faceta descoberta – e variavelmente intercalando com projetos mais sérios e dramáticos, vide os recentes Nosso Amor (2019) e Made in Italy (2020). Aqui, porém, recaímos no primeiro item citado. E devemos acrescentar, um dos menos inspirados.

O astro viu sua popularidade despencar após declarações controversas em uma entrevista, interpretadas como racistas, e talvez por isso tenha aceitado voltar aos filmes de ação, mesmo tendo afirmado que Vingança a Sangue-Frio (2019) – um dos melhores de seu acervo no gênero – seria seu último do tipo. Neeson já tem inclusive mais dois engatilhados para 2021: The Marksman, no qual interpreta um rancheiro, e The Ice Road, onde vive um resgatista no gelo.



Você provavelmente já viu esta história e, dependendo do seu nível de cinefilia, em produções melhores. No filme, Neeson interpreta um exímio ladrão de bancos – do tipo que não anda armado e mal encontra uma alma viva sequer em seus roubos. A mídia até mesmo bolou um apelido “carinhoso” para ele em suas façanhas. Mas aí o sujeito conhece uma bela mulher, papel de Kate Walsh (atriz veterana da TV, famosa por seriados como Grey’s Anatomy e seu derivado Private Practice), e decide largar a vida de crimes.

Até aí tudo bem, e a história é até bonitinha. A trama se complica quando ao decidir entregar o dinheiro que roubou ao longo de sua jornada errática (algo em torno de US$9 milhões), dois policiais designados ao caso crescem o olho na bolada e decidem pegar a grana. No caminho terminam matando um superior e, claro, incriminam o protagonista fora da lei. Os corruptos são interpretados por Jai Courteney, do vindouro O Esquadrão Suicida, e Anthony Ramos, do vindouro Em um Bairro em Nova York.

Assim, se inicia a epopeia do ‘ladrão bonzinho’ (que só queria se entregar para a polícia) para limpar seu nome de crimes mais graves que não cometeu, enquanto é caçado (e também caça) pelos agentes sujos, com direito a pancadaria, tiros, sopapos, perseguições de carro, explosões, mortes, colisões e a tudo que nos acostumamos nestes veículos do astro. O maior mistério do filme, no entanto, é descobrir por que ‘Honest Thief’, título original do longa (literalmente ‘Ladrão Honesto’) se tornou Legado Explosivo no Brasil. Acho que é mais chamativo para os fãs do ator em nosso país, apesar de não fazer muito sentido para o roteiro.

É difícil desassociar a sensação de Super Cine que o filme traz – e de uma exibição fraca diga-se. O ar de ‘lançamento em vídeo’ vem servido por um roteiro pouco inspirado, no qual sabemos após a primeira guinada por quais caminhos o filme irá seguir a cada cena. E até mesmo podemos presumir cada solução até o desfecho com bastante facilidade, sobrando pouquíssima novidade para o espectador degustar. É claro, se você não se incomoda com isso, não será problema.

Os melhores filmes de Liam Neeson no gênero são os dirigidos pelo espanhol Jaume Collet-Serra, que além da ação, entregam também um alto nível de suspense, sempre donos de tramas inventivas e novas perspectivas para tal tipo de produção. Aqui, temos no roteiro e direção uma equipe sem muita tarimba, e daí o resultado genérico. No texto, Steve Allrich vem de produções B, sendo este seu maior trabalho até o momento. E no comando, Mark Williams se arrisca em seu segundo longa na função, ele é na verdade mais conhecido como produtor (do filme O Contador e da série Ozark).

Embora não comprometam cem por cento o resultado – Legado Explosivo não é nem de longe um filme ruim ou incompetente, apenas extremamente formulaico (o que para muitos já é sinal de falta de qualidade) -, os realizadores são capazes de entregar apenas o feijão com arroz, e sem muito tempero, já que o prato tipicamente nacional pode ser uma refeição bastante apetitosa. O maior êxito de Legado Explosivo foi fazer bom uso da pandemia, quando ninguém está indo aos cinemas, e ter conseguido se manter por duas semanas consecutivas no topo das bilheterias como o filme mais assistido nos EUA em meados de outubro passado. Resta saber se repetirá o feito por aqui.

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O astro viu sua popularidade despencar após declarações controversas em uma entrevista, interpretadas como racistas, e talvez por isso tenha aceitado voltar aos filmes de ação, mesmo tendo afirmado que Vingança a Sangue-Frio (2019) – um dos melhores de seu acervo no gênero – seria seu último do tipo. Neeson já tem inclusive mais dois engatilhados para 2021: The Marksman, no qual interpreta um rancheiro, e The Ice Road, onde vive um resgatista no gelo.

Você provavelmente já viu esta história e, dependendo do seu nível de cinefilia, em produções melhores. No filme, Neeson interpreta um exímio ladrão de bancos – do tipo que não anda armado e mal encontra uma alma viva sequer em seus roubos. A mídia até mesmo bolou um apelido “carinhoso” para ele em suas façanhas. Mas aí o sujeito conhece uma bela mulher, papel de Kate Walsh (atriz veterana da TV, famosa por seriados como Grey’s Anatomy e seu derivado Private Practice), e decide largar a vida de crimes.

Até aí tudo bem, e a história é até bonitinha. A trama se complica quando ao decidir entregar o dinheiro que roubou ao longo de sua jornada errática (algo em torno de US$9 milhões), dois policiais designados ao caso crescem o olho na bolada e decidem pegar a grana. No caminho terminam matando um superior e, claro, incriminam o protagonista fora da lei. Os corruptos são interpretados por Jai Courteney, do vindouro O Esquadrão Suicida, e Anthony Ramos, do vindouro Em um Bairro em Nova York.

Assim, se inicia a epopeia do ‘ladrão bonzinho’ (que só queria se entregar para a polícia) para limpar seu nome de crimes mais graves que não cometeu, enquanto é caçado (e também caça) pelos agentes sujos, com direito a pancadaria, tiros, sopapos, perseguições de carro, explosões, mortes, colisões e a tudo que nos acostumamos nestes veículos do astro. O maior mistério do filme, no entanto, é descobrir por que ‘Honest Thief’, título original do longa (literalmente ‘Ladrão Honesto’) se tornou Legado Explosivo no Brasil. Acho que é mais chamativo para os fãs do ator em nosso país, apesar de não fazer muito sentido para o roteiro.

É difícil desassociar a sensação de Super Cine que o filme traz – e de uma exibição fraca diga-se. O ar de ‘lançamento em vídeo’ vem servido por um roteiro pouco inspirado, no qual sabemos após a primeira guinada por quais caminhos o filme irá seguir a cada cena. E até mesmo podemos presumir cada solução até o desfecho com bastante facilidade, sobrando pouquíssima novidade para o espectador degustar. É claro, se você não se incomoda com isso, não será problema.

Os melhores filmes de Liam Neeson no gênero são os dirigidos pelo espanhol Jaume Collet-Serra, que além da ação, entregam também um alto nível de suspense, sempre donos de tramas inventivas e novas perspectivas para tal tipo de produção. Aqui, temos no roteiro e direção uma equipe sem muita tarimba, e daí o resultado genérico. No texto, Steve Allrich vem de produções B, sendo este seu maior trabalho até o momento. E no comando, Mark Williams se arrisca em seu segundo longa na função, ele é na verdade mais conhecido como produtor (do filme O Contador e da série Ozark).

Embora não comprometam cem por cento o resultado – Legado Explosivo não é nem de longe um filme ruim ou incompetente, apenas extremamente formulaico (o que para muitos já é sinal de falta de qualidade) -, os realizadores são capazes de entregar apenas o feijão com arroz, e sem muito tempero, já que o prato tipicamente nacional pode ser uma refeição bastante apetitosa. O maior êxito de Legado Explosivo foi fazer bom uso da pandemia, quando ninguém está indo aos cinemas, e ter conseguido se manter por duas semanas consecutivas no topo das bilheterias como o filme mais assistido nos EUA em meados de outubro passado. Resta saber se repetirá o feito por aqui.

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