domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder – Filme resgata o supergrupo e ENTERRA o passado

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Aguardado projeto traz nova vida a um filme já esquecido

Independente da mídia ou situação, contexto é algo muito importante e que faz toda a diferença no mundo. Em situações do cotidiano um contexto mau explicado ou ausente pode gerar situações de atrito até violentas; é a chance de se contextualizar algo que torna o diálogo como uma opção a ser sempre buscada quando se quer evitar um confronto. É assim na vida e é assim no cinema.



Uma vez que o audiovisual é muito sobre contar uma história, é a comunicação entre um artista e seu público, ele está sempre sujeito a sofrer ruídos nessa interação; a ter a contextualização de sua mensagem modificada. O cinema não é novo ao lançamento de vários cortes de um determinado filme os quais servem para entregar de forma mais nítida possível a visão do diretor que, por qualquer que tenha sido o motivo, não foi completamente executada na versão que foi para a telona.

O caso mais famoso, sem dúvida, é Blade Runner que teve desde o seu lançamento em 1982 sete versões diferentes até chegar em uma considerada definitiva, mas várias outras produções passaram pela mesma turbulência tais como O Exorcista, Metrópolis e o tão em alta Liga da Justiça de Zack Snyder

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O tão esperado corte do diretor finalmente está disponível

A produção do primeiro grande crossover da DC Comics foi marcada por diversos atritos entre o diretor e o estúdio, resultando em uma versão lançada para os cinemas que carecia de conexões entre o que Snyder originalmente deixou e o que foi inserido posteriormente pelo estúdio e por Joss Whedon. Correndo por fora houve todo o contexto da tragédia pessoal pela qual o diretor passou e que foi o motivo definitivo dele ter sido afastado do projeto.

De qualquer forma o filme lançado em 2017, após um prazo curtíssimo para reshoots, era visivelmente um produto que representava uma visão adaptada às tendências do mercado então, analisadas pelo estúdio, de adaptações de quadrinhos; isso sendo para o bem ou para o mal. Já no caso da Liga da Justiça de Zack Snyder o que se tem disponível é unicamente a versão do cineasta sem amarras do estúdio ou do temor de baixa bilheteria.

Essa liberdade criativa se torna perfeitamente visível logo de início quando é notado o tempo de exibição da película. A marca considerável de quatro horas de duração, duas a mais do que a versão de 2017, de início intimida automaticamente. Entretanto, já nos primeiros momentos é possível notar o porque dessa escolha. Tudo acaba voltando para o esforço de Snyder em contextualizar a história, em inseri-la no universo iniciado em Homem de Aço e torná-la uma sequência direta de Batman vs Superman.

O novo filme dialoga diretamente com os filmes anteriores

Como parte dessa estrutura ambiciosa de duração é adotado o recurso de cards contendo títulos quando termina uma parte e outra se inicia. São ao todo seis “capítulos”, por assim dizer, que compartimentalizam as quatro horas mencionadas. Essa adição é muito bem vinda para aqueles que podem sentir o ritmo do filme em algum momento e, para a obra em si, eles tem uma função muito bem vinda de apresentação e, mais uma vez , contextualização.

Três dos personagens principais do filme já tiveram apresentações e desenvolvimentos mais ou menos satisfatórios antes de Liga da Justiça de Zack Snyder. Superman teve sua introdução em Homem de Aço e construção de personagem no Batman vs Superman; Batman teve uma introdução no mencionado crossover que pelo menos contextualizou essa versão mais sisuda do vigilante (faltando um filme solo para de fato estudar melhor sua persona) e a Mulher Maravilha teve sua introdução em BvS além de uma aventura solo.

Flash, Ciborgue e Aquaman (visto que o filme foi produzido antes de sua aventura solo), porém, não tiveram tal apresentação anterior. Dessa maneira, ao “quebrar” o ritmo do filme em seis capítulos, Snyder gerou uma ferramenta interessante de, no limite de tempo designado para cada um deles, apresentar esses novos personagens, contextualizar o momento de vida em que eles se encontram no início da aventura (e principalmente como esses momentos influenciam em suas reações naturais ao recrutamento do Batman e Mulher Maravilha para formar a Liga) e guiar a situação de modo que o “chamado da aventura” os coloque ativamente na trama.

Deles o mais aprofundado é sem sombra de dúvidas o Ciborgue de Ray Fisher, aqui apresentado como uma atualização do mito do monstro de Frankenstein. O personagem constantemente exala a disputa interna pelo qual ele atravessa entre manter sua humanidade (e isso implica a difícil tarefa de resolver as diferenças com seu pai) ou abraçar o lado máquina diretamente conectado à ameaça das Caixas Maternas.

Ciborgue e seu drama pessoal tem papel essencial na trama

Ainda sobre personagens não dá para deixar de mencionar o Lobo da Estepe. Um dos elementos mais polêmicos da obra de 2017 tanto pelo visual digital, que não inspirava a sensação de ameaça, como pela absoluta ausência de uma motivação convincente para sua busca pelas Caixas Maternas, aqui ele recebe (porque como dito todo esse corte é sobre isso) uma contextualização mais eficiente.

Quando ele não surge em algum local para enfrentar amazonas ou atlantes, ele tem esses momentos muito interessantes com Desaad (um dos membros mais leais da corte de Darkseid) no qual ele utiliza um monólito para se comunicar. São nesses diálogos, ausentes na versão anterior, que exteriorizam a motivação particular do Lobo da Estepe em voltar às graças do senhor de Apokolips não importa o preço que ele tenha que pagar.

É importante ressaltar que o personagem continua sendo um monstro de CGI que tem a função de ser uma ameaça muito mais física para a Liga do que intelectual ou pessoal. O melhor refinamento de suas motivações também não chega a ser um estudo de personagem digno de Coringa (2019) mas é o suficiente para, ao menos, estabelecer quem ele é e porque ele está na trama. Além, claro, de conceder uma introdução aos personagens do Quarto Mundo (os chamados Novos Deuses) para o vindouro filme de Ava DuVernay.

Lobo da Estepe está em sua própria jornada pessoal também

Outra coisa interessante de se ressaltar sobre os personagens em geral é como a trilha sonora do filme tem um papel bem ativo em exteriorizar o sentimento de cada um deles em determinada circunstância ou até mesmo de conceder um tom verdadeiramente épico à crescente do roteiro. A atenção ao poder da música já é algo recorrente nos filmes da DCEU, Hans Zimmer foi o maestro dos dois primeiros filmes desse universo compartilhado, tendo estabelecido o tema principal da trindade nessas obras iniciais.

No corte de Zack Snyder é o Junkie XL (Tom Holkenborg) quem assume o comando da música. Ele já havia auxiliado Zimmer em BvS e aqui ele entrega um trabalho com verdadeira personalidade. Ao contrário do desempenho pífio de Danny Elfman em 2017, Holkenborg mescla a trilha orquestral de seu colaborador (como a música tema do Superman apresentada em Homem de Aço ou a da Mulher Maravilha em BvS dentre outras) com inéditas composições cantadas. Essas em particular tem o efeito de gerar justamente a construção de sensação épica pretendida por Snyder, visto que esses tipos de música tem clássicas identificações com esse tipo de escala.

A trilha pesada então tende a surgir nos momentos mais grandiosos do roteiro, como o flashback da primeira luta entre os terráqueos e o exército de Darkseid ou nas visões do futuro pós-apocalíptico, enquanto que as mais lentas guiam os momentos de reflexão no tempo presente. 

Em termos de fotografia o corte do diretor também tenta se diferenciar bastante da versão prévia. Aqui o diretor de fotografia, Fabian Wagner, se esforça para entregar uma paleta de cores bem dessaturada justamente para se opor às cores mais vivas do corte dos cinemas. Ao mesmo tempo que isso fica de acordo com a filmografia do próprio Snyder em trabalhar com esse tipo de cor mais estável, também evoca trabalhos prévios de Wagner como em Game of Thrones. Ainda assim, seu trabalho se mostra não tão variado quanto o que Larry Fong apresentou em BvS e Watchmen.

Fabian Wagner rearranja o sistema de coloração do corte

A narrativa em si mantém a mesma base de história do filme de 2017 (que teve inspiração na Liga da Justiça dos Novos 52) . É mantida toda a busca do Lobo da Estepe pelas caixas maternas, a sombra dessa invasão como um motor que move o recrutamento dos heróis e eventualmente leva ao retorno do Superman. O que difere é que a inserção de novas cenas, tanto individuais quanto coletivas, conferem uma sensação maior não só de tridimensionalidade aos heróis e vilão mas também a ideia de que eles são uma equipe, com todos os seus prós e contras.

E claro tem as sequências de pesadelo, o famoso Knightmare, proposto ainda em Batman vs Superman como um futuro possível em que o Superman perdeu a humanidade e governa o que restou da Terra com punho de ferro (numa alusão evidente à Injustice). Elas surgem em momentos bem específicos do enredo, nota-se que a inserção delas não foi tão seca e abrupta como em BvS, e são graças a elas que o espectador tem um vislumbre melhor da ameaça que é Darkseid (além de conferir participações ilustres de outros personagens da DC Comics).

Entretanto, vários momentos do filme de 2017 estão presentes aqui, mostrando que esse não é um filme completamente novo, e nem deve ser encarado dessa forma, mas uma nova contextualização muito mais fiel à visão do diretor. Nota-se uma diminuição evidente nas cenas cômicas e a retirada de outras tidas como mais embaraçosas e ofensivas, estas se provando como encomendadas pelo estúdio.

Apesar da mesma história, algumas cenas ganham nova interpretação com materiais adicionados

Liga da Justiça de Zack Snyder se propõe a ser um épico, desde sua premissa inspirada em Os Sete Samurais de Akira Kurosawa até seu clímax envolvendo a luta entre os heróis e o Lobo da Estepe e, nesse meio tempo, a exposição dos perigos futuros do Knightmare. Ao mesmo tempo, ele aproveita os momentos de tranquilidade para trabalhar pessoalmente seus personagens (cuja maioria carece de não ter tido aventuras solo prévias) elevando a escala do drama pessoal também de personagens secundários, como a Lois Lane e Silas Stone. Suas quatro horas de duração, portanto, mostram-se quase que uma corrida contra o tempo do diretor para conduzir todos esses objetivos rumo a uma conclusão.

É válido dizer que ele de fato entrega uma experiência muito mais completa que a de 2017, com sequências de ação que acabam sendo elevadas por uma trilha sonora intensa combinadas à tentativas de fazer o espectador entender e apoiar esses indivíduos; algo nem de longe proposto anteriormente. Dentro do microcosmo do DCEU, até que ele seja oficialmente terminado pela Warner, esse filme é sem dúvida um marco.

Por enquanto é impossível saber o caminho que será decidido para o DCEU após Liga da Justiça de Zack Snyder; se ele representa a morte definitiva ou uma segunda chance para esse universo compartilhado reviver e existir ao sol. O que dá para apontar é que ele contextualiza a visão do seu diretor para aqueles personagens e aquela história geral. Essa visão evidentemente é passível de críticas mas é dele, e inserir esse elemento em qualquer obra produzida é, acima de tudo, o objetivo final de qualquer artista.

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Uma vez que o audiovisual é muito sobre contar uma história, é a comunicação entre um artista e seu público, ele está sempre sujeito a sofrer ruídos nessa interação; a ter a contextualização de sua mensagem modificada. O cinema não é novo ao lançamento de vários cortes de um determinado filme os quais servem para entregar de forma mais nítida possível a visão do diretor que, por qualquer que tenha sido o motivo, não foi completamente executada na versão que foi para a telona.

O caso mais famoso, sem dúvida, é Blade Runner que teve desde o seu lançamento em 1982 sete versões diferentes até chegar em uma considerada definitiva, mas várias outras produções passaram pela mesma turbulência tais como O Exorcista, Metrópolis e o tão em alta Liga da Justiça de Zack Snyder

O tão esperado corte do diretor finalmente está disponível

A produção do primeiro grande crossover da DC Comics foi marcada por diversos atritos entre o diretor e o estúdio, resultando em uma versão lançada para os cinemas que carecia de conexões entre o que Snyder originalmente deixou e o que foi inserido posteriormente pelo estúdio e por Joss Whedon. Correndo por fora houve todo o contexto da tragédia pessoal pela qual o diretor passou e que foi o motivo definitivo dele ter sido afastado do projeto.

De qualquer forma o filme lançado em 2017, após um prazo curtíssimo para reshoots, era visivelmente um produto que representava uma visão adaptada às tendências do mercado então, analisadas pelo estúdio, de adaptações de quadrinhos; isso sendo para o bem ou para o mal. Já no caso da Liga da Justiça de Zack Snyder o que se tem disponível é unicamente a versão do cineasta sem amarras do estúdio ou do temor de baixa bilheteria.

Essa liberdade criativa se torna perfeitamente visível logo de início quando é notado o tempo de exibição da película. A marca considerável de quatro horas de duração, duas a mais do que a versão de 2017, de início intimida automaticamente. Entretanto, já nos primeiros momentos é possível notar o porque dessa escolha. Tudo acaba voltando para o esforço de Snyder em contextualizar a história, em inseri-la no universo iniciado em Homem de Aço e torná-la uma sequência direta de Batman vs Superman.

O novo filme dialoga diretamente com os filmes anteriores

Como parte dessa estrutura ambiciosa de duração é adotado o recurso de cards contendo títulos quando termina uma parte e outra se inicia. São ao todo seis “capítulos”, por assim dizer, que compartimentalizam as quatro horas mencionadas. Essa adição é muito bem vinda para aqueles que podem sentir o ritmo do filme em algum momento e, para a obra em si, eles tem uma função muito bem vinda de apresentação e, mais uma vez , contextualização.

Três dos personagens principais do filme já tiveram apresentações e desenvolvimentos mais ou menos satisfatórios antes de Liga da Justiça de Zack Snyder. Superman teve sua introdução em Homem de Aço e construção de personagem no Batman vs Superman; Batman teve uma introdução no mencionado crossover que pelo menos contextualizou essa versão mais sisuda do vigilante (faltando um filme solo para de fato estudar melhor sua persona) e a Mulher Maravilha teve sua introdução em BvS além de uma aventura solo.

Flash, Ciborgue e Aquaman (visto que o filme foi produzido antes de sua aventura solo), porém, não tiveram tal apresentação anterior. Dessa maneira, ao “quebrar” o ritmo do filme em seis capítulos, Snyder gerou uma ferramenta interessante de, no limite de tempo designado para cada um deles, apresentar esses novos personagens, contextualizar o momento de vida em que eles se encontram no início da aventura (e principalmente como esses momentos influenciam em suas reações naturais ao recrutamento do Batman e Mulher Maravilha para formar a Liga) e guiar a situação de modo que o “chamado da aventura” os coloque ativamente na trama.

Deles o mais aprofundado é sem sombra de dúvidas o Ciborgue de Ray Fisher, aqui apresentado como uma atualização do mito do monstro de Frankenstein. O personagem constantemente exala a disputa interna pelo qual ele atravessa entre manter sua humanidade (e isso implica a difícil tarefa de resolver as diferenças com seu pai) ou abraçar o lado máquina diretamente conectado à ameaça das Caixas Maternas.

Ciborgue e seu drama pessoal tem papel essencial na trama

Ainda sobre personagens não dá para deixar de mencionar o Lobo da Estepe. Um dos elementos mais polêmicos da obra de 2017 tanto pelo visual digital, que não inspirava a sensação de ameaça, como pela absoluta ausência de uma motivação convincente para sua busca pelas Caixas Maternas, aqui ele recebe (porque como dito todo esse corte é sobre isso) uma contextualização mais eficiente.

Quando ele não surge em algum local para enfrentar amazonas ou atlantes, ele tem esses momentos muito interessantes com Desaad (um dos membros mais leais da corte de Darkseid) no qual ele utiliza um monólito para se comunicar. São nesses diálogos, ausentes na versão anterior, que exteriorizam a motivação particular do Lobo da Estepe em voltar às graças do senhor de Apokolips não importa o preço que ele tenha que pagar.

É importante ressaltar que o personagem continua sendo um monstro de CGI que tem a função de ser uma ameaça muito mais física para a Liga do que intelectual ou pessoal. O melhor refinamento de suas motivações também não chega a ser um estudo de personagem digno de Coringa (2019) mas é o suficiente para, ao menos, estabelecer quem ele é e porque ele está na trama. Além, claro, de conceder uma introdução aos personagens do Quarto Mundo (os chamados Novos Deuses) para o vindouro filme de Ava DuVernay.

Lobo da Estepe está em sua própria jornada pessoal também

Outra coisa interessante de se ressaltar sobre os personagens em geral é como a trilha sonora do filme tem um papel bem ativo em exteriorizar o sentimento de cada um deles em determinada circunstância ou até mesmo de conceder um tom verdadeiramente épico à crescente do roteiro. A atenção ao poder da música já é algo recorrente nos filmes da DCEU, Hans Zimmer foi o maestro dos dois primeiros filmes desse universo compartilhado, tendo estabelecido o tema principal da trindade nessas obras iniciais.

No corte de Zack Snyder é o Junkie XL (Tom Holkenborg) quem assume o comando da música. Ele já havia auxiliado Zimmer em BvS e aqui ele entrega um trabalho com verdadeira personalidade. Ao contrário do desempenho pífio de Danny Elfman em 2017, Holkenborg mescla a trilha orquestral de seu colaborador (como a música tema do Superman apresentada em Homem de Aço ou a da Mulher Maravilha em BvS dentre outras) com inéditas composições cantadas. Essas em particular tem o efeito de gerar justamente a construção de sensação épica pretendida por Snyder, visto que esses tipos de música tem clássicas identificações com esse tipo de escala.

A trilha pesada então tende a surgir nos momentos mais grandiosos do roteiro, como o flashback da primeira luta entre os terráqueos e o exército de Darkseid ou nas visões do futuro pós-apocalíptico, enquanto que as mais lentas guiam os momentos de reflexão no tempo presente. 

Em termos de fotografia o corte do diretor também tenta se diferenciar bastante da versão prévia. Aqui o diretor de fotografia, Fabian Wagner, se esforça para entregar uma paleta de cores bem dessaturada justamente para se opor às cores mais vivas do corte dos cinemas. Ao mesmo tempo que isso fica de acordo com a filmografia do próprio Snyder em trabalhar com esse tipo de cor mais estável, também evoca trabalhos prévios de Wagner como em Game of Thrones. Ainda assim, seu trabalho se mostra não tão variado quanto o que Larry Fong apresentou em BvS e Watchmen.

Fabian Wagner rearranja o sistema de coloração do corte

A narrativa em si mantém a mesma base de história do filme de 2017 (que teve inspiração na Liga da Justiça dos Novos 52) . É mantida toda a busca do Lobo da Estepe pelas caixas maternas, a sombra dessa invasão como um motor que move o recrutamento dos heróis e eventualmente leva ao retorno do Superman. O que difere é que a inserção de novas cenas, tanto individuais quanto coletivas, conferem uma sensação maior não só de tridimensionalidade aos heróis e vilão mas também a ideia de que eles são uma equipe, com todos os seus prós e contras.

E claro tem as sequências de pesadelo, o famoso Knightmare, proposto ainda em Batman vs Superman como um futuro possível em que o Superman perdeu a humanidade e governa o que restou da Terra com punho de ferro (numa alusão evidente à Injustice). Elas surgem em momentos bem específicos do enredo, nota-se que a inserção delas não foi tão seca e abrupta como em BvS, e são graças a elas que o espectador tem um vislumbre melhor da ameaça que é Darkseid (além de conferir participações ilustres de outros personagens da DC Comics).

Entretanto, vários momentos do filme de 2017 estão presentes aqui, mostrando que esse não é um filme completamente novo, e nem deve ser encarado dessa forma, mas uma nova contextualização muito mais fiel à visão do diretor. Nota-se uma diminuição evidente nas cenas cômicas e a retirada de outras tidas como mais embaraçosas e ofensivas, estas se provando como encomendadas pelo estúdio.

Apesar da mesma história, algumas cenas ganham nova interpretação com materiais adicionados

Liga da Justiça de Zack Snyder se propõe a ser um épico, desde sua premissa inspirada em Os Sete Samurais de Akira Kurosawa até seu clímax envolvendo a luta entre os heróis e o Lobo da Estepe e, nesse meio tempo, a exposição dos perigos futuros do Knightmare. Ao mesmo tempo, ele aproveita os momentos de tranquilidade para trabalhar pessoalmente seus personagens (cuja maioria carece de não ter tido aventuras solo prévias) elevando a escala do drama pessoal também de personagens secundários, como a Lois Lane e Silas Stone. Suas quatro horas de duração, portanto, mostram-se quase que uma corrida contra o tempo do diretor para conduzir todos esses objetivos rumo a uma conclusão.

É válido dizer que ele de fato entrega uma experiência muito mais completa que a de 2017, com sequências de ação que acabam sendo elevadas por uma trilha sonora intensa combinadas à tentativas de fazer o espectador entender e apoiar esses indivíduos; algo nem de longe proposto anteriormente. Dentro do microcosmo do DCEU, até que ele seja oficialmente terminado pela Warner, esse filme é sem dúvida um marco.

Por enquanto é impossível saber o caminho que será decidido para o DCEU após Liga da Justiça de Zack Snyder; se ele representa a morte definitiva ou uma segunda chance para esse universo compartilhado reviver e existir ao sol. O que dá para apontar é que ele contextualiza a visão do seu diretor para aqueles personagens e aquela história geral. Essa visão evidentemente é passível de críticas mas é dele, e inserir esse elemento em qualquer obra produzida é, acima de tudo, o objetivo final de qualquer artista.

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