terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Little Birds – Série original Starzplay adapta famosas histórias eróticas de Anaïs Nin

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Anaïs Nin foi uma importante escritora francesa, que, numa época em que as mulheres ainda tinham muito dos seus direitos e liberdades restringidas, ela escreveu e publicou textos de literatura erótica. Uma mulher escrevendo poemas e textos eróticos em pleno anos 1950 – isso atraiu leitores e polêmicas, que acabaram eternizando seu trabalho mundialmente. Autora adaptada para filmes como ‘Henry e June: Delírios Eróticos’ (1990) e ‘Delta de Vênus’ (1995), o trabalho da autora francesa ganha agora mais uma versão cinematográfica: a série ‘Little Birds’, uma produção original da plataforma Starzplay.

Lucy Cavendish-Smyth (Juno Temple) é uma jovem estadunidense cujo pai a negociou para casar-se com Hugo Cavendish-Smyth (Hugh Skinner), um rapaz que ela mal conhece e que vive no Tânger, cidade portuária do Marrocos ocupada pela controle francês, inglês, estadunidense, belga, português, holandês, espanhol e da União Soviética (países que assinaram acordo em 1925 para administração conjunta da cidade, livre de impostos). Ao chegar na cidade, Lucy descobre que o Tânger é um turbilhão vertiginoso de culturas, cores, sabores e cheia de possibilidades sexuais. E essa sensação se intensifica depois que ela conhece a prostituta Cherifa (Yumna Marwan), a cantora Lili von X (Nina Sosanya) e o dono do bar, Adham (Raphael Acloque), melhor amigo de seu marido.

Little Birds’ é uma super luxuosa produção, com tomadas externas caríssimas e uma dedicada construção de cenários que reproduzam a estética e a ambientação do ano 1955 numa cidade árabe com intensa influência de muitos países europeus às vésperas de sua independência. Em seis episódios de cerca de cinquenta minutos, a série consegue transportar o espectador para um universo eufórico e hipnotizante bem próximo do olhar da protagonista Lucy, uma passarinha inocente que é colocada no meio desse mundo colorido e todo novo.

Iluminada por cores fortes e intensas – que retratam a plasticidade de um local “exótico”, balanceada pela sensualidade dos tons rosa, azul e roxo –, ‘Little Birds’ consegue adaptar uma história erótica sem torná-la vulgar. Escrito por Sophia Al-Maria, o roteiro equilibra as descobertas de Lucy ao novo mundo, com os muitos fetiches dos franceses e ingleses daquela região – que ao mesmo tempo que disputam o controle da cidade, revelam predileções sexuais bem pouco ortodoxos. Na evolução da trama, os diálogos afiados e profundos induzem o enredo a provocar as expectativas do espectador – tudo isso embalado por uma trilha sonora contagiante, dessas que faz a gente querer descobrir o nome das músicas no Shazam.

Dirigido por Stacie Passon (que deu entrevista exclusiva ao CinePOP aqui sobre seu outro filme disponível nos streamings brasileiros, ‘Os Segredos do Castelo’), a série é uma boa aposta para quem está buscando novas opções para além do óbvio das plataformas de streaming. ‘Little Birds’ é esteticamente linda, com um sabor picante envolvente e abre o leque das possibilidades de narrativas eróticas na ficção cinematográfica.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Lucy Cavendish-Smyth (Juno Temple) é uma jovem estadunidense cujo pai a negociou para casar-se com Hugo Cavendish-Smyth (Hugh Skinner), um rapaz que ela mal conhece e que vive no Tânger, cidade portuária do Marrocos ocupada pela controle francês, inglês, estadunidense, belga, português, holandês, espanhol e da União Soviética (países que assinaram acordo em 1925 para administração conjunta da cidade, livre de impostos). Ao chegar na cidade, Lucy descobre que o Tânger é um turbilhão vertiginoso de culturas, cores, sabores e cheia de possibilidades sexuais. E essa sensação se intensifica depois que ela conhece a prostituta Cherifa (Yumna Marwan), a cantora Lili von X (Nina Sosanya) e o dono do bar, Adham (Raphael Acloque), melhor amigo de seu marido.

Little Birds’ é uma super luxuosa produção, com tomadas externas caríssimas e uma dedicada construção de cenários que reproduzam a estética e a ambientação do ano 1955 numa cidade árabe com intensa influência de muitos países europeus às vésperas de sua independência. Em seis episódios de cerca de cinquenta minutos, a série consegue transportar o espectador para um universo eufórico e hipnotizante bem próximo do olhar da protagonista Lucy, uma passarinha inocente que é colocada no meio desse mundo colorido e todo novo.

Iluminada por cores fortes e intensas – que retratam a plasticidade de um local “exótico”, balanceada pela sensualidade dos tons rosa, azul e roxo –, ‘Little Birds’ consegue adaptar uma história erótica sem torná-la vulgar. Escrito por Sophia Al-Maria, o roteiro equilibra as descobertas de Lucy ao novo mundo, com os muitos fetiches dos franceses e ingleses daquela região – que ao mesmo tempo que disputam o controle da cidade, revelam predileções sexuais bem pouco ortodoxos. Na evolução da trama, os diálogos afiados e profundos induzem o enredo a provocar as expectativas do espectador – tudo isso embalado por uma trilha sonora contagiante, dessas que faz a gente querer descobrir o nome das músicas no Shazam.

Dirigido por Stacie Passon (que deu entrevista exclusiva ao CinePOP aqui sobre seu outro filme disponível nos streamings brasileiros, ‘Os Segredos do Castelo’), a série é uma boa aposta para quem está buscando novas opções para além do óbvio das plataformas de streaming. ‘Little Birds’ é esteticamente linda, com um sabor picante envolvente e abre o leque das possibilidades de narrativas eróticas na ficção cinematográfica.

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