domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica ‘Loki’ | A série mais inconstante e importante do MCU até o momento

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA PODE TER SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu aos episódios de Loki, não leia esta matéria evitar saber informações relevantes sobre a trama.



Após mais de um mês com novos episódios sendo lançados todas as quartas, Loki chegou ao fim neste dia 14 com um episódio avassalador. Porém, infelizmente, esse não foi um elogio frequente para os episódios da série. Com episódios inconstantes, a produção se propôs a contar a história de Loki (Tom Hiddleston) após os eventos de uma linha alternativa mostrada em Vingadores: Ultimato (2019). No entanto, é curioso ver como esse episódio final salvou a temporada, que passou de uma história vazia com belo visual para uma peça chave no desenvolvimento do Universo Cinematográfico Marvel.

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Como dito anteriormente, não é que a série seja ruim, mas é a mais fraca das três apresentadas até o momento por não focar no básico: desenvolver sua própria história. O que é frustrante demais, já que a equipe criativa por trás do projeto é muito competente e conhecida por projetos inovadores, como a série Rick & Morty. Então, fica a dúvida se houve algum tipo de interferência criativa ou se eles não entenderam a diferença dos formatos. É que a série começa seus episódios construindo propostas muito interessantes, mas nunca as desenvolvem por completo. Quando parece que a história vai decolar, ela tem uma queda narrativa grande em prol de outro núcleo que não acrescenta tanto nem ao desenvolvimento da própria série, nem ao MCU.

O maior exemplo disso é o episódio das variantes do Loki. A forma como ele foi apresentado no capítulo anterior trazia a sensação de que seria algo mais voltado para o aprofundamento da própria personalidade do Loki que conhecemos por meio das variantes. Só que os momentos em que isso parecia começar a acontecer eram bruscamente interrompidos por uma brincadeira ou pelo desvio do foco para outro núcleo de personagens. Essa condução ficou meio perdida, tirando muito do impacto de um episódio que poderia ser memorável, mas que acabou virando assunto pela cena poderoso do Loki idoso de Richard E. Grant e pelas dezenas de easter eggs espalhados em tela. Pela capacidade da equipe criativa e pelo talento do elenco envolvido, é muito pouco se contentar com show de efeitos especiais e um punhado de referências. Isso funciona melhor em Rick & Morty por dois motivos:

1º- A série animada é uma paródia do gênero da ficção, então tudo bem brincar com elementos clichês de desenvolvimento ruim do gênero. Agora, se você brinca com um amontoado de clichês mal desenvolvidos em uma produção que se leva a sério, o efeito não é tão bom.

2º- Em Rick & Morty, a equipe criativa não parece estar limitada e trabalham as ideias com criatividade e ousadia. Esse episódio dos Lokis é emblemático justamente por isso. O potencial para explorar as incontáveis variantes era gigantesco, mas escolheram permanecer no básico. De novo, não é ruim, só é decepcionante pela forma como eles mesmo introduziram o capítulo.

Por conta desses problemas, o quinto e o terceiro episódio acabaram ficando com jeito de fillers – aqueles capítulos que não acrescentam muito à trama, mas que estão na série porque ela precisa preencher um certo número de episódios. No entanto, mesmo nesses episódios, o Loki de Tom Hiddleston e a Sylvie de Sophia Di Martino entregam alguns momentos interessantes, conduzidos principalmente pelo carisma e talento dos atores em questão. Curiosamente ou não, são nestes episódios que o agente Mobius M. Mobius (Owen Wilson) menos aparece. E esse incômodo causado pelos fillers pode parecer bobeira, mas é um problema porque dois episódios correspondem a 1/3 da série. É muita coisa. São aproximadamente duas horas que poderiam ser preenchidos com conteúdos memoráveis, épicos, como o que foi feito no quarto e no sexto episódio.

Agora que citamos os problemas, vamos falar sobre as coisas boas da série. O trio Loki, Mobius e Sylvie é fantástico. A relação de amizade disfuncional que se desenvolve entre Loki e o Agente Mobius nos primeiros episódios é de encher os olhos. Em muitas vezes, é essa química em cena que eles tem que segura um bom episódio. Posteriormente, com a chegada de Sylvie, a forma como eles mostram um(a) Loki se apaixonando por um versão de si é interessantíssima e combina perfeitamente com a personalidade egocêntrica do Deus da Trapaça, que termina a série mais próximo daquele Loki visto em Vingadores: Guerra Infinita (2018), que estava disposto a se sacrificar pelo irmão. Individualmente, esses três personagens funcionam muito bem também, sendo boas adições ao MCU. Já o núcleo da TVA, focado na juíza Ravonna Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) e na Caçadora B-15 (Wunmi Mosaku), fica devendo até por ficar sempre em segundo plano, resumindo sua participação a poucos minutos ao longo de toda a série.

Agora, se existe algo irretocável na série é o trabalho visual. Seja ele de caracterização de personagens, com figurino e maquiagem, ambientação ou uso de CGI, Loki é impecável. Desde o primeiro episódio, com a recriação de uma repartição pública – dando ares de anos 1970 – para representar a TVA, passando pelas épocas antigas, explorando os poderes visuais do velho Loki até chegar à representação do fluxo temporal, tudo que é mostrado é lindo e trabalhado nos mínimo detalhes. Sem dúvida alguma, Loki é uma das melhores produções já feitas pela Marvel, visualmente falando.

No final das contas, o maior valor de Loki se deu justamente por conta do último episódio. Se a série parecia não contribuir com muita coisa para o desenvolvimento do MCU, em Por Todo Tempo. Sempre., enfim vemos um episódio em que a produção mostra seu verdadeiro potencial, entregando um capítulo fantástico, bem desenvolvido e equilibrado, abrindo portas para o que poderemos esperar do Universo Cinematográfico Marvel nos próximos anos. Ele praticamente garante o Evento Nexus que vai sustentar mais da metade da Fase Quatro dos cinemas. Filmes como Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e talvez até mesmo Os Eternos serão diretamente afetados pelo capítulo final de Loki. E como não sabemos ainda o que esse evento poderá causar, qualquer filme do MCU está suscetível a ser influenciado por este season finale. E essa chegada de Kang, O Conquistador (Jonathan Majors) ao MCU pode ser considerada tão ou até mais importante quanto a vinda de Thanos (Josh Brolin) lá na pós-créditos de Os Vingadores (2012). Isso porque ele é um vilão poderosíssimo que vai causar problemas por muitos filmes ainda e deve ditar parte dos eventos dessa nova fase da Marvel.

Enfim, Loki não é uma série ruim, mas sofreu muito por não saber desenvolver e cumprir expectativas criadas pela própria construção de seus episódios. Isso acaba deixando o fluxo dos episódios inconstante, muito aquém do que poderia e deveria ser. Foi uma primeira temporada com muito potencial desperdiçado e com muito investimento na parte técnica, que realmente ficou impecável. Se não fosse o último episódio memorável, talvez toda a série caísse no esquecimento logo na semana seguinte. Porém, como encerrou bem com um gancho que garantirá muitos filmes no futuro, Loki terá uma segunda temporada para trazer uma produção 100% inspirada, como foram os episódios 4 e 6, em vez dessa montanha russa de altos e baixos que foi a primeira temporada.

Nota: 6

A primeira temporada de Loki está disponível no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Após mais de um mês com novos episódios sendo lançados todas as quartas, Loki chegou ao fim neste dia 14 com um episódio avassalador. Porém, infelizmente, esse não foi um elogio frequente para os episódios da série. Com episódios inconstantes, a produção se propôs a contar a história de Loki (Tom Hiddleston) após os eventos de uma linha alternativa mostrada em Vingadores: Ultimato (2019). No entanto, é curioso ver como esse episódio final salvou a temporada, que passou de uma história vazia com belo visual para uma peça chave no desenvolvimento do Universo Cinematográfico Marvel.

Como dito anteriormente, não é que a série seja ruim, mas é a mais fraca das três apresentadas até o momento por não focar no básico: desenvolver sua própria história. O que é frustrante demais, já que a equipe criativa por trás do projeto é muito competente e conhecida por projetos inovadores, como a série Rick & Morty. Então, fica a dúvida se houve algum tipo de interferência criativa ou se eles não entenderam a diferença dos formatos. É que a série começa seus episódios construindo propostas muito interessantes, mas nunca as desenvolvem por completo. Quando parece que a história vai decolar, ela tem uma queda narrativa grande em prol de outro núcleo que não acrescenta tanto nem ao desenvolvimento da própria série, nem ao MCU.

O maior exemplo disso é o episódio das variantes do Loki. A forma como ele foi apresentado no capítulo anterior trazia a sensação de que seria algo mais voltado para o aprofundamento da própria personalidade do Loki que conhecemos por meio das variantes. Só que os momentos em que isso parecia começar a acontecer eram bruscamente interrompidos por uma brincadeira ou pelo desvio do foco para outro núcleo de personagens. Essa condução ficou meio perdida, tirando muito do impacto de um episódio que poderia ser memorável, mas que acabou virando assunto pela cena poderoso do Loki idoso de Richard E. Grant e pelas dezenas de easter eggs espalhados em tela. Pela capacidade da equipe criativa e pelo talento do elenco envolvido, é muito pouco se contentar com show de efeitos especiais e um punhado de referências. Isso funciona melhor em Rick & Morty por dois motivos:

1º- A série animada é uma paródia do gênero da ficção, então tudo bem brincar com elementos clichês de desenvolvimento ruim do gênero. Agora, se você brinca com um amontoado de clichês mal desenvolvidos em uma produção que se leva a sério, o efeito não é tão bom.

2º- Em Rick & Morty, a equipe criativa não parece estar limitada e trabalham as ideias com criatividade e ousadia. Esse episódio dos Lokis é emblemático justamente por isso. O potencial para explorar as incontáveis variantes era gigantesco, mas escolheram permanecer no básico. De novo, não é ruim, só é decepcionante pela forma como eles mesmo introduziram o capítulo.

Por conta desses problemas, o quinto e o terceiro episódio acabaram ficando com jeito de fillers – aqueles capítulos que não acrescentam muito à trama, mas que estão na série porque ela precisa preencher um certo número de episódios. No entanto, mesmo nesses episódios, o Loki de Tom Hiddleston e a Sylvie de Sophia Di Martino entregam alguns momentos interessantes, conduzidos principalmente pelo carisma e talento dos atores em questão. Curiosamente ou não, são nestes episódios que o agente Mobius M. Mobius (Owen Wilson) menos aparece. E esse incômodo causado pelos fillers pode parecer bobeira, mas é um problema porque dois episódios correspondem a 1/3 da série. É muita coisa. São aproximadamente duas horas que poderiam ser preenchidos com conteúdos memoráveis, épicos, como o que foi feito no quarto e no sexto episódio.

Agora que citamos os problemas, vamos falar sobre as coisas boas da série. O trio Loki, Mobius e Sylvie é fantástico. A relação de amizade disfuncional que se desenvolve entre Loki e o Agente Mobius nos primeiros episódios é de encher os olhos. Em muitas vezes, é essa química em cena que eles tem que segura um bom episódio. Posteriormente, com a chegada de Sylvie, a forma como eles mostram um(a) Loki se apaixonando por um versão de si é interessantíssima e combina perfeitamente com a personalidade egocêntrica do Deus da Trapaça, que termina a série mais próximo daquele Loki visto em Vingadores: Guerra Infinita (2018), que estava disposto a se sacrificar pelo irmão. Individualmente, esses três personagens funcionam muito bem também, sendo boas adições ao MCU. Já o núcleo da TVA, focado na juíza Ravonna Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) e na Caçadora B-15 (Wunmi Mosaku), fica devendo até por ficar sempre em segundo plano, resumindo sua participação a poucos minutos ao longo de toda a série.

Agora, se existe algo irretocável na série é o trabalho visual. Seja ele de caracterização de personagens, com figurino e maquiagem, ambientação ou uso de CGI, Loki é impecável. Desde o primeiro episódio, com a recriação de uma repartição pública – dando ares de anos 1970 – para representar a TVA, passando pelas épocas antigas, explorando os poderes visuais do velho Loki até chegar à representação do fluxo temporal, tudo que é mostrado é lindo e trabalhado nos mínimo detalhes. Sem dúvida alguma, Loki é uma das melhores produções já feitas pela Marvel, visualmente falando.

No final das contas, o maior valor de Loki se deu justamente por conta do último episódio. Se a série parecia não contribuir com muita coisa para o desenvolvimento do MCU, em Por Todo Tempo. Sempre., enfim vemos um episódio em que a produção mostra seu verdadeiro potencial, entregando um capítulo fantástico, bem desenvolvido e equilibrado, abrindo portas para o que poderemos esperar do Universo Cinematográfico Marvel nos próximos anos. Ele praticamente garante o Evento Nexus que vai sustentar mais da metade da Fase Quatro dos cinemas. Filmes como Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e talvez até mesmo Os Eternos serão diretamente afetados pelo capítulo final de Loki. E como não sabemos ainda o que esse evento poderá causar, qualquer filme do MCU está suscetível a ser influenciado por este season finale. E essa chegada de Kang, O Conquistador (Jonathan Majors) ao MCU pode ser considerada tão ou até mais importante quanto a vinda de Thanos (Josh Brolin) lá na pós-créditos de Os Vingadores (2012). Isso porque ele é um vilão poderosíssimo que vai causar problemas por muitos filmes ainda e deve ditar parte dos eventos dessa nova fase da Marvel.

Enfim, Loki não é uma série ruim, mas sofreu muito por não saber desenvolver e cumprir expectativas criadas pela própria construção de seus episódios. Isso acaba deixando o fluxo dos episódios inconstante, muito aquém do que poderia e deveria ser. Foi uma primeira temporada com muito potencial desperdiçado e com muito investimento na parte técnica, que realmente ficou impecável. Se não fosse o último episódio memorável, talvez toda a série caísse no esquecimento logo na semana seguinte. Porém, como encerrou bem com um gancho que garantirá muitos filmes no futuro, Loki terá uma segunda temporada para trazer uma produção 100% inspirada, como foram os episódios 4 e 6, em vez dessa montanha russa de altos e baixos que foi a primeira temporada.

Nota: 6

A primeira temporada de Loki está disponível no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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