quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Macabro – Forte terror nacional sobre Necrofilia é baseado em História Real

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Nos anos 1990, uma notícia bizarra assustou a população brasileira: dois jovens irmãos foram acusados de assassinatos brutais na Serra dos Órgãos, ao norte do estado do Rio de Janeiro. Os dois ficaram conhecidos como os “Irmãos Necrófilos”, pois os cadáveres encontrados possuíam características de violação após a morte.

Partindo desse mote, o filme de Marcos Prado conta a história do sargento do BOPE Teo, que imprudentemente mata um rapaz que segurava uma furadeira durante uma operação em uma favela carioca (mais uma notícia real na qual o longa se inspira). Por causa disso, Teo (Renato Góes, em atuação um bocado inexpressiva) é afastado da capital e é destacado para investigar os crimes que estão ocorrendo na Região Serrana, pois é onde nasceu. Enquanto busca encontrar os suspeitos de crimes tão bizarros, Teo tem que enfrentar o seu próprio passado e conseguir pegar os criminosos para que sua ficha policial não fique manchada para sempre.



Ao longo de pouco mais de duas horas de filme o roteiro de Lucas Paraizo e Rita Gloria Curvo busca abordar diversos temas, sem decidir por qual deles enveredar. Então, o que prometia ser um filme intenso de terror acaba dando espaço para questionamentos sociais, sem, entretanto, sem aprofundá-los. Numa tentativa de abordar o tema do racismo, por exemplo, ‘Macabro’ acaba apenas inserindo este elemento, sem trabalhá-lo devidamente, o que resulta em cenas ambíguas – como a da perseguição de um dos irmãos pelo policial – que acabam remetendo à memória dolorosa dos tempos coloniais.

Como o longa foi filmado na Região Serrana carioca, não é surpresa que a fotografia de ‘Macabro’ seja seu ponto alto, com planos abertos de tirar o fôlego e cenas com cores tão vívidas que parecem saltar da tela. Parabéns à equipe de fotografia da Azul Serra e de aplicação de cor por ter alcançado tons tão vívidos no longa.

Enquanto terror, ‘Macabro’ consegue segurar um ou dois jump scares, mas não muito mais que isso. Algumas cenas podem ser mais chocantes para o espectador mais sensível, mostrando explicitamente os corpos descarnados em close up, embora as matanças em si não sejam evidenciadas. Ainda assim, essas cenas explícitas não são construídas, e sim colocadas, o que impede o crescimento da tensão no espectador.

Em seus altos e baixos, ‘Macabro’ é um filme interessante, um bom esforço para fincar o cinema de gênero nas telonas brasileiras, mas que poderia ter um resultado final mais assustador.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Partindo desse mote, o filme de Marcos Prado conta a história do sargento do BOPE Teo, que imprudentemente mata um rapaz que segurava uma furadeira durante uma operação em uma favela carioca (mais uma notícia real na qual o longa se inspira). Por causa disso, Teo (Renato Góes, em atuação um bocado inexpressiva) é afastado da capital e é destacado para investigar os crimes que estão ocorrendo na Região Serrana, pois é onde nasceu. Enquanto busca encontrar os suspeitos de crimes tão bizarros, Teo tem que enfrentar o seu próprio passado e conseguir pegar os criminosos para que sua ficha policial não fique manchada para sempre.

Ao longo de pouco mais de duas horas de filme o roteiro de Lucas Paraizo e Rita Gloria Curvo busca abordar diversos temas, sem decidir por qual deles enveredar. Então, o que prometia ser um filme intenso de terror acaba dando espaço para questionamentos sociais, sem, entretanto, sem aprofundá-los. Numa tentativa de abordar o tema do racismo, por exemplo, ‘Macabro’ acaba apenas inserindo este elemento, sem trabalhá-lo devidamente, o que resulta em cenas ambíguas – como a da perseguição de um dos irmãos pelo policial – que acabam remetendo à memória dolorosa dos tempos coloniais.

Como o longa foi filmado na Região Serrana carioca, não é surpresa que a fotografia de ‘Macabro’ seja seu ponto alto, com planos abertos de tirar o fôlego e cenas com cores tão vívidas que parecem saltar da tela. Parabéns à equipe de fotografia da Azul Serra e de aplicação de cor por ter alcançado tons tão vívidos no longa.

Enquanto terror, ‘Macabro’ consegue segurar um ou dois jump scares, mas não muito mais que isso. Algumas cenas podem ser mais chocantes para o espectador mais sensível, mostrando explicitamente os corpos descarnados em close up, embora as matanças em si não sejam evidenciadas. Ainda assim, essas cenas explícitas não são construídas, e sim colocadas, o que impede o crescimento da tensão no espectador.

Em seus altos e baixos, ‘Macabro’ é um filme interessante, um bom esforço para fincar o cinema de gênero nas telonas brasileiras, mas que poderia ter um resultado final mais assustador.

 

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