sexta-feira , 27 dezembro , 2024

Crítica | Mãe Só Tem Duas – Final da 3ª Temporada é Melhor do que Início

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É sempre uma aposta quando a gente começa a assistir a uma série: pode ser que o enredo entregue exatamente aquilo que propõe; com sorte, a história alcança as nossas expectativas pessoais. Mas não temos controle do que os roteiristas e os produtores vão inventar (taí ‘Game of Thrones’ que não nos deixa mentir), e, às vezes, ao longo do processo, sentimos que a história está dando voltas sem saber para onde ir, mas, nós, espectadores, já investimos tanto tempo assistindo a ela e já chegamos tão longe, que a única opção plausível nos parece ser seguir em frente. Essa é a sensação geral que deixa a terceira (e supostamente última) temporada da série mexicana ‘Mãe Só Tem Duas’.



Para tentar impedir o processo de pedido de guarda das bebês protocolado pelos seus ex-companheiros, Pablo (Javier Ponce) e Juan Carlos (Martín Altomaro), Ana (Ludwika Paleta, a eterna Maria Joaquina da versão original da novelinha ‘Carrossel’) e Mariana (Paulina Goto) decidiram, na frente de todo mundo, anunciar que a partir de agora eram um casal. Isso abalou suas famílias e também suas relações na empresa em que trabalhavam, conseguindo na perda do patrocínio de um importante projeto. Determinadas a ficar com suas filhas, Ana e Mariana vão sustentar essa mentira até o fim, mesmo que isso signifique para Mariana se afastar de seu novo crush e Ana acabe se distanciando de seu filho Rodrigo (Emilio Beltrán), que não aceita bem o fato de sua mãe agora ser lésbica.

Dividida em dez episódios de cerca de trinta minutos cada, a terceira temporada de ‘Mãe Só Tem Duas’ se diz a última, mas, a ver pelo seu final, fica uma grande brecha para mais uma continuação, pois, ainda que proponha certo encerramento para os personagens, também dá margem para que os núcleos se desenvolvam separadamente. Só que para chegar a esse final o roteiro de Valeria De León dá inúmeras voltas no mesmo quarteirão sem conseguir atravessar a rua. Quase metade da temporada é uma eterna repetição do quanto a mentira está sendo prejudicial por estarem enganando a família, aí o tempo todo as protagonistas estabelecem prazo para terminar, mas continuam na mesma; no meio do caminho, o roteiro levanta timidamente a bandeira LGBTQIAP+, com pautas como a hipocrisia escolar de se dizer inclusiva mas na verdade não ser, por causa das aparências e dos supostos bons costumes, ou (indiretamente) apontar a importância do pink money para que projetos de pessoas LGBTQIAP+ consigam ser executados.

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Criado por Carolina Rivera, a sensação é de que ‘Mãe Só Tem Duas’ começou com uma proposta bem legal, mas que, no meio do caminho, foi se perdendo muito, tentando agradar várias vontades e abraçar vários temas que não pareciam ser a proposta original de seus personagens, de modo que o que era para ser engraçado soa forçado e o que era para ser romance parece desconfortável.

Irregular, a terceira temporada de ‘Mãe Só Tem Duas’ começa perdida, mas oferece um final satisfatório para as três partes trazidas na Netflix, voltando às suas raízes, que era mostrar os direitos e as capacidades da mãe solo, independentemente de gênero, esteja ela com quem estiver e onde quiser estar.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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É sempre uma aposta quando a gente começa a assistir a uma série: pode ser que o enredo entregue exatamente aquilo que propõe; com sorte, a história alcança as nossas expectativas pessoais. Mas não temos controle do que os roteiristas e os produtores vão inventar (taí ‘Game of Thrones’ que não nos deixa mentir), e, às vezes, ao longo do processo, sentimos que a história está dando voltas sem saber para onde ir, mas, nós, espectadores, já investimos tanto tempo assistindo a ela e já chegamos tão longe, que a única opção plausível nos parece ser seguir em frente. Essa é a sensação geral que deixa a terceira (e supostamente última) temporada da série mexicana ‘Mãe Só Tem Duas’.

Para tentar impedir o processo de pedido de guarda das bebês protocolado pelos seus ex-companheiros, Pablo (Javier Ponce) e Juan Carlos (Martín Altomaro), Ana (Ludwika Paleta, a eterna Maria Joaquina da versão original da novelinha ‘Carrossel’) e Mariana (Paulina Goto) decidiram, na frente de todo mundo, anunciar que a partir de agora eram um casal. Isso abalou suas famílias e também suas relações na empresa em que trabalhavam, conseguindo na perda do patrocínio de um importante projeto. Determinadas a ficar com suas filhas, Ana e Mariana vão sustentar essa mentira até o fim, mesmo que isso signifique para Mariana se afastar de seu novo crush e Ana acabe se distanciando de seu filho Rodrigo (Emilio Beltrán), que não aceita bem o fato de sua mãe agora ser lésbica.

Dividida em dez episódios de cerca de trinta minutos cada, a terceira temporada de ‘Mãe Só Tem Duas’ se diz a última, mas, a ver pelo seu final, fica uma grande brecha para mais uma continuação, pois, ainda que proponha certo encerramento para os personagens, também dá margem para que os núcleos se desenvolvam separadamente. Só que para chegar a esse final o roteiro de Valeria De León dá inúmeras voltas no mesmo quarteirão sem conseguir atravessar a rua. Quase metade da temporada é uma eterna repetição do quanto a mentira está sendo prejudicial por estarem enganando a família, aí o tempo todo as protagonistas estabelecem prazo para terminar, mas continuam na mesma; no meio do caminho, o roteiro levanta timidamente a bandeira LGBTQIAP+, com pautas como a hipocrisia escolar de se dizer inclusiva mas na verdade não ser, por causa das aparências e dos supostos bons costumes, ou (indiretamente) apontar a importância do pink money para que projetos de pessoas LGBTQIAP+ consigam ser executados.

Criado por Carolina Rivera, a sensação é de que ‘Mãe Só Tem Duas’ começou com uma proposta bem legal, mas que, no meio do caminho, foi se perdendo muito, tentando agradar várias vontades e abraçar vários temas que não pareciam ser a proposta original de seus personagens, de modo que o que era para ser engraçado soa forçado e o que era para ser romance parece desconfortável.

Irregular, a terceira temporada de ‘Mãe Só Tem Duas’ começa perdida, mas oferece um final satisfatório para as três partes trazidas na Netflix, voltando às suas raízes, que era mostrar os direitos e as capacidades da mãe solo, independentemente de gênero, esteja ela com quem estiver e onde quiser estar.

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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