sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica | Making a Murderer, da Netflix

Making a Murderer – Fabricando uma Sofrência!

Demorei para começar a ver a série pelo natural: a velha desconfiança de que tudo que cai no gosto do povo tão rapidamente gera expectativas. Eu tinha medo de me decepcionar… Muito medo!

Levei bem mais que o tempo do primeiro episódio pra vê-lo, dormi um sono tão pesado que acordei no episódio 3! Antigamente isso me faria desistir, mas voltei e comecei tudo de novo. Pra quem não quer dar uma chance pra série por ela ser longa, ou pelo fato do primeiro episódio ser meio exaustivo, dica de quem viveu na isso na pele: persista!

Making a Murderer‘ é uma série tão bem produzida e editada que chega a parecer ficção, ainda mais por seu estilo de narrativa. Todo fim de episódio deixa você roendo as unhas pra ver o que vai acontecer. Mas quando você acorda e lembra que aquilo é vida real mesmo, a série ganha um peso que não permite que os fracos de coração continuem assistindo.

Embora com longos episódios, a série em si é curta, tem apenas dez episódios. Demorei pra terminar, pois sempre tinha que colocar uma sitcom pra assistir no meio e tentar reequilibrar o emocional. Quando terminei de ver a série, nem um crossover de ‘Friends‘, ‘How I Met your Mother‘ e ‘The Big Bang Theory‘ seria capaz de me animar, honestamente!

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Pra quem ainda não sabe do que a série se trata (se é que isso é possível), ‘Making a Murderer‘ conta a história de Steven Avery, um cara que ficou preso por APENAS 18 aninhos por um crime que não cometeu. Não, meu apenas não é irônico, acontece que a pena dele era maior que essa! Ele só se safou porque um teste de DNA tirou ele da cena do crime. Se só isso já um fator gigantesco pra causar revolta, o primeiro episódio mostra incessantemente todos os erros no julgamento do caso. Qualquer pessoa com um pingo de bom senso sabe que as evidências poderiam até deixá-lo sob suspeita, mas nunca condená-lo.

Quando você vê ele saindo da cadeia (com a barba mais estranha que eu já vi na vida), você vai dar um sorriso maroto e sentir aquele alívio no coração. Spoiler Alert: isso vai durar pouco! Em pouco mais de 10 horas de série ela oferece uns 5 minutos de conforto… O resto é tiro, porrada e bomba!

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Nosso amigo Steven barbudinho volta pro mundo real, pra sua família e seu trabalho e tudo vai indo bem. Ele parece ter superado aquele episódio da vida dele, mas como não guardar mágoas de quem te colocou atrás das grades sem nem te dar ouvidos? Ele viu a chance de fazer justiça e impedir que isso acontecesse com outras pessoas, por isso moveu uma ação contra o Xerife e policiais do condado que ele mora. O acordo era uma bolada gigantesca, praticamente barras de ouro que valem mais que dinheiro.

Não deixe de assistir:

Aos 45 do segundo tempo, quando tava na beirinha de receber a grana, um novo crime bárbaro acontece na aparentemente pacata Manitowoc. Uma fotógrafa chamada Teresa Halbach desaparece e a mão de tremer começa a tremer mesmo, afinal o último compromisso dela no dia do desaparecimento era no ferro velho da família do Steven, onde ela faria a foto de um carro pra divulgar a venda dele numa revista.

Você já pode imaginar, né? Apenas 4 anos depois de se safar da primeira prisão, Steven torna-se novamente a bola da vez! Dai pra frente, meus caros, são 9 episódios que vão mexer com tudo que habita nos seus corações e bagunçar a cabeça da geral!

Não sei se eu que sou a diferentona, mas se você me perguntar agora se acho que ele é culpado ou inocente eu vou dizer “não sei”. A gente sabe que a historia dele não é limpa, que o cara tem uns rolos no passado, inclusive o condenável ato de jogar gasolina e atear fogo no gato da família quando ele era mais jovem. Desculpa aí, galera, mas eu sou #CatPerson e isso me fez ficar bem contra ele no começo da série.

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A única coisa que Steven tem a seu favor no julgamento é o fato de que as mesmas pessoas que ele estava processando estão envolvidas na investigação do segundo crime do qual ele tornou-se suspeito, ele declara abertamente que essa galera plantou coisas contra ele na cena do crime. Fato: o cara mexeu com peixe grande e virou um ícone da luta contra a sujeira que rola no sistema judiciário.

Outra coisa que a série explora com maestria é a influência da mídia nos casos que ganham a atenção do público. Os meios de comunicação foram capazes de levar Steven do céu ao inferno (literalmente) com uma manchete. E a gente bem sabe o quanto o povo adora acompanhar casos assim, né! Todo canto do mundo tem uma Sonia Abrão, não estamos sozinhos.

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Se você for do tipo que sofre de DFdS (depressão de fim de série), vale lembrar que ‘Making a Murderer‘ não é uma série qualquer. Só pra relembrar em caps, neon e gliter “ELA É UMA HISTÓRIA REAL”. Basicamente se você jogar qualquer coisa sobre a série no Google você vai ter leitura e informação pra cultivar pro resto da vida! Vocês vão ver que a série em si gerou tantas ou mais contradições do que a história do Steven em si. Ou seja: você vai ficar tão viciado em saber o que acontece no pós série quanto vai ficar na série!

Making a Murderer‘ ta aí para abrir os nossos olhos! Principalmente da galera aqui do Brasil que acha que só o nosso país tem absurdos e que tudo que acontece de ruim aqui parece acontecer só aqui. Os sistemas poderosos e corruptivos tão aí, em todos os lugares!

Muito embora muitas pessoas falem que a série só foi lançada pra fazer concorrência com a ‘Jinx‘ da HBO (ainda vamos conversar sobre ela), ‘Making a Murderer‘ foi um dos melhores presentes que ganhamos nesse início de 2016.

Prepare o coração, tome um Engov antes e um Engov depois, e separe o lencinho… Você corre o risco de chorar algumas Zé gotinhas no caminho.

 

 

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