domingo , 10 novembro , 2024

Crítica | Maníaco do Parque – Serial Killer Brasileiro em True Crime com Giovanna Grigio e Silvero Pereira [Festival do Rio 2024]

O ano era 1998. Enquanto alguns veículos já começavam a especular a alta do dólar e as possíveis consequências da virada do milênio, na capital paulista um assassino em série atraía mulheres para matá-las em um parque. Numa época em que ninguém tinha celular e a comunicação era basicamente feita através de cartas e/ou orelhão público, levou-se um tempo até que a polícia e a mídia soubesse da existência desse assassino – que posteriormente recebeu a alcunha de ‘Maníaco do Parque’. E essa história acaba de se tornar um filme de longa-metragem, que foi o longa de encerramento do Festival do Rio 2024 em sessão única, e chega nessa sexta-feira, 18, com exclusividade aos assinantes da Prime Video.

maniacodoparque

Elena (Giovanna Grigio, de ‘Perdida’) é uma repórter em um jornal grande, mas é também a única mulher jornalista num ambiente repleto de homens mais velhos que ela. Nesse local, ninguém lhe dá crédito pelas coisas que fala nem se interessam pelo que ela escreve. Certo dia, sem querer, ela intercepta uma informação preciosa vida da polícia, sobre o achado de corpos de mulheres no Parque do Estado, nos arredores de São Paulo. O que era para ser apenas o registro de um crime hediondo aos poucos vai se desenrolando em crime em série, à medida que Elena vai descobrindo mais e mais provas de que Francisco (Silvero Pereira, de ‘Bacurau’) é o verdadeiro assassino.



Logo de cara somos surpreendidos por uma cartela antes do filme que anuncia cenas fortes de violência na produção – mas que, na real, é apenas na primeira cena. Por se tratar de eventos reais que aconteceram não há tanto tempo, o filme de Maurício Eça (‘A Menina Que Matou os Pais’) opta, acertadamente, em não se debruçar na recriação gráfica das cenas de violência e de violação aos corpos femininos, mostrando apenas a condução das vítimas ao mato e a saída do assassino sujo do local.

Homem carregando patins na rua, fundo urbano.



O roteiro de L.G. Brandão (‘Kardec’) parte da história espetaculosa desse serial killer brasileiro para, na verdade, fazer uma crítica social ao papel da imprensa em episódios como esse. Que o ‘Maníaco do Parque’ está condenado (tanto pela justiça quanto pela opinião pública) isso já é um fato, então, como contar essa história de maneira interessante ao espectador? Para responder a esta pergunta, Brandão tece um roteiro que foca sua luz na personagem Elena, uma jornalista novinha que busca respeito e espaço num ambiente tóxico e machista, no qual também ela reproduz comportamentos os quais lhe foram ensinados, mas que, a medida em que trabalha em seu primeiro grande caso, começa a questionar as práticas jornalísticas diante de episódios traumáticos como nomear e dar holofotes a sujeitos como o ‘Maníaco do Parque’. E, nesse ponto, a atuação potente de Giovanna Grigio entrega tudo que esta personagem crescente precisava para uma história reflexiva sobre o papel da sociedade. Silvero Pereira recebe uma caracterização de sardas no rosto e constrói um Francisco introspectivo, sempre com olhar de baixo pra cima, cheio de humildade, mas que cresce pra cima das mulheres – e apenas com elas.

Crítica | Maníaco do Parque – Serial Killer Brasileiro em True Crime com Giovanna Grigio e Silvero Pereira [Festival do Rio 2024] | CinePOP Cinema

Maníaco do Parque’ é um suspense investigativo cujo final todos já conhecem, e que mais do que dar holofote ao assassino, usa seu espaço para criticar a postura da imprensa na abordagem de episódios semelhantes nos anos 1990/2000. Com músicas de Charlie Brown Jr, Nirvana, Alanis Morissette e um elenco com nomes como Xamã, Bruno Garcia, Mel Lisboa, Augusto Madeira, Marco Pigossi, Dandara Queiroz e Christian Malheiros, ‘Maníaco do Parque’ é entretenimento com responsabilidade social, uma vez que Francisco sairá da prisão em 2028.

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Homem sendo escoltado por policiais na floresta.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Elena (Giovanna Grigio, de ‘Perdida’) é uma repórter em um jornal grande, mas é também a única mulher jornalista num ambiente repleto de homens mais velhos que ela. Nesse local, ninguém lhe dá crédito pelas coisas que fala nem se interessam pelo que ela escreve. Certo dia, sem querer, ela intercepta uma informação preciosa vida da polícia, sobre o achado de corpos de mulheres no Parque do Estado, nos arredores de São Paulo. O que era para ser apenas o registro de um crime hediondo aos poucos vai se desenrolando em crime em série, à medida que Elena vai descobrindo mais e mais provas de que Francisco (Silvero Pereira, de ‘Bacurau’) é o verdadeiro assassino.

Logo de cara somos surpreendidos por uma cartela antes do filme que anuncia cenas fortes de violência na produção – mas que, na real, é apenas na primeira cena. Por se tratar de eventos reais que aconteceram não há tanto tempo, o filme de Maurício Eça (‘A Menina Que Matou os Pais’) opta, acertadamente, em não se debruçar na recriação gráfica das cenas de violência e de violação aos corpos femininos, mostrando apenas a condução das vítimas ao mato e a saída do assassino sujo do local.

Homem carregando patins na rua, fundo urbano.

O roteiro de L.G. Brandão (‘Kardec’) parte da história espetaculosa desse serial killer brasileiro para, na verdade, fazer uma crítica social ao papel da imprensa em episódios como esse. Que o ‘Maníaco do Parque’ está condenado (tanto pela justiça quanto pela opinião pública) isso já é um fato, então, como contar essa história de maneira interessante ao espectador? Para responder a esta pergunta, Brandão tece um roteiro que foca sua luz na personagem Elena, uma jornalista novinha que busca respeito e espaço num ambiente tóxico e machista, no qual também ela reproduz comportamentos os quais lhe foram ensinados, mas que, a medida em que trabalha em seu primeiro grande caso, começa a questionar as práticas jornalísticas diante de episódios traumáticos como nomear e dar holofotes a sujeitos como o ‘Maníaco do Parque’. E, nesse ponto, a atuação potente de Giovanna Grigio entrega tudo que esta personagem crescente precisava para uma história reflexiva sobre o papel da sociedade. Silvero Pereira recebe uma caracterização de sardas no rosto e constrói um Francisco introspectivo, sempre com olhar de baixo pra cima, cheio de humildade, mas que cresce pra cima das mulheres – e apenas com elas.

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Maníaco do Parque’ é um suspense investigativo cujo final todos já conhecem, e que mais do que dar holofote ao assassino, usa seu espaço para criticar a postura da imprensa na abordagem de episódios semelhantes nos anos 1990/2000. Com músicas de Charlie Brown Jr, Nirvana, Alanis Morissette e um elenco com nomes como Xamã, Bruno Garcia, Mel Lisboa, Augusto Madeira, Marco Pigossi, Dandara Queiroz e Christian Malheiros, ‘Maníaco do Parque’ é entretenimento com responsabilidade social, uma vez que Francisco sairá da prisão em 2028.

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