domingo , 17 novembro , 2024

Crítica | Mass: Um poderoso drama sobre as consequências familiares de uma tragédia escolar

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2021

Elefante e Tiros em Columbine já fizeram isso muito bem, ao percorrerem os átrios de uma tragédia escolar norte-americana, quando frágeis e complexos adolescentes decidem expressar sua ira, dor ou incompreensão social por meio da violência contra seus colegas de escola. Tragédias dessa natureza – infelizmente – são comuns na América. Suas dolorosas e conflitantes histórias, que rendem longos e inesgotáveis debates em programas de TV sobre a venda e posse de armas, andam em círculos e custam a ir além dos disparos de um revólver. Mas Mass chega para preencher essa lacuna, com um poderoso drama fictício inspirado na dor real de pais que testemunharam a incompreensível violência destruir seus filhos e famílias.

Ann Dowd and Reed Birne appear in Mass by Fran Kranz, an official selection of the Premieres section at the 2021 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute | photo by Ryan Jackson-Healy.
All photos are copyrighted and may be used by press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Procurando responder a pergunta “o que acontece após uma tragédia escolar?”, o primeiro longa dirigido e roteirizado por Fran Kranz é catártico, poético e profundamente realista. Se voltando para as famílias que viram seus lares se desestruturarem de maneira tão caótica e inesperada, a produção aborda a dor por trás de perdas irreparáveis e traz à tona os mais latentes questionamentos que pulsam na mente de pais que perderam os seus filhos em tiroteios juvenis. Se comunicando com precisão e perfeição com diversos tipos de público, a produção é simples em seu design e faz do seu baixíssimo orçamento o seu trunfo. Com um roteiro tão impecável, ter grana para desempenhar uma excepcional história parece pequeno – ainda que vital para o nascimento do projeto.



Delicado e com diálogos profundos e escritos com uma simplicidade apaixonante, Mass é um drama que reside em suas atuações e se entrega nas mãos de seu incrível elenco, que deixa tudo em cena. Jason Isaacs, Ann Dowd, Martha Plimpton e Reed Birney são tudo o que precisamos nesse filme e proporcionam à audiência muito mais do que uma catarse emocional, levando-na também a uma doce e poderosa lição sobre a importância do perdão e a necessidade vital do ser humano de se adaptar às circunstâncias – quer elas estejam a seu favor ou não.

Jason Isaacs, Martha Plimpton, and Breeda Wool appear in Mass by Fran Kranz, an official selection of the Premieres section at the 2021 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute | photo by Ryan Jackson-Healy.
All photos are copyrighted and may be used by press only for the purpose of news or editorial coverage of Sundance Institute programs. Photos must be accompanied by a credit to the photographer and/or ‘Courtesy of Sundance Institute.’ Unauthorized use, alteration, reproduction or sale of logos and/or photos is strictly prohibited.

Com performances profundas e hipnotizantes, o longa é categórico ao focar nas narrativas de seus protagonistas e pouco perde tempo com seus sets. Se alojando dentro dos átrios de uma pequena igreja isolada na beira de uma estrada, a produção mostra logo de cara que o local é um ponto de neutralidade e contato entre os seus personagens. Aqui, a rapidez das ruas movimentadas e a agitação dos sons urbanos quase ensurdecedores são irrelevantes. Um piano e um ambiente acolhedor e calmo compõem a definição da perfeita ambientação de um filme que não quer que os elementos externos roubem o fôlego da trama ou distraiam a audiência. Cirúrgico em toda a sua concepção, Kranz prova que – ainda que seja novato como um cineasta – é habilidoso e astuto, capaz de construir uma história inesquecível e atemporal.

Exigindo da audiência uma abertura emocional para se entregar às histórias de seus protagonistas, o drama retribui tal ousadia com uma experiência poderosa e de tirar o fôlego. Inebriante e honesto, o filme ainda traz um perfeito equilíbrio narrativo e psicológico, ao apresentar tanto o lado de uma família vítima, bem como o de uma que carrega o estigma de ter “gerado” um assassino. Revelando camadas sensíveis e seriamente identificáveis de ambas as partes, Mass facilmente vence o teste do tempo como aquela produção que nos ajuda a ir além dos noticiários, mais fundo do que as suposições midiáticas e muito mais longe do que os preconceitos pré-estabelecidos por uma sociedade que primeiro bate e depois pergunta.

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Ann Dowd and Reed Birne appear in Mass by Fran Kranz, an official selection of the Premieres section at the 2021 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute | photo by Ryan Jackson-Healy.
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Delicado e com diálogos profundos e escritos com uma simplicidade apaixonante, Mass é um drama que reside em suas atuações e se entrega nas mãos de seu incrível elenco, que deixa tudo em cena. Jason Isaacs, Ann Dowd, Martha Plimpton e Reed Birney são tudo o que precisamos nesse filme e proporcionam à audiência muito mais do que uma catarse emocional, levando-na também a uma doce e poderosa lição sobre a importância do perdão e a necessidade vital do ser humano de se adaptar às circunstâncias – quer elas estejam a seu favor ou não.

Jason Isaacs, Martha Plimpton, and Breeda Wool appear in Mass by Fran Kranz, an official selection of the Premieres section at the 2021 Sundance Film Festival. Courtesy of Sundance Institute | photo by Ryan Jackson-Healy.
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Com performances profundas e hipnotizantes, o longa é categórico ao focar nas narrativas de seus protagonistas e pouco perde tempo com seus sets. Se alojando dentro dos átrios de uma pequena igreja isolada na beira de uma estrada, a produção mostra logo de cara que o local é um ponto de neutralidade e contato entre os seus personagens. Aqui, a rapidez das ruas movimentadas e a agitação dos sons urbanos quase ensurdecedores são irrelevantes. Um piano e um ambiente acolhedor e calmo compõem a definição da perfeita ambientação de um filme que não quer que os elementos externos roubem o fôlego da trama ou distraiam a audiência. Cirúrgico em toda a sua concepção, Kranz prova que – ainda que seja novato como um cineasta – é habilidoso e astuto, capaz de construir uma história inesquecível e atemporal.

Exigindo da audiência uma abertura emocional para se entregar às histórias de seus protagonistas, o drama retribui tal ousadia com uma experiência poderosa e de tirar o fôlego. Inebriante e honesto, o filme ainda traz um perfeito equilíbrio narrativo e psicológico, ao apresentar tanto o lado de uma família vítima, bem como o de uma que carrega o estigma de ter “gerado” um assassino. Revelando camadas sensíveis e seriamente identificáveis de ambas as partes, Mass facilmente vence o teste do tempo como aquela produção que nos ajuda a ir além dos noticiários, mais fundo do que as suposições midiáticas e muito mais longe do que os preconceitos pré-estabelecidos por uma sociedade que primeiro bate e depois pergunta.

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