domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Master: Regina Hall é assombrada pelo racismo sistêmico no novo terror psicológico da Amazon Studios

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2022

A distinção entre passado e presente muitas vezes é turva quando se trata do racismo sistêmico. Incrustado em pequenas (grandes) coisas, ele parece invisível e não pode ser palpável. Se refletindo em miudezas como olhares desconfiados, um jogar de ombros sugestivo e algumas “inofensivas” frases de efeito que denotam um desdém ou uma suposição sobre a origem de alguém, essas são práticas que nos lembram de um passado antigo, mas muito vivo. São lembranças de que certos hábitos – por força do tempo – ainda são aceitáveis. Master aborda essas questões com uma simbologia poderosa, misturando o sobrenatural àquela famosa e tão dita questão: Qual é o lugar do preto na sociedade?



Mariama Diallo transforma essa questão em um argumento poderoso, fazendo de Master uma analogia metafórica entre o terror real que é o racismo e as fábulas do bicho papão, de forças sobrenaturais que nos atormentam e nos perseguem na escuridão e nos pesadelos. Aqui, Regina Hall é a reitora responsável pelos alunos e suas acomodações da fictícia faculdade ivy league Ancaster. A primeira “master” negra da instituição é também uma espécie de troféu da universidade, um instrumento de orgulho que teoricamente marca a ruptura com um passado excessivamente caucasiano.

Além dela, Jasmine (Zoe Renee) e Liv (Amber Gray) são outras duas mulheres que buscam se adaptar a essa elite universitária branca e pouco receptiva. Enquanto a primeira tenta se acomodar como uma jovem caloura preta, a outra é uma negra de pele clara que tenta provar o seu valor diante de um corpo docente pouco representativo. À sua maneira, as três são as faces de uma opressão quase indecifrável, que exala pelos poros, é perceptível pela própria audiência, mas quase indescritível tamanha sua sutileza. E aqui, Diallo transforma esse ambiente onde impera a inquietude de uma instituição regada por comportamentos racistas em uma perseguição psicológica, onde nossas personagens são monitoradas a todo momento e são levadas a até mesmo questionarem suas próprias realidades – tamanha a delicadeza do racismo sistêmico.

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Transformando esse conto da vida real em um terror que flerta com o sobrenatural, Master é um thriller que se inspira na trajetória de Corra!, mas caminha por suas próprias pernas. Fazendo jogos mentais com a audiência, a partir dos conflitos psicológicos vividos por suas personagens, a produção nos remete a um tempo em que os negros não eram aceitos nas universidades americanas, explora esse pavoroso e não tão antigo background e levanta reflexões necessárias sobre igualdade racial e a construção de sistemas opressores que – mesmo em tempos de mudança – frequentemente insistem em permanecer intactos ou pouco afetados.

Instigante, mas sem jumpscares que sustentam a nossa adrenalina, o suspense é de fato uma jornada experimental metafórica que – à medida que explora o psicológico como uma arma poderosa para contar sua história -, faz desse elemento a peça chave para também denunciar o racismo impresso nas pequenas e imperceptíveis coisas do dia-a-dia. Visualmente didático em seus alertas, Master é ainda uma experiência cinematográfica prazerosa, com Regina Hall mais uma vez saindo do seu próprio padrão para nos entregar uma trama que – por essência – é genuinamente muito boa.

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A distinção entre passado e presente muitas vezes é turva quando se trata do racismo sistêmico. Incrustado em pequenas (grandes) coisas, ele parece invisível e não pode ser palpável. Se refletindo em miudezas como olhares desconfiados, um jogar de ombros sugestivo e algumas “inofensivas” frases de efeito que denotam um desdém ou uma suposição sobre a origem de alguém, essas são práticas que nos lembram de um passado antigo, mas muito vivo. São lembranças de que certos hábitos – por força do tempo – ainda são aceitáveis. Master aborda essas questões com uma simbologia poderosa, misturando o sobrenatural àquela famosa e tão dita questão: Qual é o lugar do preto na sociedade?

Mariama Diallo transforma essa questão em um argumento poderoso, fazendo de Master uma analogia metafórica entre o terror real que é o racismo e as fábulas do bicho papão, de forças sobrenaturais que nos atormentam e nos perseguem na escuridão e nos pesadelos. Aqui, Regina Hall é a reitora responsável pelos alunos e suas acomodações da fictícia faculdade ivy league Ancaster. A primeira “master” negra da instituição é também uma espécie de troféu da universidade, um instrumento de orgulho que teoricamente marca a ruptura com um passado excessivamente caucasiano.

Além dela, Jasmine (Zoe Renee) e Liv (Amber Gray) são outras duas mulheres que buscam se adaptar a essa elite universitária branca e pouco receptiva. Enquanto a primeira tenta se acomodar como uma jovem caloura preta, a outra é uma negra de pele clara que tenta provar o seu valor diante de um corpo docente pouco representativo. À sua maneira, as três são as faces de uma opressão quase indecifrável, que exala pelos poros, é perceptível pela própria audiência, mas quase indescritível tamanha sua sutileza. E aqui, Diallo transforma esse ambiente onde impera a inquietude de uma instituição regada por comportamentos racistas em uma perseguição psicológica, onde nossas personagens são monitoradas a todo momento e são levadas a até mesmo questionarem suas próprias realidades – tamanha a delicadeza do racismo sistêmico.

Transformando esse conto da vida real em um terror que flerta com o sobrenatural, Master é um thriller que se inspira na trajetória de Corra!, mas caminha por suas próprias pernas. Fazendo jogos mentais com a audiência, a partir dos conflitos psicológicos vividos por suas personagens, a produção nos remete a um tempo em que os negros não eram aceitos nas universidades americanas, explora esse pavoroso e não tão antigo background e levanta reflexões necessárias sobre igualdade racial e a construção de sistemas opressores que – mesmo em tempos de mudança – frequentemente insistem em permanecer intactos ou pouco afetados.

Instigante, mas sem jumpscares que sustentam a nossa adrenalina, o suspense é de fato uma jornada experimental metafórica que – à medida que explora o psicológico como uma arma poderosa para contar sua história -, faz desse elemento a peça chave para também denunciar o racismo impresso nas pequenas e imperceptíveis coisas do dia-a-dia. Visualmente didático em seus alertas, Master é ainda uma experiência cinematográfica prazerosa, com Regina Hall mais uma vez saindo do seu próprio padrão para nos entregar uma trama que – por essência – é genuinamente muito boa.

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