quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | Mentiras Perigosas – Novo Suspense da Netflix Abusa das Coincidências

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Sabe aquele ditado “quando a oferta é demais, o santo desconfia?”. Pois é, em ‘Mentiras Perigosas’ é como se esse jargão fosse o corrimão no qual o longa se ampara para não cair escada abaixo.

O novo suspense da Netflix começa com Katie (Camila Mendes, mais conhecida pelo seu trabalho em ‘Riverdale’ e ‘O Date Perfeito’), uma jovem batalhadora que trabalha de madrugada para dar suporte ao marido, Adam (Jessie T. Usher), que está terminando a faculdade. O plano dos dois é que, uma vez formado, Adam consiga um bom emprego, para que Katie possa voltar a estudar e não tenha mais que trabalhar, afinal, os dois mal conseguem pagar as contas e estão atolados em dívidas. Então, naquela noite, um crime ocorre na lanchonete e Adam sai como herói da história. Quatro meses se passam e Katie está trabalhando como cuidadora de idosos para o Sr. Leonard (Elliott Gould), e é então que uma série de coincidências muito afortunadas começa a acontecer com o casal.



O roteiro de David Golden é construído de modo a fazer o espectador achar que, de início, está assistindo um drama, para só lá pela metade ele envergar para o suspense. Desse modo, a uma hora e meia de duração do filme divide nossos sentimentos entre “qual a relação do que eu estou vendo com o que eu vi anteriormente?” e “tá, mas jura que ninguém aqui está desconfiando de nada?”. Todos os elementos aparecem na trama de maneira tão gratuita, que a sensação é a de que o roteiro está abusando das coincidências, o que, consequentemente nos leva a concluir que a suspensão da descrença em ‘Mentiras Perigosas’ é irreal.

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Isso não torna o filme necessariamente ruim, apenas constrói uma atmosfera em que o espectador precisa ter uma boa dose de boa vontade para seguir adiante – afinal de contas, o longa é um suspense, embora até quase o final do segundo ato não seja possível entender qual é o problema, quem é o vilão etc. O elenco também poderia ter colaborado melhor para dar mais credibilidade às sensações de seus personagens, que transitam entre momentos de euforia e de histeria com a mesma apatia.

E aí entra o trabalho do diretor Michael Scott, que poderia não só ter pedido mais de seus atores como também poderia ter montado a trama sem se desviar tanto para elementos os quais não teria tempo de aprofundar no seu longa; ao contrário, teria sido uma ideia melhor trabalhar com mais dedicação as relações entre os personagens, para que suas ações se justificassem sozinhas.

Mentiras Perigosas’ é um suspense ok, mas que poderia ter sido muito melhor. Para quem não é exigente e só quer passar o tempo, este filme é uma boa opção.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Sabe aquele ditado “quando a oferta é demais, o santo desconfia?”. Pois é, em ‘Mentiras Perigosas’ é como se esse jargão fosse o corrimão no qual o longa se ampara para não cair escada abaixo.

O novo suspense da Netflix começa com Katie (Camila Mendes, mais conhecida pelo seu trabalho em ‘Riverdale’ e ‘O Date Perfeito’), uma jovem batalhadora que trabalha de madrugada para dar suporte ao marido, Adam (Jessie T. Usher), que está terminando a faculdade. O plano dos dois é que, uma vez formado, Adam consiga um bom emprego, para que Katie possa voltar a estudar e não tenha mais que trabalhar, afinal, os dois mal conseguem pagar as contas e estão atolados em dívidas. Então, naquela noite, um crime ocorre na lanchonete e Adam sai como herói da história. Quatro meses se passam e Katie está trabalhando como cuidadora de idosos para o Sr. Leonard (Elliott Gould), e é então que uma série de coincidências muito afortunadas começa a acontecer com o casal.

O roteiro de David Golden é construído de modo a fazer o espectador achar que, de início, está assistindo um drama, para só lá pela metade ele envergar para o suspense. Desse modo, a uma hora e meia de duração do filme divide nossos sentimentos entre “qual a relação do que eu estou vendo com o que eu vi anteriormente?” e “tá, mas jura que ninguém aqui está desconfiando de nada?”. Todos os elementos aparecem na trama de maneira tão gratuita, que a sensação é a de que o roteiro está abusando das coincidências, o que, consequentemente nos leva a concluir que a suspensão da descrença em ‘Mentiras Perigosas’ é irreal.

Isso não torna o filme necessariamente ruim, apenas constrói uma atmosfera em que o espectador precisa ter uma boa dose de boa vontade para seguir adiante – afinal de contas, o longa é um suspense, embora até quase o final do segundo ato não seja possível entender qual é o problema, quem é o vilão etc. O elenco também poderia ter colaborado melhor para dar mais credibilidade às sensações de seus personagens, que transitam entre momentos de euforia e de histeria com a mesma apatia.

E aí entra o trabalho do diretor Michael Scott, que poderia não só ter pedido mais de seus atores como também poderia ter montado a trama sem se desviar tanto para elementos os quais não teria tempo de aprofundar no seu longa; ao contrário, teria sido uma ideia melhor trabalhar com mais dedicação as relações entre os personagens, para que suas ações se justificassem sozinhas.

Mentiras Perigosas’ é um suspense ok, mas que poderia ter sido muito melhor. Para quem não é exigente e só quer passar o tempo, este filme é uma boa opção.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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