quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Meu Amigo Robô – Indicado ao Oscar de Animação Retrata Fofíssima e Metafórica História de Amizade

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Não importa quantos anos tenhamos: quando conhecemos uma pessoa que simplesmente nos faz bem, a gente acaba criando um vínculo de amizade com ela, e invariavelmente criamos expectativas sobre essa relação. A expectativa se baseia no desejo humano de querer que as coisas durem para sempre, que sejam sempre iguais e não mudem em nada, pois enquanto a atmosfera de que está tudo bem permanecer intacta, vivemos a ilusão da eternidade do momento. Isso tem um impacto maior quando fazemos amizade na infância, mas o sentimento também segue para a vida adulta, até por conta das relações construídas à distância, pela internet. Amizade não tem idade e muda a gente para sempre: esse é o cerne do longa de animaçãoMeu Amigo Robô’ (‘Robot Dreams‘), filme espanhol indicado ao Oscar este ano nesta categoria e atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros.



Estamos nos anos 1980, coração de Nova York. Em um cenário em que todos os viventes são animais, conhecemos Cachorro (Ivan Labanda), um indivíduo solitário, que passa as noites assistindo televisão e comendo comida pouco saudável, sem muita perspectiva. Certa vez, ao invejar um vizinho que possuía companhia para as atividades corriqueiras, Cachorro se rende ao anúncio que vê na televisão e adquire um robô amigo. Assim que o Robô (Ivan Labanda) chega, Cachorro o monta peça por peça e, do momento em que abre os olhos, a amizade entre os dois fica selada. Durante as férias de verão novaiorquinas, Cachorro e Robô irão se divertir um monte, aprendendo um com o outro e conhecendo diversas possibilidades na cidade grade… até que algo acontece e define o destino dos dois.

Contrariando as tendências das animações atuais, ‘Meu Amigo Robô’ opta por trazer uma estética mais arredondada e sem grandes acabamentos, reforçando a ideia de ingenuidade que o enredo promete ao espectador. Produzido com a técnica 2D e utilizando cores mais suaves, em tons pastéis e sem brilho, a estética escolhida pelo diretor Pablo Berger é agradável para o público mais infantil e de igual forma agrada ao público adulto.

O roteiro escrito pelo mesmo Pablo Berger e por Sara Varon é adorável, sensível e bastante melancólico. Ao partir da história simples de uma amizade improvável e genuína, o mote metafórico abre espaço para diversas interpretações (relacionamento amoroso, amizade, amor de verão, etc) e mostra que a vida continua, apesar dos bons eventos que ocorrem, e que estes sempre serão boas lembranças em nossos corações. Para tal, a história acompanha um ano inteiro na vida desses dois personagens em um longa de animação de uma hora e quarenta de duração e sem diálogos. E acreditem: não cansa a gente.

Fofíssimo e embalado pela canção de dance music ‘September’ (clássico do grupo Earth, Wind & Fire), ‘Meu Amigo Robô’ é desses filmes inesperadamente cativantes, que acabam ficando com a gente mesmo após o fim da sessão e que pode ser assistido por todas as idades, dado a universalidade de sua temática. Deixa um sabor agridoce na gente, tipo ‘Toy Story‘, mas é uma graça de filme. Provavelmente não levará o Oscar, mas a produção espanhola veio para mostrar a potência da indústria daquele país, inclusive no quesito animação.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Estamos nos anos 1980, coração de Nova York. Em um cenário em que todos os viventes são animais, conhecemos Cachorro (Ivan Labanda), um indivíduo solitário, que passa as noites assistindo televisão e comendo comida pouco saudável, sem muita perspectiva. Certa vez, ao invejar um vizinho que possuía companhia para as atividades corriqueiras, Cachorro se rende ao anúncio que vê na televisão e adquire um robô amigo. Assim que o Robô (Ivan Labanda) chega, Cachorro o monta peça por peça e, do momento em que abre os olhos, a amizade entre os dois fica selada. Durante as férias de verão novaiorquinas, Cachorro e Robô irão se divertir um monte, aprendendo um com o outro e conhecendo diversas possibilidades na cidade grade… até que algo acontece e define o destino dos dois.

Contrariando as tendências das animações atuais, ‘Meu Amigo Robô’ opta por trazer uma estética mais arredondada e sem grandes acabamentos, reforçando a ideia de ingenuidade que o enredo promete ao espectador. Produzido com a técnica 2D e utilizando cores mais suaves, em tons pastéis e sem brilho, a estética escolhida pelo diretor Pablo Berger é agradável para o público mais infantil e de igual forma agrada ao público adulto.

O roteiro escrito pelo mesmo Pablo Berger e por Sara Varon é adorável, sensível e bastante melancólico. Ao partir da história simples de uma amizade improvável e genuína, o mote metafórico abre espaço para diversas interpretações (relacionamento amoroso, amizade, amor de verão, etc) e mostra que a vida continua, apesar dos bons eventos que ocorrem, e que estes sempre serão boas lembranças em nossos corações. Para tal, a história acompanha um ano inteiro na vida desses dois personagens em um longa de animação de uma hora e quarenta de duração e sem diálogos. E acreditem: não cansa a gente.

Fofíssimo e embalado pela canção de dance music ‘September’ (clássico do grupo Earth, Wind & Fire), ‘Meu Amigo Robô’ é desses filmes inesperadamente cativantes, que acabam ficando com a gente mesmo após o fim da sessão e que pode ser assistido por todas as idades, dado a universalidade de sua temática. Deixa um sabor agridoce na gente, tipo ‘Toy Story‘, mas é uma graça de filme. Provavelmente não levará o Oscar, mas a produção espanhola veio para mostrar a potência da indústria daquele país, inclusive no quesito animação.

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