Crítica | Meu Casulo de Drywall – Saúde Mental Adolescente é Tema de Profundo Filme Brasileiro

Desde que o mundo foi impactado pela pandemia do corona vírus, o tema da saúde mental passou a ser uma pauta discutida em diversas esferas da sociedade: no trabalho, na família, na escola. O tema foi ainda reforçado nas Olimpíadas de 2020, realizada em 2022, quando a atleta Simone Biles, umas das melhores do mundo na ginástica olímpica, decidiu não participar dos jogos para preservar sua saúde mental. Esses exemplos reforçam como, nos últimos anos, as questões psicológicas têm sido cada vez mais urgentes, mas, ainda, pouco debatido. De olho nos pulsantes hormônios juvenis que urgem suas próprias questões, estreia essa semana nos cinemas de todo país o filme brasileiro ‘Meu Casulo de Drywall’.

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Virgínia (Bella Piero), uma jovem de classe média alta, comemora os seus 17 anos com uma festa inesquecível na cobertura onde mora com sua mãe, Patrícia (Maria Luisa Mendonça) e seu pai (Caco Ciocler). Apesar da vida de luxo aparentemente perfeita, Virginia não consegue ignorar a ferida que cresce dentro do seu peito. O dia seguinte à festa nasce com uma tragédia que abala o condomínio, o que faz com que seus amigos Gabriel (Daniel Botelho), Luana (Mari Oliveira) e Nicollas (Michel Joelsas), seu namorado, se tornem não só suspeitos pelo crime ocorrido como também se questionem se poderiam ter feito algo para evitar a grande tragédia.

Escrito e dirigido pela realizadora Caroline Fioratti, ‘Meu Casulo de Drywall’ é um filme que alerta não só sobre as dores silenciosas que cada pessoa carrega no dia a dia, mas que não ficam à mostra da sociedade, mas, principalmente, sobre a urgência da sociedade como um todo enxergar, ouvir e validar os sentimentos dos jovens. Ou seja, é um filme que, pela casca da metáfora, mostra como todos os elementos sociais (família, amigos, funcionários, etc) interagem em situações cotidianas que ajudam a camuflar as inquietações que vão minando a saúde mental dos seres humanos – aqui, com um recorte sobre o mundo dos jovens.

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Assim, questões como carreira, “o resto da vida”, sexualidade, namoro, insegurança com o próprio corpo, redes sociais, supercontrole parental, ausência afetiva, sobrecarga emocional, entre outros, são trabalhados pelo roteiro colocando cada personagem carregando suas próprias chagas disfarçadas de sorriso. Nesse sentido, os personagens se enquadram em moldes que o espectador facilmente identifica, mas que, por serem tão clichês, ajudam a evidenciar os elementos sociais que contribuem no desmoronamento intelectual e emocional dos jovens em contexto urbano, sejam ricos ou pobres, como aponta ‘Meu Casulo de Drywall’.

Chama a atenção o fato de a produção ser toda realizada dentro de uma mesma locação – o condomínio – separada apenas em ambientes distintos – os apartamentos dos personagens, corredores, piscina, área comum e a tal festa no apartamento da protagonista, cuja história é costurada em flashback indo e vindo em momentos da festa para, através desse artifício, ir demonstrando as camadas e camadas de feridas que os personagens juvenis carregam. Nesse sentido, é uma produção que dialoga bastante com outras produções que fizeram e fazem sucesso por abordarem esses núcleos, como as sériesOs Outros’, ’13 Reasons Why’ e ‘Euphoria’.

Com um elenco que entrega tudo, ‘Meu Casulo de Drywall’ é um filme que acende um importante alerta sobre a escuta e a validação das dores e sentimentos adolescentes.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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