Sucesso estrondoso da década passada, a franquia Meu Malvado Favorito se tornou um fenômeno mundial. Com uma história divertida e interessante, o primeiro filme conquistou a molecada do planeta inteiro, mas não só eles. Os pais também se identificaram com as desventuras de Gru, um vilão atrapalhado que muda de lado ao adotar três garotinhas e compreender que não precisa da atenção que consegue com a vilania, contanto que seja amado por quem realmente importa.
Mais do que o Gru, seus capanguinhas amarelos e sádicos, os Minions, fizeram muito sucesso entre crianças e adultos pelo mundo, ganhando até franquia própria.
A saga de Gru prosseguiu, ele ganhou mais duas continuações, se apaixonou, casou, encontrou um irmão gêmeo perdido e se consolidou como o terror da vilania excêntrica desse universo. Porém, ainda que voltadas para o público infantil, as outras continuações ainda conseguiram manter uma coesão dentro de sua própria história, algo que se perdeu em Meu Malvado Favorito 4, que estreia nos cinemas brasileiros na próxima quinta (4).
A trama supostamente acompanharia Gru (Leandro Hassum) lidando com a paternidade, mas de uma forma distinta. Isso porque ele acabou de ser pai de um bebezinho. Porém, esses desafios ficam em segundo plano porque um terrível vilão meio homem, meio barata, prometeu vingança após ser humilhado pelo meu malvado favorito em diferentes fases da vida. Bem, ao menos é isso que o filme dá a entender que retratará nos primeiros minutos.
Infelizmente, o que se vê depois é uma sucessão de acontecimentos que não dialogam entre si como trama. Não são coesos. A abordagem do roteiro do filme parece um episódio do finado Zorra Total, em que as esquetes são inseridas uma atrás da outra, arrancam um riso e partem para a próxima. Esse formato funciona na TV e também costuma funcionar nos cinemas, contanto que o longa assuma essa identidade episódica. Aqui, por outro lado, não acontece isso. A direção tenta amarrar essa série de aleatoriedades como um roteiro contínuo.
É uma pena porque eles poderiam ter realmente trabalhado uma história ali, mas preferiram abrir mão dela para focar na galhofada, sendo que a própria franquia já provou que é possível mesclar essas duas abordagens de forma competente.
Em meio a essas esquetes, os Minions são usados como vírgulas no primário. Toda vez que precisa dar uma respirada, a direção joga um curta dos Minions fazendo suas palhaçadas. E há algumas muito boas, como a do coitado que fica preso na máquina de guloseimas. E há também a principal “subtrama” dos amarelinhos super-heróis. Ela foi inserida ali exclusivamente para que o filme pudesse sacanear os momentos clássicos dos longas de heróis mais famosos do cinema.
A piada parece um pouco fora de hora, dada a baixa que os Supers estão vivendo, mas é uma graça que tem seu valor. Não dá para negar.
Mas nem só de desgraça vive o filme. A versão dublada está muito boa. Leandro Hassum segue dando show com o Gru, talvez até mesmo superando o trabalho de Steve Carell, e Maria Clara Gueiros segue ótima como a Lucy, além de um elenco consagrado de dubladores nacionais.
No fim das contas, a grande decepção do filme se dá por perceber que havia uma história a ser contada ali, mas a direção optou por focar exclusivamente na comédia e acabou abrindo mão do que poderia ser um bom filme. Para piorar as coisas, há momentos que são idênticos a cenas de Os Incríveis (2004), assim como toda a dinâmica do bebê Gru Jr., o que certamente vai incomodar. No mais, o filme é bem colorido e dinâmico, então deve conseguir prender a atenção da molecadinha bem novinha, mas para os pais será complicado.
Meu Malvado Favorito 4 estreia em 4 de julho de 2024.