sexta-feira , 20 dezembro , 2024

Crítica | Milagre na Cela 7 – Emocionante Filme que vai te fazer CHORAR MUITO!

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Pensa num filme que vai fazer você chorar…

Milagre na Cela 7’ é de extrema sensibilidade, e a forma poética com que ele desenrola sua história vai derrubando gradativamente todas as barreiras que o espectador possa ter, e constrói uma camada empática que nos aproxima do universo de seu protagonista. E é aí que nosso coração se parte.



Estamos no interior da Turquia, região majoritariamente populada pelos curdos. Lá, uma família bastante unida se diverte e cuida de seus afazeres diários. Ova (Nisa Sofyia Aksongur), uma menina de aproximadamente 7 anos, é a alegria da casa, onde também vivem a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal) e o pai, Memo (Aras Bulut Iynemli). A única diferença nessa família, tão igual a qualquer outra, é que o pai é um homem com deficiência intelectual.

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O que todos na vila veem com estranhamento, para Ova é motivo de alegria: para ela, o pai é seu melhor amigo. Só que o diferente também causa repulsa, inveja, raiva, e fica evidente para o espectador que a deficiência de Memo não é bem quista na vila, o que torna a vida dessa pequena família bem difícil. Um dia, um trágico acidente ocorre e Memo é apontado como culpado, sendo confinado no presídio local.

Sinceramente, na primeira cena em que Memo aparece já dá vontade de chorar. Sério. A entrega que o ator Aras Bulut Iynemli confere ao seu personagem é tão fidedigna, que nem por um momento a gente desconfia que o que estamos vendo é atuação. Esse cara é realmente bom, gente, guardem o nome dele! E a sintonia que ele tem com a pequena Nisa Sofyia Aksongur é tão palpável, que imediatamente cria uma conexão ao espectador sobre a profundidade dessa relação pai e filha. Pela excelência do trabalho, os dois estão de parabéns.

O roteiro de Kubilay Tat dosa muito bem a história dessa família com o drama pessoal vivido por Memo, mas sempre com um olhar externo à trama. Esse distanciamento ajuda a gente a ter uma perspectiva melhor do todo, das relações de poder que imperam de igual forma em todas as cidades do mundo, e, por estarmos de fora, conseguimos entrar na história aos poucos, como quem também está entrando e descobrindo um mundo diferente do normativo.

Ao dirigir ‘Milagre na Cela 7Mehmet Ada Öztekin alterna bem entre o drama e a comicidade para construir uma atmosfera inocente, própria de seus dois protagonistas. E nem por isso é menos duro para quem assiste o filme. Nos remete a premiados longas como ‘O Menino do Pijama Listrado’ e ‘A Vida é Bela’. Embora seja uma refilmagem de um longa sul-coreano, ‘Milagre na Cela 7’ propõe originalidade ao retratar esse drama dentro do universo turco em uma época pré-internet e pré constituição turca sobre os direitos humanos, que sempre viram com distinção os curdos.

Por ser uma refilmagem de uma cultura tão distinta quanto a sua, ‘Milagre na Cela 7’ se mostra um filme de linguagem universal ao dialogar com muita sensibilidade o exclusivismo daqueles que detêm o poder na luta pelo direito à vida e à liberdade de expressão.

Crítica em Vídeo:

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Milagre na Cela 7’ é de extrema sensibilidade, e a forma poética com que ele desenrola sua história vai derrubando gradativamente todas as barreiras que o espectador possa ter, e constrói uma camada empática que nos aproxima do universo de seu protagonista. E é aí que nosso coração se parte.

Estamos no interior da Turquia, região majoritariamente populada pelos curdos. Lá, uma família bastante unida se diverte e cuida de seus afazeres diários. Ova (Nisa Sofyia Aksongur), uma menina de aproximadamente 7 anos, é a alegria da casa, onde também vivem a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal) e o pai, Memo (Aras Bulut Iynemli). A única diferença nessa família, tão igual a qualquer outra, é que o pai é um homem com deficiência intelectual.

O que todos na vila veem com estranhamento, para Ova é motivo de alegria: para ela, o pai é seu melhor amigo. Só que o diferente também causa repulsa, inveja, raiva, e fica evidente para o espectador que a deficiência de Memo não é bem quista na vila, o que torna a vida dessa pequena família bem difícil. Um dia, um trágico acidente ocorre e Memo é apontado como culpado, sendo confinado no presídio local.

Sinceramente, na primeira cena em que Memo aparece já dá vontade de chorar. Sério. A entrega que o ator Aras Bulut Iynemli confere ao seu personagem é tão fidedigna, que nem por um momento a gente desconfia que o que estamos vendo é atuação. Esse cara é realmente bom, gente, guardem o nome dele! E a sintonia que ele tem com a pequena Nisa Sofyia Aksongur é tão palpável, que imediatamente cria uma conexão ao espectador sobre a profundidade dessa relação pai e filha. Pela excelência do trabalho, os dois estão de parabéns.

O roteiro de Kubilay Tat dosa muito bem a história dessa família com o drama pessoal vivido por Memo, mas sempre com um olhar externo à trama. Esse distanciamento ajuda a gente a ter uma perspectiva melhor do todo, das relações de poder que imperam de igual forma em todas as cidades do mundo, e, por estarmos de fora, conseguimos entrar na história aos poucos, como quem também está entrando e descobrindo um mundo diferente do normativo.

Ao dirigir ‘Milagre na Cela 7Mehmet Ada Öztekin alterna bem entre o drama e a comicidade para construir uma atmosfera inocente, própria de seus dois protagonistas. E nem por isso é menos duro para quem assiste o filme. Nos remete a premiados longas como ‘O Menino do Pijama Listrado’ e ‘A Vida é Bela’. Embora seja uma refilmagem de um longa sul-coreano, ‘Milagre na Cela 7’ propõe originalidade ao retratar esse drama dentro do universo turco em uma época pré-internet e pré constituição turca sobre os direitos humanos, que sempre viram com distinção os curdos.

Por ser uma refilmagem de uma cultura tão distinta quanto a sua, ‘Milagre na Cela 7’ se mostra um filme de linguagem universal ao dialogar com muita sensibilidade o exclusivismo daqueles que detêm o poder na luta pelo direito à vida e à liberdade de expressão.

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