sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Morbius – Um filme sem apelo e deslocado do seu tempo

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E eis que finalmente a mais recente produção do universo paralelo do Homem-Aranha da Sony, ‘Morbius‘, chega aos cinemas, onde vemos Jared Leto (‘Esquadrão Suicida’) interpretando o personagem-título que, nas revistas em quadrinhos, aparecia como vilão. Sim, existe um saldo positivo nessa estreia, afinal de contas, estão cada vez mais submergindo no universo do Cabeça de Teia. Ao mesmo tempo, é difícil responder qual é a real utilidade do longa dirigido por Daniel Espinosa (‘Vida’).

Imediatamente, a primeira pergunta que fazemos ao assistir ‘Morbius‘ é: para quem exatamente é esse filme, qual é o seu público alvo e onde a Sony de fato mirou? Consegui pensar que o troço é uma produção perdida da década de 1990, que nunca fora lançada; uma mistura de ‘Spawn – O Soldado do Inferno’, ‘Blade – O Caçador de Vampiros‘ e ‘Anjos da Noite – Underworld‘, no pior sentido, já que a linha de atuação caricata e toda estética exagerada de videoclipe se faz presente o tempo inteiro. Abrindo o jogo, o filme é uma verdadeira bagunça, que atira para todo lado e nunca acerta.



O longa tem uma cena de abertura realmente interessante no que se refere a ação, onde vemos Morbius pendurado em um helicóptero para tentar entrar no caldeirão de morcegos vampiros. Não demora e um flashback acontece, a velha muleta utilizada para contar a história de origem do personagem. Ele, um garoto com uma doença rara no sangue, busca a cura para si e também para o seu melhor amigo, um menino chamado Lucien, a quem ele dá o nome de Milo.

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Já em sua fase adulta, Morbius é um cientista brilhante, no entanto de ética questionável, e Milo, interpretado por Matt Smith (‘Noite Passada em Soho’), é quem financia todas as suas pesquisas. O elenco principal ainda conta com Adria Arjona (‘Círculo de Fogo: A Revolta’) que dá vida a Martine, parceira de pesquisa e interesse amoroso do Dr. Michael Morbius. E em uma decisão insana, o cientista decide testar a cura para a doença do sangue em si mesmo, bem ao estilo ‘O Médico e o Monstro‘ – ou o Fera de ‘X-Men’ – aplicando um DNA de morcego vampiro. O resultado, já sabemos…

Logo de cara, o primeiro problema de ‘Morbius‘ pode ser notado justamente em seu primeiro ato, onde Espinosa dedica mais de 30 minutos de tela a algo que vai desde sua sequência de abertura com os morcegos até a apresentação do herói, com tudo parecendo genérico e trivial, usando o velho conceito onde vemos um cientista louco se transformar em um monstro – o próprio aracnídeo já ganhou essa adaptação nos cinemas com ‘O Espetacular Homem-Aranha, com o Dr. Curt Connors virando o icônico Lagarto. Ou seja, essa meia-hora inicial poderia facilmente ser contada em poucas páginas de uma revista em quadrinhos ou mesmo em 10 minutos da produção de cinema.

O trailer por si só já sugeria que teríamos elementos de horror, até pela figura mitológica do vampiro, pois esta é uma história de vampiros. No entanto a grande maioria das “cenas de horror” já estavam no trailer e as demais não tem muita utilidade, o que novamente nos traz, de novo, à década de 1990, onde era legal incrementar terror em meio as histórias de super-heróis.

Sim, como falamos, nos quadrinhos Morbius começa como vilão, antes de se tornar um vigilante que luta pelo bem, e para estimular essa transformação, temos o contrapeso do seu melhor amigo, Milo, que também se transforma e decide fazer uma matança na cidade. Com Morbius tendo que fazer o que pode para deter o vilão, mau como um pica-pau, que está ensandecido.

Ah, esse ponto merece um destaque particular, já que Matt Smith é, sem dúvidas, a melhor coisa do filme. O ator britânico rouba a cena completamente, a ponto de o espectador só prestar atenção quando ele é destacado. E enquanto Smith parece se divertir em tela fazendo caras e bocas e entretendo, Jared Leto está cada vez mais afetado, se autossabotando por sua própria presunção.

As cenas de ação construídas por Daniel Espinosa são deveras atraentes, ainda que sempre estejam encaixadas na ideia de funcionarem dentro do cinema de horror, e não pense que com isso temos sangue, mas sim vemos elementos de terror que deveriam, no máximo, apenas fazer parte desse tipo de história, só que aqui é a base de tudo, com o material já nascendo obsoleto. Existem bons momentos, claro, como o descobrimento dos poderes do protagonista e sua forma de usar.

Por sim, ‘Mobius‘ é um filme que mira em três alvos: é um action movie de aventura, tem em sua estrutura o gênero do terror e deveria funcionar como um filme de origem de super-heróis. No entanto, o mais impressionante, é que o longa não consegue ir bem em nenhum desses pontos, já que mal funciona como parte do universo já iniciado por ‘Venom‘. Caso tivesse sido lançado em décadas passadas, certamente seria um bom exemplar do estilo, mas hoje parece perdido em meio a um subgênero que se transformou após produções de peso como ‘O Homem-Aranha 2‘, ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas‘ e ‘Os Vingadores‘. O sarrafo agora é bem maior e ‘Morbius‘ deverá rapidamente ser esquecido.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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Crítica | Morbius – Um filme sem apelo e deslocado do seu tempo

E eis que finalmente a mais recente produção do universo paralelo do Homem-Aranha da Sony, ‘Morbius‘, chega aos cinemas, onde vemos Jared Leto (‘Esquadrão Suicida’) interpretando o personagem-título que, nas revistas em quadrinhos, aparecia como vilão. Sim, existe um saldo positivo nessa estreia, afinal de contas, estão cada vez mais submergindo no universo do Cabeça de Teia. Ao mesmo tempo, é difícil responder qual é a real utilidade do longa dirigido por Daniel Espinosa (‘Vida’).

Imediatamente, a primeira pergunta que fazemos ao assistir ‘Morbius‘ é: para quem exatamente é esse filme, qual é o seu público alvo e onde a Sony de fato mirou? Consegui pensar que o troço é uma produção perdida da década de 1990, que nunca fora lançada; uma mistura de ‘Spawn – O Soldado do Inferno’, ‘Blade – O Caçador de Vampiros‘ e ‘Anjos da Noite – Underworld‘, no pior sentido, já que a linha de atuação caricata e toda estética exagerada de videoclipe se faz presente o tempo inteiro. Abrindo o jogo, o filme é uma verdadeira bagunça, que atira para todo lado e nunca acerta.

O longa tem uma cena de abertura realmente interessante no que se refere a ação, onde vemos Morbius pendurado em um helicóptero para tentar entrar no caldeirão de morcegos vampiros. Não demora e um flashback acontece, a velha muleta utilizada para contar a história de origem do personagem. Ele, um garoto com uma doença rara no sangue, busca a cura para si e também para o seu melhor amigo, um menino chamado Lucien, a quem ele dá o nome de Milo.

Já em sua fase adulta, Morbius é um cientista brilhante, no entanto de ética questionável, e Milo, interpretado por Matt Smith (‘Noite Passada em Soho’), é quem financia todas as suas pesquisas. O elenco principal ainda conta com Adria Arjona (‘Círculo de Fogo: A Revolta’) que dá vida a Martine, parceira de pesquisa e interesse amoroso do Dr. Michael Morbius. E em uma decisão insana, o cientista decide testar a cura para a doença do sangue em si mesmo, bem ao estilo ‘O Médico e o Monstro‘ – ou o Fera de ‘X-Men’ – aplicando um DNA de morcego vampiro. O resultado, já sabemos…

Logo de cara, o primeiro problema de ‘Morbius‘ pode ser notado justamente em seu primeiro ato, onde Espinosa dedica mais de 30 minutos de tela a algo que vai desde sua sequência de abertura com os morcegos até a apresentação do herói, com tudo parecendo genérico e trivial, usando o velho conceito onde vemos um cientista louco se transformar em um monstro – o próprio aracnídeo já ganhou essa adaptação nos cinemas com ‘O Espetacular Homem-Aranha, com o Dr. Curt Connors virando o icônico Lagarto. Ou seja, essa meia-hora inicial poderia facilmente ser contada em poucas páginas de uma revista em quadrinhos ou mesmo em 10 minutos da produção de cinema.

O trailer por si só já sugeria que teríamos elementos de horror, até pela figura mitológica do vampiro, pois esta é uma história de vampiros. No entanto a grande maioria das “cenas de horror” já estavam no trailer e as demais não tem muita utilidade, o que novamente nos traz, de novo, à década de 1990, onde era legal incrementar terror em meio as histórias de super-heróis.

Sim, como falamos, nos quadrinhos Morbius começa como vilão, antes de se tornar um vigilante que luta pelo bem, e para estimular essa transformação, temos o contrapeso do seu melhor amigo, Milo, que também se transforma e decide fazer uma matança na cidade. Com Morbius tendo que fazer o que pode para deter o vilão, mau como um pica-pau, que está ensandecido.

Ah, esse ponto merece um destaque particular, já que Matt Smith é, sem dúvidas, a melhor coisa do filme. O ator britânico rouba a cena completamente, a ponto de o espectador só prestar atenção quando ele é destacado. E enquanto Smith parece se divertir em tela fazendo caras e bocas e entretendo, Jared Leto está cada vez mais afetado, se autossabotando por sua própria presunção.

As cenas de ação construídas por Daniel Espinosa são deveras atraentes, ainda que sempre estejam encaixadas na ideia de funcionarem dentro do cinema de horror, e não pense que com isso temos sangue, mas sim vemos elementos de terror que deveriam, no máximo, apenas fazer parte desse tipo de história, só que aqui é a base de tudo, com o material já nascendo obsoleto. Existem bons momentos, claro, como o descobrimento dos poderes do protagonista e sua forma de usar.

Por sim, ‘Mobius‘ é um filme que mira em três alvos: é um action movie de aventura, tem em sua estrutura o gênero do terror e deveria funcionar como um filme de origem de super-heróis. No entanto, o mais impressionante, é que o longa não consegue ir bem em nenhum desses pontos, já que mal funciona como parte do universo já iniciado por ‘Venom‘. Caso tivesse sido lançado em décadas passadas, certamente seria um bom exemplar do estilo, mas hoje parece perdido em meio a um subgênero que se transformou após produções de peso como ‘O Homem-Aranha 2‘, ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas‘ e ‘Os Vingadores‘. O sarrafo agora é bem maior e ‘Morbius‘ deverá rapidamente ser esquecido.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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