‘My Hero Academia‘ – ou ‘Boku no Hero‘ – é um fenômeno por parte daqueles que apreciam os mangás e animes. Mesmo não sendo exibido em nenhum canal de televisão brasileiro como ocorrera em sucessos estrondosos de gerações passadas como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Naruto e Pokemon, conseguiu agregar uma quantidade imensa de fãs por todo o mundo graças à internet.
Tamanho sucesso fez com que a exibição do filme, que estreou em agosto de 2018 no Japão, chegasse às telas de cinema no Brasil, algo não muito comum para um anime. A estreia em terras tupiniquins foi no dia 08 de agosto.
O público-alvo, por razões óbvias, é aquele que já acompanha a obra de autoria de Kōhei Horikoshi, mas isso não quer dizer que os espectadores de primeira viagem fiquem perdidos. Os primeiros minutos do filme são dedicados a fazer uma contextualização do momento que se passa a história e apresentação dos personagens principais àqueles que ainda não o conhecem.
Para embarcar na jornada de ‘My Hero Academia‘, não há uma grande complexidade para entender a trama, ainda mais considerando que é fácil se familiarizar com a premissa da obra: Jovens e super-heróis, algo corriqueiro principalmente aos fãs dos filmes deste gênero que tanto faz sucesso atualmente.
Midoriya e All Might são os pilares de ‘My Hero Academia: Dois Heróis‘. A relação entre os dois, não somente de mestre a aluno, como também podendo ser interpretada até como um relacionamento paterno, é cativante e um dos principais pontos da obra. Os níveis de poder estabelecidos são claros e a mensagem de que o Símbolo da Paz precisa ficar fora de ação momentaneamente para que a história possa andar de modo mais fluente é evidente e necessária.
Embora Midoriya seja o protagonista, a história começa a conquistar ao público de fato quando os demais personagens, colegas de turma, começam a aparecer em tela. Os secundários têm papel importante e o trabalho em equipe entre eles é fundamental para que ‘My Hero Academia‘ funcione, ainda que os maiores holofotes sejam em Midoriya, que é um bom protagonista.
O filme conta com elementos e participações surpreendentes de personagens de grande importância do mangá, ainda que em um breve momento. O tom de perigo, risco e seriedade é multiplicado a partir do momento em que é mostrado o contexto do nível de poder do vilão, fazendo assim um bom link com a obra original, não sendo desta forma uma história totalmente à parte do que o público acompanha semanalmente.
Isso faz com que a produção aparentemente leve e despretensiosa em sua primeira metade ganhe um diferente peso e uma maior dramaticidade, envolvendo a quem assiste. Outro ponto positivo é que os novos personagens somam muito à história e conduzem bem a trama. Melissa e David foram grandes adições. Junto a eles, os já Todoroki e Bakugou, muito queridos pelos fãs, roubam a cena em vários momentos e nos apresentam boas cenas de ação e comédia.
A dublagem brasileira fez um grande trabalho e teve em Guilherme Briggs sua maior força. A voz de All Might foi muito bem representada, assim como o Midoriya de Lipe Volpato, o Bakugou de Fabio Lucindo e Robson Kumode dando vida a Todoroki. A única que não encaixou tão bem com a personalidade do personagem foi Uraraka.
Por outro lado, algo que não foi tão bem trabalhado é a qualidade dos traços, da animação. Em um filme, o esperado é que haja um maior cuidado em relação a este segmento, mas na prática, a qualidade da animação foi inferior a até mesmo diversos episódios do anime. Apenas um uso de CGI no ato final chamou a atenção. Porém, de um modo geral, poderia ter sido melhor.
Dito isso, o saldo final de ‘My Hero Academia: Dois Heróis‘ é positivo. Filmes baseados em mangás e animes costumam ser consideravelmente inferiores às suas obras originais, mas neste caso um bom nível se manteve e a diferença não foi tão discrepante. O tom do filme foi um acerto, assim como o modo de trabalhar vários personagens e ter a capacidade de agradar tanto o público que já conhecia a história quanto aqueles que poderão conhecer e acompanhar pela primeira vez.