quinta-feira , 7 novembro , 2024

Crítica | Nefarious – Criativo e Surpreendente TERROR Psicológico sobre Possessão Demoníaca

Os meses de outubro e novembro são o período mais aguardado pelos fãs de terror. É quando a maioria dos filmes do gênero estreia nos cinemas ou nas plataformas de streaming. No meio de muitas repetições e continuações de franquias já consagradas, às vezes é possível encontrar algumas boas surpresas no mercado. Felizmente isso ocorre neste feriadão prolongado do Dia de Finados com a estreia de ‘Nefarious’, um criativo terror psicológico que promete surpreender o público brasileiro a partir dessa semana nos cinemas.

nefarious4

Nefarious (Sean Patrick Flanery) está condenado à morte pela acusação de diversos homicídios, os quais ele não nega ter cometido. Após a morte misteriosa do antigo psiquiatra do centro de detenção onde Nefarious está preso, o Dr. James Martin (Jordan Belfi), pupilo do especialista anterior, é chamado para atender o caso. Em meio à comoção nacional com relação aos direitos humanos e à disposição do governo estadunidense de decidir quem vive quem morre, Dr. James tem um único trabalho: realizar uma última entrevista com o detento para determinar se ele é dissimulado de verdade – e, portanto, a pena de morte pode ser cumprida –, ou se Nefarious sofre de algum tipo de distúrbio psicológico, e, portanto, não poderia ser responsabilizado pelos seus atos. Tendo já realizado este trabalho inúmeras vezes antes, o que o Dr. James não imaginava é que essa entrevista se tornasse tão pessoal para ele.



Logo nos primeiros minutos de ‘Nefarious’ fica bastante evidente que é uma produção de baixo orçamento. Em nada isso prejudica o filme, mas é perceptível o quanto a história teve que ser construída para utilizar recursos limitados – são poucas as locações (basicamente, um carro, três salas e a área externa do presídio), redução de elenco (apenas quatro personagens têm falas diretas no longa) e contenção de cenário (são poucos os objetos de cena e props). Por outro lado, isso demonstra que a essência de qualquer filme é uma boa história.

nefarious1



E é exatamente esse o ponto forte de ‘Nefarious’. O roteiro de Cary Solomon, Chuck Konzelman com colaboração de Steve Deace parte de um mote muito simples – o embate entre o bem e o mal tendo que ser provado por um outro embate: a ciência versus a legislação –, e baseia a sua essência exatamente nesta bifurcação. Assim, 80% do filme se passa basicamente em um único cenário – a sala onde a tal entrevista se desenrola – enquanto os outros cenários servem apenas para costurar o argumento do filme. Se a maior parte da história se passa em um único local, como ocorre em peças de teatro, os diretores Chuck Konzelman e Cary Solomon, que também escreveram o roteiro, confiaram a eficiência de seu projeto às atuações da dupla principal – o condenado e o psiquiatra. Sean Patrick Flanery e Jordan Belfi, assim, travam longuíssimos debates verborrágicos no melhor exercício retórico, fazendo uso das utilizando as ferramentas morais da sociedade para analisar cada argumento dado pelo demônio.

Nefarious’ é um filme de terror psicológico curioso. Não tanto dá medo, mas planta uma sementinha de paranoia pela criatividade da produção e pode surpreender o público.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Nefarious (Sean Patrick Flanery) está condenado à morte pela acusação de diversos homicídios, os quais ele não nega ter cometido. Após a morte misteriosa do antigo psiquiatra do centro de detenção onde Nefarious está preso, o Dr. James Martin (Jordan Belfi), pupilo do especialista anterior, é chamado para atender o caso. Em meio à comoção nacional com relação aos direitos humanos e à disposição do governo estadunidense de decidir quem vive quem morre, Dr. James tem um único trabalho: realizar uma última entrevista com o detento para determinar se ele é dissimulado de verdade – e, portanto, a pena de morte pode ser cumprida –, ou se Nefarious sofre de algum tipo de distúrbio psicológico, e, portanto, não poderia ser responsabilizado pelos seus atos. Tendo já realizado este trabalho inúmeras vezes antes, o que o Dr. James não imaginava é que essa entrevista se tornasse tão pessoal para ele.

Logo nos primeiros minutos de ‘Nefarious’ fica bastante evidente que é uma produção de baixo orçamento. Em nada isso prejudica o filme, mas é perceptível o quanto a história teve que ser construída para utilizar recursos limitados – são poucas as locações (basicamente, um carro, três salas e a área externa do presídio), redução de elenco (apenas quatro personagens têm falas diretas no longa) e contenção de cenário (são poucos os objetos de cena e props). Por outro lado, isso demonstra que a essência de qualquer filme é uma boa história.

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E é exatamente esse o ponto forte de ‘Nefarious’. O roteiro de Cary Solomon, Chuck Konzelman com colaboração de Steve Deace parte de um mote muito simples – o embate entre o bem e o mal tendo que ser provado por um outro embate: a ciência versus a legislação –, e baseia a sua essência exatamente nesta bifurcação. Assim, 80% do filme se passa basicamente em um único cenário – a sala onde a tal entrevista se desenrola – enquanto os outros cenários servem apenas para costurar o argumento do filme. Se a maior parte da história se passa em um único local, como ocorre em peças de teatro, os diretores Chuck Konzelman e Cary Solomon, que também escreveram o roteiro, confiaram a eficiência de seu projeto às atuações da dupla principal – o condenado e o psiquiatra. Sean Patrick Flanery e Jordan Belfi, assim, travam longuíssimos debates verborrágicos no melhor exercício retórico, fazendo uso das utilizando as ferramentas morais da sociedade para analisar cada argumento dado pelo demônio.

Nefarious’ é um filme de terror psicológico curioso. Não tanto dá medo, mas planta uma sementinha de paranoia pela criatividade da produção e pode surpreender o público.

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