quinta-feira, março 28, 2024

Crítica | Negação

O maior vilão do ano!

Baseado no livro History on Trial: My Day in Court with a Holocaust Denier, de Deborah Lipstadt, Negação é o novo filme do cineasta britânico Mick Jackson, cujo filme mais famoso no currículo é O Guarda-Costas (1992), com Kevin Costner e Whitney Houston.

Na trama do longa, no roteiro adaptado por David Hare (As Horas e O Leitor), a vencedora do Oscar Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel) interpreta Lipstadt, uma professora de história e escritora, que está lançando seu mais recente livro sobre o Holocausto, trágica mancha na humanidade, na qual, durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas, a mando de Adolf Hitler, assassinaram das formas mais cruéis prisioneiros judeus em campos de concentração.

Em seu livro, Lipstadt rebate o auto clamado historiador David Irving (papel do vencedor do prêmio em Cannes Timothy Spall – vocês devem conhecê-lo como Rabicho da saga Harry Potter), um escritor especialista em Hitler, que resolve processá-la por difamação. Em sua alegação, Irving afirma ser um autor renomado, respeitado e de tremando sucesso, com trinta anos de carreira e bom relacionamento com as melhores editoras de livros do país – ao contrário da professora Lipstadt. Assim, a protagonista aceita o desafio de enfrentar o sujeito nos tribunais.

O motivo do embate é a afirmação mais que ousada de Irving, acusando o Holocausto de ser uma fabricação histórica, já que não existem provas contundentes, registros históricos (como fotografias), de que o tal massacre judeu tenha ocorrido – como as câmaras de gás que foram usadas para a erradicação de tal povo. De fato, em uma de suas aulas, Lipstadt cita que Hitler e os nazistas não queriam registros e documentação do terrível ato que cometiam. Tem início uma interessante e importante batalha legal para provar um fato da história, quase improvável.

Apesar do tema bem suculento, e de alguns elementos que citarei a seguir, Negação tem a estética, estrutura e funcionalidade de um telefilme britânico. É um filme previsível, sem grandes surpresas ou reviravoltas, e parte disso está em sua montagem didática e narrativa pra lá de convencional e conservadora. O material fonte é tão bom que poderia render uma produção marcante, dessas com peso de premiações. Do jeito que está, parece realmente uma criação feita para a TV. E este é o aspecto mais negativo do longa de Jackson.

Retornando aos elementos citados no parágrafo acima, apesar de se comportar como um telefilme britânico, Negação tem um roteiro muito bem costurado, que não deixa espaço para hesitações e trechos a serem limados. O texto de Hare vai direto ao ponto sem rodeios, é objetivo e conclusivo dando o recado de forma direta, e adereçando toda e qualquer pergunta que poderíamos ter sobre a obra.  Além disso, o roteiro serve bem seus intérpretes, capazes de com isso entregar atuações seguras, pairando acima da média. Neste quesito, o destaque fica para o odioso retrato criado por Spall, que entrega o melhor vilão do ano no cinema, um ser humano muito falho, cheio de preconceitos e intolerância, sem que ao menos perceba. A criação de Spall foge da caricatura, acertando na nota ideal e se tornando o maior atrativo na tela.

Negação também traça um enorme paralelo, consciente ou inconscientemente, com a intolerância e o radicalismo pelo qual o mundo passa atualmente. Na era de Trump, de medidas extremas, o novo trabalho de Jackson se mostra essencial, cuja mensagem precisa e deve transcender suas qualidades cinematográficas.

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