Criada e produzida por Debora Cahn — responsável por The West Wing – Nos Bastidores do Poder (1999-2006) e Homeland (2011-2020) — , A Diplomata volta ao segundo ano exatamente a partir do seu acachapante final de primeira temporada. Com a inesperada explosão do veículo de um importante informante, a embaixadora estadunidense Katy Wyler (Keri Russell) vê-se envolvida em uma trama internacional e responsável pela perda de um dos membros da sua equipe no Reino Unido.
É impossível não sentir-se enredado pela personalidade concebida por Keri Russell a protagonista desta série política. Tendo os conflitos entre o Reino Unido e os países do Golfo Pérsico e a Rússia, os Estados Unidos sempre se apresentam como um tanque de guerra pronto para entrar em ação ao menor disparo. Nessa temporada, a trama inicial do bombardeamento de um navio britânico ganha novos contornos e um desfecho dinâmico e pouco esperado.
A grande questão dos primeiros episódios é se o primeiro-ministro do Reino Unido, Nicol Townbridge (Rory Kinnear), é responsável pela morte dos 41 militares envolvidos no fatal episódio no Golfo. Com uma trama muito bem trabalhada para nos convencer de todas as possibilidades, o roteiro é certeiro ao nos deixar saber tanto o quanto a protagonista e questionarmos todos os envolvidos assim como ela, às vezes, até as atitudes da própria.
A agente da CIA Eidra Park (Ali Ahn) ganha mais destaque nessa temporada e suas diferenças com Katy convergem e divergem a cada episódio, além de termos ainda os desenlaces do seu findado romance secreto. Após o incidente da bomba, Stuart (Ato Essandoh) ao invés de preparar Katy para ocupar o cargo de vice-presidente como esperado, ele começa a duvidar das habilidades da embaixadora para lidar com problemas diplomáticos, não somente pela sua falta de elegância; mas também por sua maneira de solucionar problemas.
Traumatizado pela explosão ao ponto de não poder escutar fogos de artifícios, o personagem também ganha novas proporções e torna-se um alívio cômico da série, sempre bem pontuado e necessário, no meio de dezenas de reuniões diplomáticas e intrigas. Cada episódio é um empuxo para o próximo, sempre que mergulhamos nos dilemas e mistérios em um, nos movemos com rapidez na busca das soluções no seguinte, tornando os novos seis capítulos totalmente prazerosos.
Por outro lado, as faíscas acesas na última temporada entre o secretário de relações externas Denisson (David Gyasi) e Katy são apagadas com enormes jatos de águas. A presença constante, e sempre indeterminada, do cônjuge Hal (Rufus Sewell) na vida de Katie coloca o foco em uma possível reconciliação do casal. Aprisionados em um relacionamento de gata e rato, eles amam se odiar e a dinâmica entre eles é divertida.
Ao mesmo tempo em que Katy deseja livrar-se de Hal, ele precisa dos seus movimentos inescrupulosos para poder avançar com seus planos. Ao descobrirmos o mandante da operação da primeira temporada, o tabuleiro do jogo político gira 360° em torno da embaixadora, mas ainda há muitas peças fora da placa. Os principais nomes dessa temporada são Margaret Roylin (Celia Imrie) e a grande surpresa é a atual vice-presidente Grace Penn (Allison Janney).
Se antes Katy não queria assumir o cargo de vice-presidenta por conta da sua inadequação midiática e fashionista, o seu interesse político pelo jogo dentro das quatro linhas a induz a almejar o cargo para um bem maior. Para a composição dessa estratégia, entram em campo tanto a atual vice-presidente quanto o presidente William Rayburn (Michael McKean).
Nesse pêndulo entre o desejo de fazer o correto e punir os culpados, Katy encontra-se encurralada em suas próprias intervenções indevidas e, principalmente, não solicitadas pelo Reino Unido. Com toda uma estratégia de cartas invertidas durantes pouco mais de seis horas, A Diplomata – 2ª Temporada volta com vontade de se perdurar por mais tempo na Netflix e, assim como no seu primeiro ano, o desfecho dessa fase é de suspender a nossa respiração e nos deixa com a boca entreaberta durante os créditos finais.