sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

Crítica Netflix | Expresso do Destino – Comédia Romântica de Viagem Cultural à Turquia


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Para além da história, Expresso do Destino (Yarina Tek Bilet) possui o marco de ser o primeiro filme original da Turquia produzido pela Netflix. Com a responsabilidade de transmitir um pouco da imagem turca ao público de centenas de países do streaming, a comédia romântica de Ozan Açıktan é uma adaptação do filme sueco How to Stop a Wedding (2015), pouquíssimo conhecido fora do seu país. 

Com características de filme independente e despretensioso, a obra é centrada em dois personagens, Leyla (Dilan Çiçek Deniz) e Ali (Metin Akdülger), que se conhecem na cabine de um trem da capital Ankara em direção à cidade Izmir, durante 14h de viagem. Ou seja, bastante tempo para dois desconhecidos saberem um pouco mais sobre o outro. Apesar de a primeira vista lembrar o já clássico Antes do Amanhecer (1995), de Richard Linklater, a proposta do filme é completamente diferente e as semelhanças entre os dois são apenas dois desconhecidos dentro de um trem. 



Expresso do Destino

O distanciamento é evidente pela falta de composição de diálogo. Centrado em dois personagens, o mínimo que o espectador espera é um fluxo de ideias envolvente, tal como escrito por Linklater. Contudo, o objetivo da história é criar um mistério, um confronto e uma resolução. Assim, Expresso do Destino começa com Leyla hesitante a entrar no trem, mas em última hora decide seguir a bordo. No entanto, ela toma o assento de Ali, o qual questiona a presença de uma mulher em sua cabine. 

Soa um pouco irritante a princípio a curiosidade do rapaz sobre a figura da moça, mas logo o espectador descobre que não é normal na Turquia um homem e uma mulher sem parentesco viajarem juntos no mesmo ambiente. Com mistérios sendo revelados pouco a pouco, a história mantém-se interessante, apesar dos diálogos rasos. Em contrapartida, a música é o ponto alto da narrativa e ela se integra às falas dos personagens. 


Expresso do Destino 3

As melhores cenas são quando ambos decidem apresentar ao outro músicas turcas que falam por eles, um processo sinestésico de compreensão. Nestes momentos, as sequências são bonitas e é aprazível conhecer mais um aspecto da cultura turca, além dos comportamentos e relações sociais. Se as paisagens pela janela não são espetaculares, embora representativas, as canções selecionadas são estimulantes e nos insere na ambientação geográfica. 

A escolha de dividir o filme em várias partes torna-se um diversão metalinguística da própria obra, mas não ajuda no enredo. Com a boa performance dos protagonistas, a linguagem morna do filme consegue ganhar corpo e o desenvolvimento dos dois, entre provocações e reparações, soa factível e jocoso. Além disso, a Miss Universo Turquia 2014, Dilan Çiçek Deniz, possui um olhar expressivo e uma beleza cativante. 

Assista também: 
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Expresso do Destino 2

O encanto do filme é ser um romance sem forçar um jogo de sedução ou apelos taxativos, mas na perspectiva dos acasos e nas desilusões da vida. Os personagens, no entanto, não são tão bem desenvolvidos, mas é possível especular que o mistério sobre esses dois indivíduos faça parte do contexto do roteiro. Afinal, em 1h30 de filme, a gente compartilha apenas o dizer deles sobre eles mesmos em uma conjuntura de 14h. 

Embora seja uma obra curta e de poucas ambientações, o roteiro apresenta reviravoltas, jogos de perspectivas e prende a atenção do público. Com um final otimista e imaginativo, Expresso do Destino permite o escapismo a uma viagem internacional, mesmo que não ouse dar voos radicais, e se finda ao som da belíssima canção Le Vent Nous Portera (O Vento nos Levará), na voz de Sophie Hunger


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Crítica Netflix | Expresso do Destino – Comédia Romântica de Viagem Cultural à Turquia

Para além da história, Expresso do Destino (Yarina Tek Bilet) possui o marco de ser o primeiro filme original da Turquia produzido pela Netflix. Com a responsabilidade de transmitir um pouco da imagem turca ao público de centenas de países do streaming, a comédia romântica de Ozan Açıktan é uma adaptação do filme sueco How to Stop a Wedding (2015), pouquíssimo conhecido fora do seu país. 

Com características de filme independente e despretensioso, a obra é centrada em dois personagens, Leyla (Dilan Çiçek Deniz) e Ali (Metin Akdülger), que se conhecem na cabine de um trem da capital Ankara em direção à cidade Izmir, durante 14h de viagem. Ou seja, bastante tempo para dois desconhecidos saberem um pouco mais sobre o outro. Apesar de a primeira vista lembrar o já clássico Antes do Amanhecer (1995), de Richard Linklater, a proposta do filme é completamente diferente e as semelhanças entre os dois são apenas dois desconhecidos dentro de um trem. 

Expresso do Destino

O distanciamento é evidente pela falta de composição de diálogo. Centrado em dois personagens, o mínimo que o espectador espera é um fluxo de ideias envolvente, tal como escrito por Linklater. Contudo, o objetivo da história é criar um mistério, um confronto e uma resolução. Assim, Expresso do Destino começa com Leyla hesitante a entrar no trem, mas em última hora decide seguir a bordo. No entanto, ela toma o assento de Ali, o qual questiona a presença de uma mulher em sua cabine. 

Soa um pouco irritante a princípio a curiosidade do rapaz sobre a figura da moça, mas logo o espectador descobre que não é normal na Turquia um homem e uma mulher sem parentesco viajarem juntos no mesmo ambiente. Com mistérios sendo revelados pouco a pouco, a história mantém-se interessante, apesar dos diálogos rasos. Em contrapartida, a música é o ponto alto da narrativa e ela se integra às falas dos personagens. 

Expresso do Destino 3

As melhores cenas são quando ambos decidem apresentar ao outro músicas turcas que falam por eles, um processo sinestésico de compreensão. Nestes momentos, as sequências são bonitas e é aprazível conhecer mais um aspecto da cultura turca, além dos comportamentos e relações sociais. Se as paisagens pela janela não são espetaculares, embora representativas, as canções selecionadas são estimulantes e nos insere na ambientação geográfica. 

A escolha de dividir o filme em várias partes torna-se um diversão metalinguística da própria obra, mas não ajuda no enredo. Com a boa performance dos protagonistas, a linguagem morna do filme consegue ganhar corpo e o desenvolvimento dos dois, entre provocações e reparações, soa factível e jocoso. Além disso, a Miss Universo Turquia 2014, Dilan Çiçek Deniz, possui um olhar expressivo e uma beleza cativante. 

Expresso do Destino 2

O encanto do filme é ser um romance sem forçar um jogo de sedução ou apelos taxativos, mas na perspectiva dos acasos e nas desilusões da vida. Os personagens, no entanto, não são tão bem desenvolvidos, mas é possível especular que o mistério sobre esses dois indivíduos faça parte do contexto do roteiro. Afinal, em 1h30 de filme, a gente compartilha apenas o dizer deles sobre eles mesmos em uma conjuntura de 14h. 

Embora seja uma obra curta e de poucas ambientações, o roteiro apresenta reviravoltas, jogos de perspectivas e prende a atenção do público. Com um final otimista e imaginativo, Expresso do Destino permite o escapismo a uma viagem internacional, mesmo que não ouse dar voos radicais, e se finda ao som da belíssima canção Le Vent Nous Portera (O Vento nos Levará), na voz de Sophie Hunger

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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