domingo , 17 novembro , 2024

Crítica Netflix | ‘O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas’ tenta desvendar sua morte, mas oferece apenas especulações

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Adorada pelo mundo todo, mas amargurada e infeliz por jamais ter se libertado das inseguranças nascidas de um passado e de um presente sofridos, a estrela se tornou alvo do fascínio dos cinéfilos, amantes das mentes mais assanhadas e tema de documentaristas, que sempre tentaram comprimir a complexidade de ser quem ela era, em pouco menos de duas horas de filme. Mas uma vez mais, preencher as lacunas de sua vida segue sendo uma tarefa incompleta, o que torna O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas um documentário mais feito para os curiosos, do que a definitiva conclusão sobre a artista.

A beleza estonteante e hipnotizante que escondia em si as dores e os traumas de uma vida marcada pelo abandono tornou Marilyn Monroe um enigma para o mundo. Ainda que ela estampasse uma profunda sensualidade em seu olhar, em seu corpo e em suas performances e exalasse o perfume da fama e do sucesso, a atriz nunca conseguiu ter aquilo que mais sonhou: o amor de uma família que fosse sua.



E é notável que o jornalista Anthony Summers foi fisgado de forma obsessiva por essa vida e morte – o que o levou a dedicar parte de sua carreira profissional a uma investigação minuciosa. Aqui, voltando-se a todo o trabalho apurado nos anos 80, época em que o caso referente à morte da atriz fora reaberto, ele tenta entender a dimensão do romance de Monroe com o presidente John Kennedy e com o senador Bobby Kennedy. Horas infindáveis de entrevistas com pessoas que conheceram e conviveram com a artista tentam preencher um quebra-cabeça que desde 1962, data da morte da atriz, permanece com uma interrogação: teriam os irmãos Kennedy algo a ver com o seu trágico fim?

Mas embora a diretora Emma Cooper tente entregar o próximo documentário favorito dos assinantes da Netflix, O Mistério de Marilyn Monroe se perde em simulações exageradas e respostas às perguntas que não foram feitas pela audiência. Para tentar desvendar a estranha morte da atriz, a documentarista e Summers reviram o seu tumultuado passado amoroso, exploram a doentia dinâmica relacional existente entre ela e figuras como o cineasta Arthur Miller e os irmãos John e Robert Kennedy, fazendo uma ultra exposição de algo que mais envergonha do que de fato celebra a artista.

E ainda que a coleta documental seja impressionante e a boa montagem do filme vanglorie a Old Hollywood – levando a audiência a uma epifania de glamour e luxúria -, O Mistério de Marilyn Monroe nada acrescenta para a compreensão de quem foi a artista e não desvenda o famigerado mistério. Repetindo muito do que já fora explorado em documentários anteriores, o longa visa saciar uma angústia pessoal do pesquisador, que possui uma vastidão de documentos explicativos que visam corroborar com suas teorias a respeito da morte da atriz.

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E mesmo não sendo uma oportunidade perdida para os cinéfilos, a experiência de assistir ao documentário é um tanto desconfortável. Embora encante o nosso lado mais sedento por fofocas hollywoodianas e pela quebra da perfeição que norteia a indústria, é também bastante imoral. Explorando a subversiva e indigna vida sexual da atriz com dois Kennedy casados, O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas expõe uma perversão desnecessária, que no fim do dia, nos faz sentir sujos – ainda que impactados – por sabermos até demais sobre uma vida a três ocultada do mundo todo.

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A beleza estonteante e hipnotizante que escondia em si as dores e os traumas de uma vida marcada pelo abandono tornou Marilyn Monroe um enigma para o mundo. Ainda que ela estampasse uma profunda sensualidade em seu olhar, em seu corpo e em suas performances e exalasse o perfume da fama e do sucesso, a atriz nunca conseguiu ter aquilo que mais sonhou: o amor de uma família que fosse sua.

E é notável que o jornalista Anthony Summers foi fisgado de forma obsessiva por essa vida e morte – o que o levou a dedicar parte de sua carreira profissional a uma investigação minuciosa. Aqui, voltando-se a todo o trabalho apurado nos anos 80, época em que o caso referente à morte da atriz fora reaberto, ele tenta entender a dimensão do romance de Monroe com o presidente John Kennedy e com o senador Bobby Kennedy. Horas infindáveis de entrevistas com pessoas que conheceram e conviveram com a artista tentam preencher um quebra-cabeça que desde 1962, data da morte da atriz, permanece com uma interrogação: teriam os irmãos Kennedy algo a ver com o seu trágico fim?

Mas embora a diretora Emma Cooper tente entregar o próximo documentário favorito dos assinantes da Netflix, O Mistério de Marilyn Monroe se perde em simulações exageradas e respostas às perguntas que não foram feitas pela audiência. Para tentar desvendar a estranha morte da atriz, a documentarista e Summers reviram o seu tumultuado passado amoroso, exploram a doentia dinâmica relacional existente entre ela e figuras como o cineasta Arthur Miller e os irmãos John e Robert Kennedy, fazendo uma ultra exposição de algo que mais envergonha do que de fato celebra a artista.

E ainda que a coleta documental seja impressionante e a boa montagem do filme vanglorie a Old Hollywood – levando a audiência a uma epifania de glamour e luxúria -, O Mistério de Marilyn Monroe nada acrescenta para a compreensão de quem foi a artista e não desvenda o famigerado mistério. Repetindo muito do que já fora explorado em documentários anteriores, o longa visa saciar uma angústia pessoal do pesquisador, que possui uma vastidão de documentos explicativos que visam corroborar com suas teorias a respeito da morte da atriz.

E mesmo não sendo uma oportunidade perdida para os cinéfilos, a experiência de assistir ao documentário é um tanto desconfortável. Embora encante o nosso lado mais sedento por fofocas hollywoodianas e pela quebra da perfeição que norteia a indústria, é também bastante imoral. Explorando a subversiva e indigna vida sexual da atriz com dois Kennedy casados, O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas expõe uma perversão desnecessária, que no fim do dia, nos faz sentir sujos – ainda que impactados – por sabermos até demais sobre uma vida a três ocultada do mundo todo.

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