sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Noite de Lobos – Clima gélido em novo suspense Netflix

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Com os elogiados Ruína Azul (2013) e Sala Verde (2015) como filmes anteriores, o cineasta Jeremy Saulnier dá agora o passo mais ambicioso de sua carreira, no comando de uma produção da Netflix. E por que essa é sua maior investida, você pergunta? Porque aqui sentimos, mais que em seus projetos passados, um amadurecimento narrativo, no qual o diretor deliberadamente leva seu tempo para desenvolver trama e personagens.

Noite de Lobos (Hold the Dark) fez sua estreia no Festival de Toronto este ano e seguiu para o Fantastic Fest, tudo em setembro, sendo lançado agora na plataforma que é um verdadeiro colosso do audiovisual. O longa é baseado no livro de William Giraldi e tem adaptação do roteiro de Macon Blair, ator e roteirista de outros filmes da casa, vide Já Não me Sinto em Casa Neste Mundo (premiado no Festival de Sundance) e Pequenos Delitos (2017).



A trama se passa no Alasca, onde num pequeno vilarejo lobos são o maior temor dos pais de crianças. Recentemente, o local sofreu com a morte de três pequenos, arrastados pelos animais para a floresta que cerca a cidadezinha. Agora, a tragédia se abate novamente, desta vez sobre a família Slone, cujo filho Bailey (Beckam Crawford), de seis anos, desapareceu enquanto brincava do lado de fora de sua casa. A mãe do menino (papel da bela Riley Keough, de Mad Max: Estrada da Fúria) entra em contato com Russell Core (Jeffrey Wright, da série Westworld), caçador e escritor especialista em lobos, para que ele a ajude.

Noite de Lobos é uma obra curiosa, se mostrando muito mais complexa do que ludibriosamente nos faz entender a sinopse e as prévias. Portanto, não vá você pensar que esta é apenas uma história sobre lobos assassinos e famintos que matam crianças. O buraco é mais embaixo. Na verdade, ainda no começo da narrativa temos a premissa descartada e compreendemos que a situação vai além – sendo muito mais esta uma trama sobre pessoas e seu lado negro, do que sobre as criaturas que andam em matilhas.

O gelo, a neve e o clima frio do lugar são por si só personagens, dando o tom desta história macabra e repleta de reviravoltas. Junte a isso folclores locais e lendas sobre feitiçaria, magia negra e outras crenças dos moradores, grande parte de descendência nativo-americana. O terceiro jogador a entrar em cena é Vernon Slone, pai do menino, vivido pelo premiado Alexander Skarsgard, servindo no exército, ele volta do Oriente Médio após ser ferido – mas não antes de se rebelar (para dizer no mínimo) contra um colega de uniforme que aproveitou o calor da guerra para cometer uma atrocidade.

Uma vez no local, o personagem de Skarsgard, também dono de suas próprias cicatrizes, procura entender o que houve com sua família, incluindo um mistério envolvendo a própria esposa (que não vale revelar aqui). O elenco principal conta ainda com James Badge Dale (Homem de Ferro 3), que interpreta o xerife do lugarejo. Os atores estão empenhados e entregam boas performances, em especial o protagonista Jeffrey Wright. Repleto de lamentos, que dizem respeito ao relacionamento com a filha, o escritor serve como nossos olhos por esta jornada, e a reação do espectador é muito semelhante à dele a cada guinada de novos fatos.

Noite de Lobos é uma produção exuberante em seu escopo. O cineasta tem cacife e sabe usar a direção de arte, fotografia e as locações a favor do espetáculo visual. Este é um daqueles filmes que nos imerge apenas pelo quesito técnico, através da majestosa condução de seu realizador. O texto suntuoso, repleto de camadas, será o atrativo para muitos. A simplicidade enganosa será barreira para outros, que forem esperando o que sabiam até então do projeto – repito, não é o que você está pensando. Para este que vos fala, o que nos é entregue consegue sobressair por completo, afinal ganhamos um enredo bem psicológico e grande estudo de personagens e do ser humano em si.

A narrativa rebuscada e por vezes muito desacelerada, para grande parte do público da plataforma, poderá se mostrar um problema. No entanto, o que joga verdadeiramente contra o longa é o grande desvio dado na trama principal, tirando o foco do cerne verdadeiro e ganhando tempo para frivolidades, a fim de imprimir um ritmo mais adrenalinesco e visceral à produção, o que, francamente, termina por soar como puro exercício em técnica, sem somar ao todo. Nada que tire os méritos desta obra indiscutivelmente acima da média – que ainda reserva um dos melhores desfechos do ano, do tipo que guarda mais perguntas do que respostas.

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Noite de Lobos (Hold the Dark) fez sua estreia no Festival de Toronto este ano e seguiu para o Fantastic Fest, tudo em setembro, sendo lançado agora na plataforma que é um verdadeiro colosso do audiovisual. O longa é baseado no livro de William Giraldi e tem adaptação do roteiro de Macon Blair, ator e roteirista de outros filmes da casa, vide Já Não me Sinto em Casa Neste Mundo (premiado no Festival de Sundance) e Pequenos Delitos (2017).

A trama se passa no Alasca, onde num pequeno vilarejo lobos são o maior temor dos pais de crianças. Recentemente, o local sofreu com a morte de três pequenos, arrastados pelos animais para a floresta que cerca a cidadezinha. Agora, a tragédia se abate novamente, desta vez sobre a família Slone, cujo filho Bailey (Beckam Crawford), de seis anos, desapareceu enquanto brincava do lado de fora de sua casa. A mãe do menino (papel da bela Riley Keough, de Mad Max: Estrada da Fúria) entra em contato com Russell Core (Jeffrey Wright, da série Westworld), caçador e escritor especialista em lobos, para que ele a ajude.

Noite de Lobos é uma obra curiosa, se mostrando muito mais complexa do que ludibriosamente nos faz entender a sinopse e as prévias. Portanto, não vá você pensar que esta é apenas uma história sobre lobos assassinos e famintos que matam crianças. O buraco é mais embaixo. Na verdade, ainda no começo da narrativa temos a premissa descartada e compreendemos que a situação vai além – sendo muito mais esta uma trama sobre pessoas e seu lado negro, do que sobre as criaturas que andam em matilhas.

O gelo, a neve e o clima frio do lugar são por si só personagens, dando o tom desta história macabra e repleta de reviravoltas. Junte a isso folclores locais e lendas sobre feitiçaria, magia negra e outras crenças dos moradores, grande parte de descendência nativo-americana. O terceiro jogador a entrar em cena é Vernon Slone, pai do menino, vivido pelo premiado Alexander Skarsgard, servindo no exército, ele volta do Oriente Médio após ser ferido – mas não antes de se rebelar (para dizer no mínimo) contra um colega de uniforme que aproveitou o calor da guerra para cometer uma atrocidade.

Uma vez no local, o personagem de Skarsgard, também dono de suas próprias cicatrizes, procura entender o que houve com sua família, incluindo um mistério envolvendo a própria esposa (que não vale revelar aqui). O elenco principal conta ainda com James Badge Dale (Homem de Ferro 3), que interpreta o xerife do lugarejo. Os atores estão empenhados e entregam boas performances, em especial o protagonista Jeffrey Wright. Repleto de lamentos, que dizem respeito ao relacionamento com a filha, o escritor serve como nossos olhos por esta jornada, e a reação do espectador é muito semelhante à dele a cada guinada de novos fatos.

Noite de Lobos é uma produção exuberante em seu escopo. O cineasta tem cacife e sabe usar a direção de arte, fotografia e as locações a favor do espetáculo visual. Este é um daqueles filmes que nos imerge apenas pelo quesito técnico, através da majestosa condução de seu realizador. O texto suntuoso, repleto de camadas, será o atrativo para muitos. A simplicidade enganosa será barreira para outros, que forem esperando o que sabiam até então do projeto – repito, não é o que você está pensando. Para este que vos fala, o que nos é entregue consegue sobressair por completo, afinal ganhamos um enredo bem psicológico e grande estudo de personagens e do ser humano em si.

A narrativa rebuscada e por vezes muito desacelerada, para grande parte do público da plataforma, poderá se mostrar um problema. No entanto, o que joga verdadeiramente contra o longa é o grande desvio dado na trama principal, tirando o foco do cerne verdadeiro e ganhando tempo para frivolidades, a fim de imprimir um ritmo mais adrenalinesco e visceral à produção, o que, francamente, termina por soar como puro exercício em técnica, sem somar ao todo. Nada que tire os méritos desta obra indiscutivelmente acima da média – que ainda reserva um dos melhores desfechos do ano, do tipo que guarda mais perguntas do que respostas.

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