quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | O Amante de Lady Chatterley – Atriz de ‘The Crown’ Vive Romance Picante em Filme da Netflix

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Uma coisa a Netflix percebeu nos últimos anos: romances picantes têm um grande público. Razão pela qual a gigante do streaming tem investido discreta mas constantemente em produções que envolvam um romance mais caliente aos seus assinantes. Por mais que isso possa parecer novidade para muitas pessoas, não é; a indústria do livro já sabia desse filão há muitos séculos, publicando livros de romance picante em formatos mais acessíveis ao bolso do público, dentre os quais está ‘O Amante de Lady Chatterley’, romance de D. H. Lawrence da década de 1920 e que chegou na virada do ano em nova adaptação cinematográfica na plataforma da Netflix e figura entre os mais vistos da plataforma desde então.



A jovem Connie (Emma Corrin, que recentemente fez a Lady Di em ‘The Crown’) está apaixonada pelo seu noivo, Clifford (Matthew Duckett). Recém-casados, eles mal têm tempo de se curtir, pois Clifford é enviado para a guerra. O tempo passa e Clifford volta da guerra, porém, infelizmente retorna com as pernas paralisadas pelos traumas sofridos. Numa tentativa de recomeçar, o jovem casal se muda para a casa de campo da família de Clifford Chatterley, no interior do país. Porém, o que parecia ser uma boa ideia para uma vida calma a dois rapidamente mostra seus empecilhos, distanciando ainda mais o casal que pouco conseguiu conviver juntos. Impossibilitado de ter filhos, Clifford sugere que Connie encontre um homem com quem possa se relacionar, para, assim, engravidar, mas com uma única condição: que ele não soubesse quem o tal homem era. A ideia ousada e estranha ganha contornos de liberdade para Connie, especialmente quando passa a conhecer mais a fundo o misterioso e introvertido Oliver (Jack O’Connell), o caseiro da propriedade.

Em duas horas, ‘O Amante de Lady Chatterley’ abrange bem a essência do romance do início século XX, dando espaço para apresentação dos personagens e se debruçando muito mais no universo em abismo da protagonista mulher. Ainda assim, curiosamente, o filme (e o livro) levam o nome do amante no título, ainda que a história não seja sobre ele.

David Magee constrói um roteiro que favorece a protagonista em todos os quesitos: as angústias de Connie são retratadas com câmera em close para favorecer a atuação de Emma Corrin; as cenas de sexo demonstram uma relação respeitosa de amor em que Oliver o tempo todo demonstra querer satisfazer a amada, que só então está despertando para o mundo dos prazeres. Laure de Clermont-Tonnerre faz de seu filme um belo retrato do despertar sexual, em uma época em que a palavra “prazer” ainda não era permitida às mulheres; para tal, as cenas de interação entre os atores Emma Corrin e Jack O’Connell são bastante convincentes, ainda que fictícias: a câmera foca principalmente nas emoções do rosto de Connie e, às vezes, abre o plano para as cenas de sexo em meio à natureza em maneira selvática e afetuosa que a relação dos dois vai eregindo.

Envolvente, ‘O Amante de Lady Chatterley’ é uma história de amor e de tesão, mas acima de tudo sobre amor, e a (falta) de liberdade que as mulheres (ainda) têm neste departamento. O filme funciona como romance suavemente picante, com ótimas cenas de interação entre os protagonistas. Um clássico da literatura mundial que foi muito bem adaptado em sua nova versão.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A jovem Connie (Emma Corrin, que recentemente fez a Lady Di em ‘The Crown’) está apaixonada pelo seu noivo, Clifford (Matthew Duckett). Recém-casados, eles mal têm tempo de se curtir, pois Clifford é enviado para a guerra. O tempo passa e Clifford volta da guerra, porém, infelizmente retorna com as pernas paralisadas pelos traumas sofridos. Numa tentativa de recomeçar, o jovem casal se muda para a casa de campo da família de Clifford Chatterley, no interior do país. Porém, o que parecia ser uma boa ideia para uma vida calma a dois rapidamente mostra seus empecilhos, distanciando ainda mais o casal que pouco conseguiu conviver juntos. Impossibilitado de ter filhos, Clifford sugere que Connie encontre um homem com quem possa se relacionar, para, assim, engravidar, mas com uma única condição: que ele não soubesse quem o tal homem era. A ideia ousada e estranha ganha contornos de liberdade para Connie, especialmente quando passa a conhecer mais a fundo o misterioso e introvertido Oliver (Jack O’Connell), o caseiro da propriedade.

Em duas horas, ‘O Amante de Lady Chatterley’ abrange bem a essência do romance do início século XX, dando espaço para apresentação dos personagens e se debruçando muito mais no universo em abismo da protagonista mulher. Ainda assim, curiosamente, o filme (e o livro) levam o nome do amante no título, ainda que a história não seja sobre ele.

David Magee constrói um roteiro que favorece a protagonista em todos os quesitos: as angústias de Connie são retratadas com câmera em close para favorecer a atuação de Emma Corrin; as cenas de sexo demonstram uma relação respeitosa de amor em que Oliver o tempo todo demonstra querer satisfazer a amada, que só então está despertando para o mundo dos prazeres. Laure de Clermont-Tonnerre faz de seu filme um belo retrato do despertar sexual, em uma época em que a palavra “prazer” ainda não era permitida às mulheres; para tal, as cenas de interação entre os atores Emma Corrin e Jack O’Connell são bastante convincentes, ainda que fictícias: a câmera foca principalmente nas emoções do rosto de Connie e, às vezes, abre o plano para as cenas de sexo em meio à natureza em maneira selvática e afetuosa que a relação dos dois vai eregindo.

Envolvente, ‘O Amante de Lady Chatterley’ é uma história de amor e de tesão, mas acima de tudo sobre amor, e a (falta) de liberdade que as mulheres (ainda) têm neste departamento. O filme funciona como romance suavemente picante, com ótimas cenas de interação entre os protagonistas. Um clássico da literatura mundial que foi muito bem adaptado em sua nova versão.

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