quinta-feira , 14 novembro , 2024

Crítica | O Chamado da Floresta – A pedida ideal para as Férias da Garotada

Cão Herói

Tentar questionar os feitos inacreditáveis do cão Buck nesta superprodução é uma tarefa inútil. É preciso ter em mente que este é um filme de entretenimento mirado para a família toda. E quando falamos em uma produção deste porte atualmente, ela é sinônimo de efeitos especiais, ação desenfreada e muito mirabolismo – algo como os filmes de super-heróis que lotam as salas de cinema mundiais. Dentro deste parâmetro, ainda é possível encontrar mais humanidade neste O Chamado da Floresta do que em muitas das produções do gênero citado acima.

Trata-se da terceira adaptação para as telonas do clássico livro escrito por Jack London, depois de O Grito da Selva (1935), com Clark Gable, e Catástrofe nas Selvas (1972), com Charlton Heston. Isso sem falar de um filme feito para a TV ainda em 1976, outra produção televisiva em 1997 (protagonizada pelo saudoso Rutger Hauer), uma série em 2000, e até uma produção em 3D levemente baseada na obra original. Ufa. Este é praticamente um Adoráveis Mulheres canino.



Primeira produção a ser lançada com o logo 20th Century Pictures (sem Fox) após a compra da Disney, a trama aqui é dividida em dois atos. Na primeira parte, o híbrido das raças São Bernardo e Scotch Shepherd, Buck, é o “terror” de uma pequena cidade americana na década de 1890. Grandalhão, desastrado, sempre faminto, mas muito inteligente, Buck é o animal de estimação do juiz Miller (papel de Bradley Whitford). Acostumado a viver entre humanos, o cachorro é sequestrado da Califórnia e vendido na gelada Yukon, Canadá, onde logo vira um cão puxador de trenó. Neste primeiro momento seu dono é interpretado por Omar Sy e sua tarefa é entregar correspondência por terrenos perigosos.

É neste primeiro trecho que se encontra o maior brilho do filme, em especial ao traduzir com propriedade e insight o “espírito da matilha”, de como funciona a hierarquia animal – não muito diferente da selva humana. Buck, o novato na equipe, começa a se tornar uma ameaça para Spitz, o líder dos cães, um Husky Siberiano. Até de fato se impor e se tornar o novo líder. Aqui também temos levemente adereçada a síndrome dos tempos modernos, onde homens começavam a perder seus empregos para máquinas.

O segundo ato traz Harrison Ford à frente do elenco, intervindo pelo cão quando este é comprado por um ganancioso e caricato almofadinha (papel de Dan Stevens), o vilão do filme. O objetivo do sujeito é o pano de fundo da história, a corrida do ouro do período, onde muitos tiraram suas fortunas dos rios repletos de pepitas do reluzente minério. É aqui que O Chamado da Floresta desacelera, decaindo em subtramas desinteressantes e menos desenvolvidas. A relação de Buck com seus ancestrais, por exemplo, é prenunciada durante a projeção, mas só é inserida de fato nos quarenta e cinco do segundo tempo.

O que impressiona de verdade é o efeito que traz Buck à vida em tela. Sim, o cachorro aqui é completamente gerado por computadores – com uma tecnologia que usa um cão de verdade como molde, capturando seus movimentos e os reproduzindo através de efeitos visuais. Há alguns anos vivíamos afirmando que tais efeitos estavam quase lá. Bem, hoje é seguro dizer que já estamos lá neste quesito. Em algumas cenas é difícil imaginar que não estamos vendo um cachorro de verdade diante de nossos olhos, tamanho o realismo empregado na técnica. Fora isso, o roteiro cria Buck como um dos melhores protagonistas caninos da história do cinema. Seu carisma é palpável. Suas ações louváveis.

O capricho na parte técnica e efeitos, e o dinamismo do longa se deve pela direção de Chris Sanders, um especialista no quesito, em seu primeiro filme com atores reais. Anteriormente, o cineasta esteve no comando de sucessos da animação como Lilo & Stitch (2002), Como Treinar o Seu Dragão (2010) e Os Croods (2013).

O Chamado da Floresta, assim como seu protagonista, é um híbrido: entre o antigo e o moderno. Em seu núcleo usa como material fonte uma história publicada em 1903, respeitando sua essência e se comportando como uma aventura de matinê à moda antiga – onde os principais predicados eram a inocência e valores primordiais (talvez perdidos numa era cada vez mais cínica). Por outro lado, usa a forma dos blockbusters atuais, repleto dos elementos confeccionados especialmente para prender a atenção da garotada dispersa de hoje – a qual tende a se desinteressar por menos de cinco eventos ocorrendo ao mesmo tempo.

Dessa amálgama nasce uma obra que transita bem entre os dois mundos, nunca utilizando a tecnologia como único atrativo. Muito pelo contrário, aqui ela é um artifício em prol da história, sem que em qualquer momento nos tire desta narrativa. O Chamado da Floresta é um filme redondinho, perfeito para os pais levarem seus filhos nesta época de férias escolares.

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Tentar questionar os feitos inacreditáveis do cão Buck nesta superprodução é uma tarefa inútil. É preciso ter em mente que este é um filme de entretenimento mirado para a família toda. E quando falamos em uma produção deste porte atualmente, ela é sinônimo de efeitos especiais, ação desenfreada e muito mirabolismo – algo como os filmes de super-heróis que lotam as salas de cinema mundiais. Dentro deste parâmetro, ainda é possível encontrar mais humanidade neste O Chamado da Floresta do que em muitas das produções do gênero citado acima.

Trata-se da terceira adaptação para as telonas do clássico livro escrito por Jack London, depois de O Grito da Selva (1935), com Clark Gable, e Catástrofe nas Selvas (1972), com Charlton Heston. Isso sem falar de um filme feito para a TV ainda em 1976, outra produção televisiva em 1997 (protagonizada pelo saudoso Rutger Hauer), uma série em 2000, e até uma produção em 3D levemente baseada na obra original. Ufa. Este é praticamente um Adoráveis Mulheres canino.

Primeira produção a ser lançada com o logo 20th Century Pictures (sem Fox) após a compra da Disney, a trama aqui é dividida em dois atos. Na primeira parte, o híbrido das raças São Bernardo e Scotch Shepherd, Buck, é o “terror” de uma pequena cidade americana na década de 1890. Grandalhão, desastrado, sempre faminto, mas muito inteligente, Buck é o animal de estimação do juiz Miller (papel de Bradley Whitford). Acostumado a viver entre humanos, o cachorro é sequestrado da Califórnia e vendido na gelada Yukon, Canadá, onde logo vira um cão puxador de trenó. Neste primeiro momento seu dono é interpretado por Omar Sy e sua tarefa é entregar correspondência por terrenos perigosos.

É neste primeiro trecho que se encontra o maior brilho do filme, em especial ao traduzir com propriedade e insight o “espírito da matilha”, de como funciona a hierarquia animal – não muito diferente da selva humana. Buck, o novato na equipe, começa a se tornar uma ameaça para Spitz, o líder dos cães, um Husky Siberiano. Até de fato se impor e se tornar o novo líder. Aqui também temos levemente adereçada a síndrome dos tempos modernos, onde homens começavam a perder seus empregos para máquinas.

O segundo ato traz Harrison Ford à frente do elenco, intervindo pelo cão quando este é comprado por um ganancioso e caricato almofadinha (papel de Dan Stevens), o vilão do filme. O objetivo do sujeito é o pano de fundo da história, a corrida do ouro do período, onde muitos tiraram suas fortunas dos rios repletos de pepitas do reluzente minério. É aqui que O Chamado da Floresta desacelera, decaindo em subtramas desinteressantes e menos desenvolvidas. A relação de Buck com seus ancestrais, por exemplo, é prenunciada durante a projeção, mas só é inserida de fato nos quarenta e cinco do segundo tempo.

O que impressiona de verdade é o efeito que traz Buck à vida em tela. Sim, o cachorro aqui é completamente gerado por computadores – com uma tecnologia que usa um cão de verdade como molde, capturando seus movimentos e os reproduzindo através de efeitos visuais. Há alguns anos vivíamos afirmando que tais efeitos estavam quase lá. Bem, hoje é seguro dizer que já estamos lá neste quesito. Em algumas cenas é difícil imaginar que não estamos vendo um cachorro de verdade diante de nossos olhos, tamanho o realismo empregado na técnica. Fora isso, o roteiro cria Buck como um dos melhores protagonistas caninos da história do cinema. Seu carisma é palpável. Suas ações louváveis.

O capricho na parte técnica e efeitos, e o dinamismo do longa se deve pela direção de Chris Sanders, um especialista no quesito, em seu primeiro filme com atores reais. Anteriormente, o cineasta esteve no comando de sucessos da animação como Lilo & Stitch (2002), Como Treinar o Seu Dragão (2010) e Os Croods (2013).

O Chamado da Floresta, assim como seu protagonista, é um híbrido: entre o antigo e o moderno. Em seu núcleo usa como material fonte uma história publicada em 1903, respeitando sua essência e se comportando como uma aventura de matinê à moda antiga – onde os principais predicados eram a inocência e valores primordiais (talvez perdidos numa era cada vez mais cínica). Por outro lado, usa a forma dos blockbusters atuais, repleto dos elementos confeccionados especialmente para prender a atenção da garotada dispersa de hoje – a qual tende a se desinteressar por menos de cinco eventos ocorrendo ao mesmo tempo.

Dessa amálgama nasce uma obra que transita bem entre os dois mundos, nunca utilizando a tecnologia como único atrativo. Muito pelo contrário, aqui ela é um artifício em prol da história, sem que em qualquer momento nos tire desta narrativa. O Chamado da Floresta é um filme redondinho, perfeito para os pais levarem seus filhos nesta época de férias escolares.

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