domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Dia do Atentado – drama sobre terrorismo acerta o tom

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Caça aos Terroristas

Na história do cinema existem diversas parcerias que deram certo entre diretores e atores. De fato, algumas deram tão certo que se tornaram recorrentes. Há pouco tempo, inclusive, escrevi uma matéria sobre algumas dessas duplas famosas, cuja harmonia nas telas é notória – você pode ler neste link. Na lista, muito bem poderia figurar o relacionamento profissional entre o ator Mark Wahlberg e o cineasta (e também ator) Peter Berg.

O diretor não é dono de uma filmografia muito expressiva, mas seus últimos trabalhos, justamente os que contam com Wahlberg protagonizando, chamaram atenção do público e principalmente dos críticos, resultando em indicações a prêmios. O Grande Herói (2013) obteve duas indicações ao Oscar (mixagem e edição de som) e Horizonte Profundo (2016) participou do último Oscar, indicado nas categorias de efeitos visuais e edição de som. O que as duas obras citadas possuem em comum com o recente O Dia do Atentado, entre outras coisas, é o fato de serem baseadas em situações reais e trágicas da recente história norte-americana.



Até entendo certa torcida de nariz por parte do público para O Grande Herói, sob a acusação de enaltecer soldados e, por consequência, o patriotismo dos EUA, a ‘polícia do mundo’. Com Horizonte Profundo a esnobada de alguns pode vir com cunho ecológico, já que a tragédia se dá numa plataforma de petróleo no meio do oceano. Porém, ao virar as costas para a trama de O Dia do Atentado, parte do público pode estar perdendo sua humanidade ou qualquer sensação de empatia pelas pessoas. E isso é preocupante.

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Baseado nos ataques terroristas durante a maratona de Boston, ocorridos em 2013, O Dia do Atentado narra os eventos trágicos tidos como os mais graves desde o fatídico 11 de setembro de 2001. O argumento e roteiro, escritos a cinco mãos, incluindo a do diretor Berg, acerta ao desbravar os acontecimentos prévios ao dia sombrio, apresentando diversas subtramas e seus personagens. De forma básica, mas eficiente, o filme pré-estabelece alguns dos jogadores, à primeira vista desconectados do todo, para depois os incluir de forma coerente no contexto geral.

Na trama, Mark Wahlberg é Tommy Saunders, policial veterano, encarregado da segurança durante a maratona. Ele será nossos olhos e guia por esta jornada tensa e enérgica. A direção de Berg cria uma verdadeira sensação de localidade, pelos bairros da famosa cidade e até mesmo cidades vizinhas, como a pacata Watertown, onde nos é apresentado o personagem do sempre ótimo J.K. Simmons (dono de boas tiradas), e na qual as maiores perturbações são brigas de vizinhos. O time de coadjuvantes de luxo, que inclui John Goodman, Kevin Bacon e Michelle Monaghan dá o respaldo necessário para a credibilidade de diálogos e eficiência de cenas.

O Dia do Atentado funciona bem, de duas maneiras. Por um lado, se desenvolve como suspense investigativo, já que depois do pontapé inicial dado com o ato cruel e covarde, a polícia em parceria com o FBI realiza uma verdadeira caçada pela cidade atrás dos culpados. Neste quesito, Berg mantém o nível da adrenalina lá no alto, entregando algumas das cenas mais nervosas do ano (com destaque para o sequestro do asiático vivido por Jimmy O. Yang, realizado pelos irmãos terroristas, papeis de Alex Wolff e Themo Melikidze), assim como cenas de ação verdadeiramente eletrizantes – e que deixam a maioria das que vemos em blockbusters no chinelo, pelo contexto que conquista o merecimento. O confronto entre os irmãos e a polícia pelas outrora calmas ruelas de Watertown é de cair o queixo, levantando perguntas sobre sua credibilidade. Seja como for, no filme funciona perfeitamente.

É impensável, por exemplo, que uma cidade como Boston possa ter sido posta em estado de sítio, com a população trancafiada em casa enquanto agentes da lei saíam de porta em porta até encontrar os culpados. Num país como o Brasil, isso só ocorre quando a lei vem de cima, dos traficantes que param todo o comércio de bairros. Outro acerto do longa é humanizar, dentro do possível, os terroristas, ou aspirantes a tal, mostrando o quão perigosos podem ser ideais e fé cegos, ao ponto de perder-se a bússola moral. Neste trecho, além dos citados Wolff e Melikidze, o destaque fica com a bela Melissa Benoist, a Supergirl da TV, que desempenha atuação forte e não deixa a peteca cair numa cena chave – quando você assistir saberá do que estou falando.

A segunda forma na qual O Dia do Atentado funciona, citado dois parágrafos acima, é não exaltar o patriotismo exacerbado, como muitos esperam, fazendo desta uma história humana e universal, com a qual todos os povos possam se identificar. A palavra de ordem é amor. Amor contra o mal é o real mote da obra, e para isso a trilha da dupla vencedora do Oscar Trent Reznor e Atticus Ross (A Rede Social e Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres) acerta ao evitar o melodrama, se tornando um dos conduítes para emocionar. Quanto a isso, o desfecho orquestrado pelo diretor Berg, que usa declarações reais através de entrevistas e imagens de arquivo dos envolvidos, faz um trabalho ainda mais belo, surpreendendo, inclusive a este que vos fala, por ser capaz de produzir nós na garganta e lágrimas nos olhos. Quem diria.

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O diretor não é dono de uma filmografia muito expressiva, mas seus últimos trabalhos, justamente os que contam com Wahlberg protagonizando, chamaram atenção do público e principalmente dos críticos, resultando em indicações a prêmios. O Grande Herói (2013) obteve duas indicações ao Oscar (mixagem e edição de som) e Horizonte Profundo (2016) participou do último Oscar, indicado nas categorias de efeitos visuais e edição de som. O que as duas obras citadas possuem em comum com o recente O Dia do Atentado, entre outras coisas, é o fato de serem baseadas em situações reais e trágicas da recente história norte-americana.

Até entendo certa torcida de nariz por parte do público para O Grande Herói, sob a acusação de enaltecer soldados e, por consequência, o patriotismo dos EUA, a ‘polícia do mundo’. Com Horizonte Profundo a esnobada de alguns pode vir com cunho ecológico, já que a tragédia se dá numa plataforma de petróleo no meio do oceano. Porém, ao virar as costas para a trama de O Dia do Atentado, parte do público pode estar perdendo sua humanidade ou qualquer sensação de empatia pelas pessoas. E isso é preocupante.

Baseado nos ataques terroristas durante a maratona de Boston, ocorridos em 2013, O Dia do Atentado narra os eventos trágicos tidos como os mais graves desde o fatídico 11 de setembro de 2001. O argumento e roteiro, escritos a cinco mãos, incluindo a do diretor Berg, acerta ao desbravar os acontecimentos prévios ao dia sombrio, apresentando diversas subtramas e seus personagens. De forma básica, mas eficiente, o filme pré-estabelece alguns dos jogadores, à primeira vista desconectados do todo, para depois os incluir de forma coerente no contexto geral.

Na trama, Mark Wahlberg é Tommy Saunders, policial veterano, encarregado da segurança durante a maratona. Ele será nossos olhos e guia por esta jornada tensa e enérgica. A direção de Berg cria uma verdadeira sensação de localidade, pelos bairros da famosa cidade e até mesmo cidades vizinhas, como a pacata Watertown, onde nos é apresentado o personagem do sempre ótimo J.K. Simmons (dono de boas tiradas), e na qual as maiores perturbações são brigas de vizinhos. O time de coadjuvantes de luxo, que inclui John Goodman, Kevin Bacon e Michelle Monaghan dá o respaldo necessário para a credibilidade de diálogos e eficiência de cenas.

O Dia do Atentado funciona bem, de duas maneiras. Por um lado, se desenvolve como suspense investigativo, já que depois do pontapé inicial dado com o ato cruel e covarde, a polícia em parceria com o FBI realiza uma verdadeira caçada pela cidade atrás dos culpados. Neste quesito, Berg mantém o nível da adrenalina lá no alto, entregando algumas das cenas mais nervosas do ano (com destaque para o sequestro do asiático vivido por Jimmy O. Yang, realizado pelos irmãos terroristas, papeis de Alex Wolff e Themo Melikidze), assim como cenas de ação verdadeiramente eletrizantes – e que deixam a maioria das que vemos em blockbusters no chinelo, pelo contexto que conquista o merecimento. O confronto entre os irmãos e a polícia pelas outrora calmas ruelas de Watertown é de cair o queixo, levantando perguntas sobre sua credibilidade. Seja como for, no filme funciona perfeitamente.

É impensável, por exemplo, que uma cidade como Boston possa ter sido posta em estado de sítio, com a população trancafiada em casa enquanto agentes da lei saíam de porta em porta até encontrar os culpados. Num país como o Brasil, isso só ocorre quando a lei vem de cima, dos traficantes que param todo o comércio de bairros. Outro acerto do longa é humanizar, dentro do possível, os terroristas, ou aspirantes a tal, mostrando o quão perigosos podem ser ideais e fé cegos, ao ponto de perder-se a bússola moral. Neste trecho, além dos citados Wolff e Melikidze, o destaque fica com a bela Melissa Benoist, a Supergirl da TV, que desempenha atuação forte e não deixa a peteca cair numa cena chave – quando você assistir saberá do que estou falando.

A segunda forma na qual O Dia do Atentado funciona, citado dois parágrafos acima, é não exaltar o patriotismo exacerbado, como muitos esperam, fazendo desta uma história humana e universal, com a qual todos os povos possam se identificar. A palavra de ordem é amor. Amor contra o mal é o real mote da obra, e para isso a trilha da dupla vencedora do Oscar Trent Reznor e Atticus Ross (A Rede Social e Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres) acerta ao evitar o melodrama, se tornando um dos conduítes para emocionar. Quanto a isso, o desfecho orquestrado pelo diretor Berg, que usa declarações reais através de entrevistas e imagens de arquivo dos envolvidos, faz um trabalho ainda mais belo, surpreendendo, inclusive a este que vos fala, por ser capaz de produzir nós na garganta e lágrimas nos olhos. Quem diria.

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