segunda-feira , 9 dezembro , 2024

Crítica | O Elemento de Yasmeen é uma linda aventura em um dia na vida de uma garotinha paquistanesa

Da simplicidade do topo mais alto do Vale de Hunza, Yasmeen é o retrato da pureza pueril. Cercada por essa encantadora região montanhosa e com os solados de seus calçados sempre sujos de pó, ela emana uma doçura que se desenvolve em sua inteligente e compromisso. E é sob essa belíssima e quase inalcançável paisagem que ela recebe a tarefa de criar uma apresentação sobre um elemento da tabela periódica – determinado por seu professor. Sua missão escolar é simples, mas as distrações infantis de uma saída prematura da aula complicam tudo. Entre brincadeiras, ela perdeu a lição de casa no caminho. Mas agora vai encontrar um universo de possibilidades infinitas e pessoas fascinantes, enquanto tenta recuperar o seu rumo.

Como um diário que ganha movimento nas telas, O Elemento de Yasmeen é um dia na vida de uma carismática pré-adolescente paquistanesa e como tudo é visto pela sua ótica. Obstinada a encontrar seu professor para finalmente descobrir qual o elemento da tabela periódica ela precisa estudar e pesquisar, essa garotinha passeia pelo mundo dos adultos sem qualquer percepção de medo e insegurança. Com seus chinelos rosa, sua mochila e uma missão em mente, ela nos convida a desbravar as desventuras que esbarram em seu caminho. E nesse trajeto, somos apresentados a uma riqueza cultural impressionante.



A partir da ótica de Yasmeen, lindamente interpretada por Eshal Fatima, observamos tradições das mais diversas se desabrocharem diante dos nossos olhos. De cerimônias matrimoniais à rotina de um carpinteiro, vemos recortes de uma pacata e singela comunidade, que opera à sua maneira e se sustenta com pouco. E enquanto absorvemos toda essa profundidade sociocultural tão distante das tradições ocidentais, também nos deparamos com a experiência universal de ser uma criança em crescimento diante de um mundo tão vasto e complexo.

o elemento de yasmeen
o elemento de yasmeen

Essa complexidade de O Elemento de Yasmeen aflora tanto nos breves contatos que a protagonista tem com seus conterrâneos, bem como a partir das diversas dinâmicas relacionais que a envolvem. E à medida em que essa grande corajosa absorve e abstrai todos esses pequenos universos em forma de gente, nós desfrutamos de uma experiência cinematográfica diferente, doce e delicada. Deixando que o próprio elenco, formado por atores não profissionais, conte essa história, o diretor e corroteirista Amman Abbasi nos dá o privilégio de enxergar essa nação do Oriente Médio por lentes que raramente são apresentadas ao público geral.

Aqui, desfrutamos da simplicidade de uma vida corriqueira, enquanto absorvemos o estonteante contorno do Vale de Hunza, marcado por suas robustas montanhas. Explorando essa fotografia com precisão, como quem faz de seu filme um cartão de visitas para futuros turistas, Amman usa toda a geografia local como um contraste em relação à Yasmeen. Sua baixa estatura e seus traços delicados formam uma contraposição à natureza – tão voraz e dominante. De certa forma, os vales que a cercam também são silenciosos contadores de história. Eles registram suas brincadeiras com as colegas de classe, escondem sua tarefa de casa – que se perde em suas curvas rochosas – e servem de abrigo para sua jornada. Observada pelos montes, ela atravessa sua comunidade em busca de respostas, ajuda e um pouquinho de atenção.

E embora o destino final seja igualmente importante, é a jornada até ele que transforma Yasmeen. Cumprir essa missão tem mais a ver com quem ela é e com as histórias que cruzam seu caminho. E nessa aventura simples e esperançosa, ainda descobrimos um pouco mais do sistema educacional paquistanês para mulheres, através de um roteiro que não se presta a pregar dogmas sociopolíticos de qualquer natureza. Como um relato orgânico e quase documental da vida, pela pureza de uma garotinha, somos convidados a um entretenimento que nos serve aquilo que mais sentimos falta no cinema contemporâneo: uma experiência livre de pregações pedantes e doutrinadoras. Com o compromisso de nos apresentar à uma infância diferente, O Elemento de Yasmeen é um longa universal sobre descobertas. Através da coragem dessa pequena, que não hesita em caminhar em direção ao desconhecido, também somos inspirados a viver para além das nossas próprias limitações.

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Crítica | O Elemento de Yasmeen é uma linda aventura em um dia na vida de uma garotinha paquistanesa

Da simplicidade do topo mais alto do Vale de Hunza, Yasmeen é o retrato da pureza pueril. Cercada por essa encantadora região montanhosa e com os solados de seus calçados sempre sujos de pó, ela emana uma doçura que se desenvolve em sua inteligente e compromisso. E é sob essa belíssima e quase inalcançável paisagem que ela recebe a tarefa de criar uma apresentação sobre um elemento da tabela periódica – determinado por seu professor. Sua missão escolar é simples, mas as distrações infantis de uma saída prematura da aula complicam tudo. Entre brincadeiras, ela perdeu a lição de casa no caminho. Mas agora vai encontrar um universo de possibilidades infinitas e pessoas fascinantes, enquanto tenta recuperar o seu rumo.

Como um diário que ganha movimento nas telas, O Elemento de Yasmeen é um dia na vida de uma carismática pré-adolescente paquistanesa e como tudo é visto pela sua ótica. Obstinada a encontrar seu professor para finalmente descobrir qual o elemento da tabela periódica ela precisa estudar e pesquisar, essa garotinha passeia pelo mundo dos adultos sem qualquer percepção de medo e insegurança. Com seus chinelos rosa, sua mochila e uma missão em mente, ela nos convida a desbravar as desventuras que esbarram em seu caminho. E nesse trajeto, somos apresentados a uma riqueza cultural impressionante.

A partir da ótica de Yasmeen, lindamente interpretada por Eshal Fatima, observamos tradições das mais diversas se desabrocharem diante dos nossos olhos. De cerimônias matrimoniais à rotina de um carpinteiro, vemos recortes de uma pacata e singela comunidade, que opera à sua maneira e se sustenta com pouco. E enquanto absorvemos toda essa profundidade sociocultural tão distante das tradições ocidentais, também nos deparamos com a experiência universal de ser uma criança em crescimento diante de um mundo tão vasto e complexo.

o elemento de yasmeen
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Essa complexidade de O Elemento de Yasmeen aflora tanto nos breves contatos que a protagonista tem com seus conterrâneos, bem como a partir das diversas dinâmicas relacionais que a envolvem. E à medida em que essa grande corajosa absorve e abstrai todos esses pequenos universos em forma de gente, nós desfrutamos de uma experiência cinematográfica diferente, doce e delicada. Deixando que o próprio elenco, formado por atores não profissionais, conte essa história, o diretor e corroteirista Amman Abbasi nos dá o privilégio de enxergar essa nação do Oriente Médio por lentes que raramente são apresentadas ao público geral.

Aqui, desfrutamos da simplicidade de uma vida corriqueira, enquanto absorvemos o estonteante contorno do Vale de Hunza, marcado por suas robustas montanhas. Explorando essa fotografia com precisão, como quem faz de seu filme um cartão de visitas para futuros turistas, Amman usa toda a geografia local como um contraste em relação à Yasmeen. Sua baixa estatura e seus traços delicados formam uma contraposição à natureza – tão voraz e dominante. De certa forma, os vales que a cercam também são silenciosos contadores de história. Eles registram suas brincadeiras com as colegas de classe, escondem sua tarefa de casa – que se perde em suas curvas rochosas – e servem de abrigo para sua jornada. Observada pelos montes, ela atravessa sua comunidade em busca de respostas, ajuda e um pouquinho de atenção.

E embora o destino final seja igualmente importante, é a jornada até ele que transforma Yasmeen. Cumprir essa missão tem mais a ver com quem ela é e com as histórias que cruzam seu caminho. E nessa aventura simples e esperançosa, ainda descobrimos um pouco mais do sistema educacional paquistanês para mulheres, através de um roteiro que não se presta a pregar dogmas sociopolíticos de qualquer natureza. Como um relato orgânico e quase documental da vida, pela pureza de uma garotinha, somos convidados a um entretenimento que nos serve aquilo que mais sentimos falta no cinema contemporâneo: uma experiência livre de pregações pedantes e doutrinadoras. Com o compromisso de nos apresentar à uma infância diferente, O Elemento de Yasmeen é um longa universal sobre descobertas. Através da coragem dessa pequena, que não hesita em caminhar em direção ao desconhecido, também somos inspirados a viver para além das nossas próprias limitações.

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