quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | O Grande Mauricinho – Animação com dublagem de Marcelo Adnet traz Contos de Fadas menos fofinhos

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Em tempos tão cosmopolita, tão globalizado, sobra pouco espaço para a imaginação. Se no passado eram as histórias de contos de fadas que faziam as crianças dormirem com medo ou sonhando com castelos nas nuvens, hoje em dia as crianças, tão altamente conectadas, já encontram barreiras para imaginar, pois tudo que querem saber ou conhecer está a um clique de distância na internet. Porém, de vez em quando, a sétima arte volta seus olhos para os pimpolhos com a intenção de resgatar neles o poder lúdico do encantamento. Nessa vibe, estreia nos cinemas brasileiros, neste primeiro final de semana de fevereiro, o filme de animaçãoO Grande Mauricinho’.



O Grande Mauricinho (no Brasil, com a voz de Marcelo Adnet, e na versão original com a voz de Hugh Laurie) é um gato golpista. Para sobreviver, ele vai de vilarejo em vilarejo junto com seus amigos ratos, que fingem uma grande infestação na cidade, e, então, ele oferece os serviços do Flautista Keith (voz original de Himesh Patel), um jovem encantador que, com sua melodia, conduz os ratos para fora da cidade, enquanto Mauricinho recolhe os pagamentos. Tudo vai bem até o grupo chegar numa determinada cidade que, não só não tem ratos, como também não tem comida. Lá eles conhecem a jovem Marina (no Brasil com a voz da estreante em dublagem, Sophia Valverde, e no original com a voz de Emilia Clarke), filha do prefeito, que lhes conta que um misterioso mistério misteriosíssimo tem tomado conta da cidade, e pede a ajuda de Keith e do Grande Mauricinho para descobrir para onde está indo toda a comida da população.

Bem intencionado e bem feitinho, o longa de Toby Genkel faz bom uso da técnica de animação simples, sem tantos efeitos especiais, apoiando-se na memória visual do público para reconhecer pequenas homenagens que aparecem ao longo das uma hora e quarenta de duração, como o sorriso mais esticado de ‘O Grande Mauricinho’, bem estilo Gato da ‘Alice no País das Maravilhas’. Para contar seu filme, Toby traz um festival de personagens clássicos dos contos de fadas, como o Flautista de Hamelin, O Rei Avarento, Rapunzel e por aí vai, mesmo que muitas vezes não fique tão evidente.

Inspirado no livro de Terry Pratchett (escritor de fantasia bastante popular lá pelos lados da Europa, que co-escreveu com Neil Gaiman a série de livros ‘Good Omens’, que mais tarde virou série), ‘O Grande Mauricinho’ se perde no tom narrativo e na sua própria proposta. Ao dar o título ao filme, espera-se que o gato seja o protagonista, mas não o é, nem tampouco é o narrador, tornando-se, ao fim, um personagem terciário cuja “grandeza” não é explicada. O filme nada entre o público infantil em transição para o juvenil, ora focando em um, ora focando em outro, de modo que fica confuso entender a proposta – que por um lado traz cenas fortes de rinha de cachorro e por outro traz piadas escatológicas. 

Assim, ‘O Grande Mauricinho’ é uma opção para crianças e pré-adolescentes curtirem o fim das férias nas salas de cinema numa tentativa de resgatar a nostalgia dos contos de fadas, tais como originalmente eram: menos fofinhos e levemente sombrios.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O Grande Mauricinho (no Brasil, com a voz de Marcelo Adnet, e na versão original com a voz de Hugh Laurie) é um gato golpista. Para sobreviver, ele vai de vilarejo em vilarejo junto com seus amigos ratos, que fingem uma grande infestação na cidade, e, então, ele oferece os serviços do Flautista Keith (voz original de Himesh Patel), um jovem encantador que, com sua melodia, conduz os ratos para fora da cidade, enquanto Mauricinho recolhe os pagamentos. Tudo vai bem até o grupo chegar numa determinada cidade que, não só não tem ratos, como também não tem comida. Lá eles conhecem a jovem Marina (no Brasil com a voz da estreante em dublagem, Sophia Valverde, e no original com a voz de Emilia Clarke), filha do prefeito, que lhes conta que um misterioso mistério misteriosíssimo tem tomado conta da cidade, e pede a ajuda de Keith e do Grande Mauricinho para descobrir para onde está indo toda a comida da população.

Bem intencionado e bem feitinho, o longa de Toby Genkel faz bom uso da técnica de animação simples, sem tantos efeitos especiais, apoiando-se na memória visual do público para reconhecer pequenas homenagens que aparecem ao longo das uma hora e quarenta de duração, como o sorriso mais esticado de ‘O Grande Mauricinho’, bem estilo Gato da ‘Alice no País das Maravilhas’. Para contar seu filme, Toby traz um festival de personagens clássicos dos contos de fadas, como o Flautista de Hamelin, O Rei Avarento, Rapunzel e por aí vai, mesmo que muitas vezes não fique tão evidente.

Inspirado no livro de Terry Pratchett (escritor de fantasia bastante popular lá pelos lados da Europa, que co-escreveu com Neil Gaiman a série de livros ‘Good Omens’, que mais tarde virou série), ‘O Grande Mauricinho’ se perde no tom narrativo e na sua própria proposta. Ao dar o título ao filme, espera-se que o gato seja o protagonista, mas não o é, nem tampouco é o narrador, tornando-se, ao fim, um personagem terciário cuja “grandeza” não é explicada. O filme nada entre o público infantil em transição para o juvenil, ora focando em um, ora focando em outro, de modo que fica confuso entender a proposta – que por um lado traz cenas fortes de rinha de cachorro e por outro traz piadas escatológicas. 

Assim, ‘O Grande Mauricinho’ é uma opção para crianças e pré-adolescentes curtirem o fim das férias nas salas de cinema numa tentativa de resgatar a nostalgia dos contos de fadas, tais como originalmente eram: menos fofinhos e levemente sombrios.

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