quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica | O Jardim Secreto – Nova versão da história traz um olhar espírita sobre o clássico infantil

Em 1993 o mundo conheceu uma historinha infantil que despertou o imaginário fabuloso de muitas crianças, pois abordava a existência de ‘O Jardim Secreto’, um refúgio onde as crianças de um casarão abandonado iam para encontrar a felicidade que era proibida porta adentro. Vinte e oito anos depois, uma nova versão chega agora à plataforma de aluguel sob demanda NOW.

Mary (Dixie Egerickx) é uma mocinha inglesa vivendo na Índia em 1947, no meio do início do confronto entre indianos e paquistaneses e a presença do exército inglês na região. Em um cenário tão conturbado, sua casa é invadida e ela perde os pais. Órfã, é enviada de volta à Inglaterra, para morar com um tio desconhecido (Colin Firth). Uma vez no velho casarão, Mary se vê sozinha, sem amigos, até que, certa noite, descobre que tem um primo, Colin (Edan Hayhurst), que está acamado, e a menina tem a certeza de que para curá-lo deve levá-lo para ‘O Jardim Secreto’ que descobriu nos arredores da propriedade de seu tio.

Escrito no pós-guerra mundial, a história de Frances Hodgson Burnett ilustra um universo bastante particular da realidade inglesa, mas que, sem a explicação dos conflitos daquele período, fica descontextualizada para nós, que não crescemos aprendendo sobre a história da colonização dos outros países. Assim, quando você entende como a menina que sai do ambiente da colônia (onde vivia brincando ao ar livre) é vista pela nova família, cheia de etiquetas e regras comportamentais, bom, tudo isso passa a fazer mais sentido.

Ao reescrever um novo olhar para o sucesso infantil, Jack Thorne perde a oportunidade de adaptar a trama para o público de hoje. Com duas crianças protagonistas extremamente birrentas e mimadas (algo naturalizado numa época em que a aristocracia inglesa se acostumou a ter serviçais ao dispor até mesmo para crianças), o roteiro poderia ter aproveitado para torná-las mais carismáticas para o público-alvo contemporâneo, mais interessado em ver protagonistas infantis corajosos e desbravadores do que egoístas e elitistas. Por outro lado, a nova adaptação traz uma roupagem espírita e sombria à trama, realçando os laços perdidos entre mãe e filha, transcendendo-os para o além. Tanto Mary quanto Colin passam a ser guiados pelos espíritos de suas mães nos momentos-chave do filme.

Marc Munden empenha todo seu esforço para realizar um longa em que o lúdico se sobrepõe à crueza da realidade. Assim, os efeitos visuais e especiais para a dinâmica de ‘O Jardim Secreto’ são tão bonitos quanto o jardim de Monet. Porém, um ambiente lindo não é suficiente para engajar o espectador se temos protagonistas problemáticos. Até mesmo o experiente Colin Firth atua de maneira tão inexpressiva quanto uma xerox sem tinta. Nesta produção, o melhor em cena é Amir Wilson, cujo personagem Dickon é o mais interessante.

O novo ‘O Jardim Secreto’ é um filme bonito, mas sem a carga dramática do anterior, voltado muito mais para os laços além vida que temos com nossa família do que na construção convincente de uma amizade entre primos e entre filho e pai. Não supera o antecessor.

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