sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | O Ninho – TERROR italiano surpreendente é um ‘O Jardim Secreto’ bizarro

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Um bom filme de terror ou de suspense consegue manter uma porcentagem de sua história envolta em um mistério que só se revela no final ou perto do fim. É esse não-saber que boa parte dos fãs desses gêneros busca na maioria das produções que chegam aos cinemas e às plataformas de streaming, porém, a manutenção desse clima de mistério é justamente o ponto certo de ebulição que essas produções tentam alcançar, mas que, porém, boa parte não consegue alcançar. Há, porém, uma porcentagem considerável de histórias que conseguem atingir o grau certo de envolvimento do espectador, e um bom exemplo desse tipo chega essa semana aos cinemas brasileiros: o longa de terror italiano ‘O Ninho’.



Samuel (Justin Korovkin) é um jovem adolescente, na faixa dos doze anos, paraplégico, que vive com a mãe, Elena (Francesca Cavallin), e os funcionários da família em um casarão, e esses funcionários fazem a segurança, a limpeza e a alimentação de todos que ali vivem. Embora se sinta entediado por não ter com quem conversar e por não conseguir andar, Samuel vive bem em sua bolha, seguindo todas as orientações de sua mãe super rígida. Porém, a chegada da jovem Denise (Ginevra Francesconi), uma adolescente de quinze anos que é deixada na propriedade pelo pai para ser cuidada por Elena, irá abalar a postura obediente do inocente Samuel, e o contato com essa moça que veio de fora poderá expandir o mundo do infeliz garoto.

Escrito por Roberto De Feo, Lucio Besana e Margherita Ferri, o roteiro traz um olhar diferente sobre o conceito do “menino bolha” – aquela criança que é superprotegida por um parente, que não o deixa sair de casa por algum motivo –, colocado em um ambiente de suspense e terror com uma ameaça invisível aos olhos, mas presente em todas as cenas. Para favorecer essa ambientação, a direção de arte e de fotografia dão um show à parte, posicionando a câmera em ângulos que favoreçam a dúvida e o contraste dos atores com as estampas de fundo dos cômodos antigos do casarão, reforçando a ideia de prisão na mansão.

Em cerca de uma hora e quarenta de duração, o diretor Roberto De Feo transporta o espectador para uma história bem vagarosamente desenvolvida, mas cujo final dá uma reviravolta bem interessante em tudo que veio sendo construído – e a coisa toda é revelada de maneira tão rápida, que, se você piscar, capaz acabar perdendo. Então, é para ficar atento e, quando a coisa toda se revelar, você ainda vai ficar um bom tempo sentado na sala de cinema refletindo como o longa foi deixando pistas sutis – tão sutis – ao longo da história, e você provavelmente nem percebeu.

Para quem gosta de um filme com uma história simples que te pega de surpresa inesperadamente, ‘O Ninho’ é a melhor opção dentre as estreias nos cinemas brasileiros. Bem-feito, com uma boa argumentação e personagens bizarrinhos, é um filme de terror surpreendente, que se assemelha a outras produções do gênero que fizeram bastante sucesso com o público, as quais não podemos mencionar para não dar spoiler. ‘O Ninho’ é uma aposta certa de um bom suspense.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Samuel (Justin Korovkin) é um jovem adolescente, na faixa dos doze anos, paraplégico, que vive com a mãe, Elena (Francesca Cavallin), e os funcionários da família em um casarão, e esses funcionários fazem a segurança, a limpeza e a alimentação de todos que ali vivem. Embora se sinta entediado por não ter com quem conversar e por não conseguir andar, Samuel vive bem em sua bolha, seguindo todas as orientações de sua mãe super rígida. Porém, a chegada da jovem Denise (Ginevra Francesconi), uma adolescente de quinze anos que é deixada na propriedade pelo pai para ser cuidada por Elena, irá abalar a postura obediente do inocente Samuel, e o contato com essa moça que veio de fora poderá expandir o mundo do infeliz garoto.

Escrito por Roberto De Feo, Lucio Besana e Margherita Ferri, o roteiro traz um olhar diferente sobre o conceito do “menino bolha” – aquela criança que é superprotegida por um parente, que não o deixa sair de casa por algum motivo –, colocado em um ambiente de suspense e terror com uma ameaça invisível aos olhos, mas presente em todas as cenas. Para favorecer essa ambientação, a direção de arte e de fotografia dão um show à parte, posicionando a câmera em ângulos que favoreçam a dúvida e o contraste dos atores com as estampas de fundo dos cômodos antigos do casarão, reforçando a ideia de prisão na mansão.

Em cerca de uma hora e quarenta de duração, o diretor Roberto De Feo transporta o espectador para uma história bem vagarosamente desenvolvida, mas cujo final dá uma reviravolta bem interessante em tudo que veio sendo construído – e a coisa toda é revelada de maneira tão rápida, que, se você piscar, capaz acabar perdendo. Então, é para ficar atento e, quando a coisa toda se revelar, você ainda vai ficar um bom tempo sentado na sala de cinema refletindo como o longa foi deixando pistas sutis – tão sutis – ao longo da história, e você provavelmente nem percebeu.

Para quem gosta de um filme com uma história simples que te pega de surpresa inesperadamente, ‘O Ninho’ é a melhor opção dentre as estreias nos cinemas brasileiros. Bem-feito, com uma boa argumentação e personagens bizarrinhos, é um filme de terror surpreendente, que se assemelha a outras produções do gênero que fizeram bastante sucesso com o público, as quais não podemos mencionar para não dar spoiler. ‘O Ninho’ é uma aposta certa de um bom suspense.

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