Atualmente, Hollywood se debruça em truques fáceis para chamar a atenção do público, como efeitos especiais mirabolantes e explosões megalomaníacas embaladas por músicas pop. Com isso, se perderam as tramas simples desenvolvidas lentamente que ganharam os cinéfilos no passado.
Querem exemplos? Não se fazem mais filmes como ‘A Mão que Balança o Berço’ e ‘Atração Fatal’, que tinham como grande atrativo o roteiro bem desenvolvido e uma trama articulada. A necessidade de surpreender e entreter o espectador a cada cinco minutos da sessão de cinema acabou assassinando os filmes de desenvolvimento lento.
Eis que surge o suspense ‘O Presente’ (The Gift) para nos lembrar como são gostosos esses filmes que conseguem prendem sua atenção sem ter que recorrer a grandes cenas de ação e efeitos especiais.
Com um desenvolvimento lento, porém extremamente eficiente, a trama acompanha o jovem casal Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall), que se mudam de cidade após um acontecimento marcar a vida dos dois.
A mudança segue conforme os planos até um encontro casual com um conhecido homem dos tempos de colégio de Simon colocar o mundo deles de cabeça para baixo.
A princípio, Simon não reconhece Gordo (Joel Edgerton), mas após uma série de encontros aparentemente ao acaso, um segredo horrível do passado dos dois vem à tona quase 20 anos depois. Quando Robyn descobre a inquietante verdade sobre o que aconteceu entre Simon e Gordo, ela começa a se questionar o quão bem ela conhece seu marido.
A história traz um assunto atual e muito importante: o que o bullying pode causar a uma pessoa?
Com plot twists de fazer inveja a M. Night Shyamalan, a história consegue te surpreender ao longo da projeção, até chegar a um final extremamente assustador e chocante. Além do roteiro bem desenvolvido e da fantástica direção de Joel Edgerton, o grande acerto de ‘O Presente’ está em seu elenco.
A fenomenal Rebecca Hall rouba todas as cenas como uma protagonista dócil, mas sempre desconfiada, cujo visual e atuação remetem a Mia Farrow no fantástico ‘O Bebê de Rosemary’ (1968).
Originado das comédias, Jason Bateman demonstra que tem grande talento para papeis mais sérios e filmes de outros gêneros, e é a grande revelação do elenco. Joel Edgerton, que além de dirigir também estrela, está impecável no papel do assustador Gordo.
‘O Presente’ é uma demonstração bem sucedida de que não é necessário um orçamento milionário e efeitos especiais para se contar uma boa história, basta um bom roteiro e um elenco conceituado. E nisso, o filme acerta em cheio!