Denzel Washington é um dos atores e realizadores mais respeitados de todos os tempos e, em sua carreira, já conquistou inúmeros prêmios que reiteraram sua importância no cenário do entretenimento. Em 2014, Washington encarnou o que viria se tornar um de seus papéis mais conhecidos pelo público, o de Robert McCall em ‘O Protetor’ – que, apesar de não ter sido recebido com o fervor esperado pela crítica, o trouxe de volta para os filmes de ação e conquistou os espectadores. Agora, caminhamos para o terceiro e último capítulo da saga, ‘O Protetor: Capítulo Final’, que estreia hoje, 05 de outubro, nos cinemas nacionais depois de ter chegado ao circuito internacional há mais de um mês.
O longa-metragem começa com uma ótima sequência ambientada em um vinhedo na Sicília, em que Vitale (Bruno Bilotta), um magnata do crime que descobre que todos os seus comparsas foram assassinados por alguém misterioso. E, acreditando que poderia rendê-lo, Vitale enfrenta McCall em um poderoso combate que já dá o tom da produção e revela que o nosso protetor já está cansado, mas tem tempo e determinação o bastante para resolver alguns problemas. Não obstante o sólido início, a produção se perde com uma subtrama desnecessária e que desperdiça ótimos atores apenas para concluir de forma apressada o que poderia ser uma ótima e despretensiosa narrativa.
A introdução emerge como o ponto de partida para o que acontece a Robert: após levar um tiro e considerar suicídio em virtude dos ferimentos, ele vai parar na pequena cidade litorânea de Altamonte, perto da Costa Amalfitana, onde é resgatado por um oficial de polícia chamado Gio Bonucci (Eugenio Mastrandrea) e tratado pelo médico Enzo Arisio (Remo Girone). Assim que acorda de um choque físico, McCall percebe que está em um lugar totalmente desconhecido e começa a conhecer uma comunidade familiar que lhe dá a única coisa que queria por anos: paz. Mas é claro que nada de bom dura muito e Robert se vê tentado a voltar à ativa uma última vez quando percebe que as humildes pessoas de Altamonte estão sendo ameaçadas por um grupo mafioso conhecido como Camorra, que os força a abandonar suas casas em prol de um negócio multibilionário que transformará a cidade em um conglomerado de resorts de luxo e hotéis de elite.
Antoine Fuqua volta à cadeira de direção e, seguindo os passos do capítulo anterior, não consegue se esquivar das fórmulas do gênero, por mais que tente em cada uma das cenas. Entretanto, apesar dos inúmeros deslizes, há incursões no projeto que nos chamam a atenção – como o tempo destinado a descontruir a imagem que tínhamos de Robert e explorar a relação que constrói com as outras pessoas da comunidade. É claro que vê-lo em ação é também muito divertido, ainda mais quando suas ações vingativas nos fazem torcer para que tudo dê certo e para que os antagonistas tenham o que mereçam e para que possa se aposentar e descansar como bem merece – afinal, ele carrega traumas e fantasmas que continuam a atormentá-lo e precisa encontrar um modo de expurgá-los.
Enquanto esses elementos prometem trazer uma certa originalidade à trilogia, Fuqua e o time criativo não sabem como conduzir o enredo; a direção aposta em aspectos formulaicos, brincando com a luz e a sombra de maneira quase redundante; a fotografia tangencia o panfletarismo, como se estivesse tentando vender um pacote turístico para Altamonte; os efeitos especiais soam desconexos, como se não tivessem passado pela cautela necessária. E, conforme os erros se acumulam, tentamos desviar a atenção para a ótima performance de Washington e a maneira como ele carrega o filme nas costas para um final premeditável e que, com sorte, irá enterrar uma saga que poderia ter ficado apenas no primeiro capítulo.
Não digo que o elenco coadjuvante não faz um bom trabalho, mas não há muita escapatória com personagens unidimensionais. Até mesmo Dakota Fanning, interpretando a agente Emma Collins, não tem qualquer peso na estrutura do longa-metragem – em outras palavras, Emma insurge como um tapa-buraco que, caso retirado, não traz mudança considerável para o desenrolar dos eventos (ora, Robert inclusive salva sua vida através de uma ligação telefônica). De qualquer maneira, as cenas de ação e de luta são coreografadas com precisão e nos instigam a querer ver aonde o roteiro irá nos levar.
‘O Protetor: Capítulo Final’ é um final OK para uma franquia com muito potencial. A verdade é que a trilogia é mais um estandarte para a versatilidade performática de Washington do que algo que ficará marcado na memória por bastante tempo; no final das contas, nós compramos a ideia e, caso não pensemos muito, poderemos ter saído do cinema depois de uma diversão fugaz e violenta.