sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ entrega um 5º episódio de tirar o fôlego

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Cuidado: spoilers à frente.

Depois de duas semanas de episódios sólidos, mas com um forte sentimento de fillers, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ retorna com um dos melhores capítulos da temporada até agora. Afinal, a mais nova iteração não apenas dá continuidade às múltiplas tramas apresentadas, mas responde a algumas perguntas e traz revelações incríveis que nos mantêm vidrados do começo ao fim e que nos fazem imaginar o que as próximas semanas nos aguardam.



Como já mencionado nos textos anteriores, um dos enredos mais coesos e envolventes é o delineado entre o príncipe anão de Khazad-dûm, Durin IV (Owain Arthur), e o altivo elfo arquiteto Elrond (Robert Aramayo). E, depois de sermos apresentados a sua amizade conturbada, é notável como os criadores do show investem mais esforços para explorar esse relacionamento tão incrível e tão recheado de química: dizer que Aramayo e Arthur fazem um trabalho espetacular é apenas uma maneira modesta de elogiá-los; no final das contas, isso não seria possível a preocupação em desenvolvê-los sem pressa e dentro de suas peculiaridades. No capítulo anterior, Durin fez com que Elrond jurasse segredo sobre a descoberta de mithril e, agora, o elfo se vê em um impasse entre quebrar a confiança do amigo ou ser um dos responsáveis pela queda da raça élfica e da destruição da luz.

Ainda que o enredo em questão tenha tempo o suficiente para nos conquistar, ele não é o único a ser trazido às telinhas – e, talvez, a recuperação do ritmo e do equilíbrio estruturais seja apenas um gostinho do que poderemos ver no futuro. Além de Elrond e Durin, temos Galadriel (Morfydd Clark) demonstrando suas habilidades como guerreira e enfrentando o obstáculo de conquistar os humanos de Númenor que a desprezam e convencê-los a viajar para a Terra-Média para lutar contra as forças das trevas. Galadriel, inclusive, protagoniza uma das sequências mais bem coreografadas e que nos traz um pouco de volta a nostalgia da trilogia original de Peter Jackson, divertindo-se em cena ao lado dos soldados númenorianos e desfrutando de momentos arrepiantes com Halbrand (Charlie Vickers) e Elendil (Lloyd Owen).

Também temos a volta de Bronwyn (Nazanin Boniadi) e Arondir (Ismael Cruz Córdova) lutando contra os orcs que se apossaram das Terras do Sul e que, liderados pelo misterioso Adar (Joseph Mawle), lançam um ultimato para aqueles que tentam fugir de um destino pior que a morte. Mesmo com menos furor do que o esperado, a contraposição explosiva entre os dois personagens é o que nos mantém interessados: Arondir é um devoto da esperança e um arauto otimístico de como enfrentar os mais diversos problemas, enquanto Bronwyn parece aceitar que não tem para onde fugir e que, pelo fato de ser humana, é passível de erros e de se render à maldade em um piscar de olhos. É aí que o jovem Theo (Tyroe Muhafidin) insurge como um ponto de austeridade, reunindo o melhor dos dois mundos para que a vitória seja certa e seus inimigos, derrotados.

Apesar da considerável melhora, há um vício que se recusa a sair de perto da série – e esse vício gira em torno do arco de Nori (Markella Kavenagh) e o misterioso gigante que caiu do céu (Daniel Weyman). Neste episódio, eles de fato tem um protagonismo maior, mas são jogados à posição de coadjuvantes quando justapostos aos outros personagens: é claro que as cândidas cenas entre os dois são ótimas e nos tiram o fôlego um momento ou outro, mas a história parece estar demorando demais para se desenrolar – e, com sorte, isso mude logo, principalmente com a aparição duvidosa de um trio do que parecem ser feiticeiras ou bruxas brancas em busca do estranho.

A série permanece dentro de um grandioso e épico espetáculo visual, cortesia de um time criativo que não perde a mão em nenhum momento. Entretanto, um dos elementos que mais nos cativa é a antêmica e potente trilha sonora de Bear McCreary, que vinha sendo subestimada até então: o compositor se afasta o máximo que pode dos convencionalismos encontrados em produções do gênero, porém, não deixa de prestar sua homenagem a Howard Shore com um arranjo impecável de instrumentos de corda e uma celebração etérea do que está por vir. Nos minutos finais, a música consegue atingir uma perfeição sinestésica aplaudível e funciona, ao mesmo tempo, como uma conclusão e um recomeço.

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ retorna com força descomunal e prestando mais atenção aos erros que cometeu nas semanas anteriores. O quinto capítulo recupera o que foi cultivado na estreia dupla e adentra, ao menos por enquanto, um caráter testamentário e honrável aos escritos e ao legado de J.R.R. Tolkien (que, sem sombra de dúvida, ficaria bastante orgulhoso com o episódio).

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Depois de duas semanas de episódios sólidos, mas com um forte sentimento de fillers, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ retorna com um dos melhores capítulos da temporada até agora. Afinal, a mais nova iteração não apenas dá continuidade às múltiplas tramas apresentadas, mas responde a algumas perguntas e traz revelações incríveis que nos mantêm vidrados do começo ao fim e que nos fazem imaginar o que as próximas semanas nos aguardam.

Como já mencionado nos textos anteriores, um dos enredos mais coesos e envolventes é o delineado entre o príncipe anão de Khazad-dûm, Durin IV (Owain Arthur), e o altivo elfo arquiteto Elrond (Robert Aramayo). E, depois de sermos apresentados a sua amizade conturbada, é notável como os criadores do show investem mais esforços para explorar esse relacionamento tão incrível e tão recheado de química: dizer que Aramayo e Arthur fazem um trabalho espetacular é apenas uma maneira modesta de elogiá-los; no final das contas, isso não seria possível a preocupação em desenvolvê-los sem pressa e dentro de suas peculiaridades. No capítulo anterior, Durin fez com que Elrond jurasse segredo sobre a descoberta de mithril e, agora, o elfo se vê em um impasse entre quebrar a confiança do amigo ou ser um dos responsáveis pela queda da raça élfica e da destruição da luz.

Ainda que o enredo em questão tenha tempo o suficiente para nos conquistar, ele não é o único a ser trazido às telinhas – e, talvez, a recuperação do ritmo e do equilíbrio estruturais seja apenas um gostinho do que poderemos ver no futuro. Além de Elrond e Durin, temos Galadriel (Morfydd Clark) demonstrando suas habilidades como guerreira e enfrentando o obstáculo de conquistar os humanos de Númenor que a desprezam e convencê-los a viajar para a Terra-Média para lutar contra as forças das trevas. Galadriel, inclusive, protagoniza uma das sequências mais bem coreografadas e que nos traz um pouco de volta a nostalgia da trilogia original de Peter Jackson, divertindo-se em cena ao lado dos soldados númenorianos e desfrutando de momentos arrepiantes com Halbrand (Charlie Vickers) e Elendil (Lloyd Owen).

Também temos a volta de Bronwyn (Nazanin Boniadi) e Arondir (Ismael Cruz Córdova) lutando contra os orcs que se apossaram das Terras do Sul e que, liderados pelo misterioso Adar (Joseph Mawle), lançam um ultimato para aqueles que tentam fugir de um destino pior que a morte. Mesmo com menos furor do que o esperado, a contraposição explosiva entre os dois personagens é o que nos mantém interessados: Arondir é um devoto da esperança e um arauto otimístico de como enfrentar os mais diversos problemas, enquanto Bronwyn parece aceitar que não tem para onde fugir e que, pelo fato de ser humana, é passível de erros e de se render à maldade em um piscar de olhos. É aí que o jovem Theo (Tyroe Muhafidin) insurge como um ponto de austeridade, reunindo o melhor dos dois mundos para que a vitória seja certa e seus inimigos, derrotados.

Apesar da considerável melhora, há um vício que se recusa a sair de perto da série – e esse vício gira em torno do arco de Nori (Markella Kavenagh) e o misterioso gigante que caiu do céu (Daniel Weyman). Neste episódio, eles de fato tem um protagonismo maior, mas são jogados à posição de coadjuvantes quando justapostos aos outros personagens: é claro que as cândidas cenas entre os dois são ótimas e nos tiram o fôlego um momento ou outro, mas a história parece estar demorando demais para se desenrolar – e, com sorte, isso mude logo, principalmente com a aparição duvidosa de um trio do que parecem ser feiticeiras ou bruxas brancas em busca do estranho.

A série permanece dentro de um grandioso e épico espetáculo visual, cortesia de um time criativo que não perde a mão em nenhum momento. Entretanto, um dos elementos que mais nos cativa é a antêmica e potente trilha sonora de Bear McCreary, que vinha sendo subestimada até então: o compositor se afasta o máximo que pode dos convencionalismos encontrados em produções do gênero, porém, não deixa de prestar sua homenagem a Howard Shore com um arranjo impecável de instrumentos de corda e uma celebração etérea do que está por vir. Nos minutos finais, a música consegue atingir uma perfeição sinestésica aplaudível e funciona, ao mesmo tempo, como uma conclusão e um recomeço.

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ retorna com força descomunal e prestando mais atenção aos erros que cometeu nas semanas anteriores. O quinto capítulo recupera o que foi cultivado na estreia dupla e adentra, ao menos por enquanto, um caráter testamentário e honrável aos escritos e ao legado de J.R.R. Tolkien (que, sem sombra de dúvida, ficaria bastante orgulhoso com o episódio).

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