Crítica | ‘O Silêncio das Ostras’ – Um importante olhar para as atividades predatórias [Festival do Rio 2024]

Partindo para uma impactante crítica social através dos conflitos emocionais de uma jovem que acompanha as mudanças de tudo e todos ao seu redor, O Silêncio das Ostras, novo trabalho do cineasta Marcos Pimentel, fortalece o debate sobre as ações das mineradoras. Com uma belíssima fotografia assinada pelo craque Petrus Cariry, o projeto alimenta seu discurso através da tentativa de sobrevivência de uma representante de seres deslocados em meio à destruição.

Na trama, ambientada algumas décadas atrás, principalmente na época da copa do mundo de 1990, conhecemos Kaylane (Bárbara Colen, na fase adulta), uma jovem que mora com a família em uma comunidade de operários de uma mina, vivendo e crescendo a partir das ações da mineradora da região. Quando algumas partidas contornam sua trajetória, o tempo passa e ela se vê sozinha em meio ao caos que se tornou a região após o rompimento de uma barragem. Sem destino, vítima do êxodo da própria história, ela busca novos caminhos tendo como direção o resistir.

Cena do filme 'O Silêncio das Ostras', de Marcos Pimentel
Cena do filme ‘O Silêncio das Ostras’, de Marcos Pimentel

Mesmo com um ritmo demasiadamente lento, essa interessante filme encontra uma importante ponte entre um recorte familiar e as questões da mineração. A estrutura da família disfuncional é apresentada por camadas e conflitos girando em torno das ações da empresa que comanda o ir e vir da região. Isso influencia irmãos indo em busca de novos caminhos, uma mãe se deslocando rumo ao egoísmo do abandonar, o pai sofrendo as consequências de anos de um trabalho insalubre, sem assistência. Kaylane se coloca como os olhos do público em uma narrativa onde as imagens viram complementos, não só traçando paralelos com as emoções, mas também para todo um contexto que fortalece o discurso.

Cena do filme 'O Silêncio das Ostras', de Marcos Pimentel
Cena do filme ‘O Silêncio das Ostras’, de Marcos Pimentel

Outro ponto chave são os importantes recortes temporais – longe de gerarem redundância – reforçam a solidão pelas partidas, as histórias apagadas, focando nas consequências de pessoas excluídas do próprio berço. A partir disso, em meio a montanhas deixando de existir e a vida se modificando por ações predatórias que só ganham proporções mais críticas quando uma enorme tragédia acontece, chegamos a um desfecho com significados importantes e reflexões que ligam os pontos para a necessidade mais do que urgente para uma forte política ambiental.

 

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