quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | O Silêncio do Pântano – Berlim de ‘La Casa de Papel’ estrela suspense da Netflix

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Saudade do Berlim, né minha filha? Pois é, enquanto uma possível nova temporada de ‘La Casa de Papel’ não estreia, uma dica interessante é assistir a ‘O Silêncio do Pântano’, novo suspense da Netflix que traz nosso Berlim como um escritor serial-killer.

Já na primeira cena vemos Q (Pedro Alonso), um homem claramente confuso que, numa noite de tempestade e muito trânsito, acaba pegando um táxi. Só que o taxista é falador e teimoso, e vai por um caminho do qual Q não gosta e, no meio do trajeto Q vomita e o taxista fica bem puto com isso. Então, num rompante de fúria, Q mata o taxista. E aí entendemos que na verdade tudo isso aconteceu enquanto o verdadeiro Q estava lendo esta cena, e que tudo faz parte de uma história de ficção que ele estava narrando de seu novo livro, ‘Quando a Espuma do Mar Fica Vermelha’.



Ambientado na cidade de Valência, na Espanha, a história mistura política, economia, suspense, serial-killer e drama. Um easter egg bem legal é se atentar para a tal casa no pântano, que aparece já na primeira sequência com Pedro Alonso ali parado: esta casa é a mesma utilizada na série ‘O Píer’, que tem como protagonista Álvaro Morte, o Professor. Coincidência? Ou será que inconscientemente a Netflix está criando um “ universo la casa de papel”?

Baseado no livro de 2015 ‘El Silencio del Pantano’, de Juanjo Braulio, o longa de pouco mais de duas horas de duração entrelaça ficção e realidade em um roteiro confuso e uma história fraca. Escrito por Carlos de Pando e Sara Antuña, o roteiro alterna cenas que parecem desconexas entre si, até serem esclarecidas no grande final. O problema é que até lá o espectador se perde sobre a motivação das atitudes dos personagens, sobre a relação entre eles, sobre o papel de cada um na história e, acima de tudo, sobre o porquê das coisas estarem acontecendo.

Marc Vigil até consegue construir uma atmosfera interessante na direção do seu longa, posicionando a câmera como se o espectador estivesse flagrando algo escondido e ambientando o filme com uma sonoplastia bem hitchcockiana. Entretanto, Marc exigiu muito pouco de seu elenco, e o resultado é atuações destoantes que não exprimem sentimentos. Até mesmo o queridinho Pedro Alonso, que em diversas vezes entra em cena fazendo carão e quase não tem fala, como se literalmente fosse um narrador espectador inclusive do próprio filme do qual é protagonista. É bem esquisito isso.

Somando todos os pontos conflitantes, fica complicado encontrar um bom motivo para assistir a ‘O Silêncio do Pântano’ que não seja o fato de ser um suspense estrelado por Pedro Alonso no qual ele meio que faz o papel de um serial-killer – porque nem ele está bem no filme. Experimental demais, ‘O Silêncio do Pântano’ começa e termina sem ir a lugar algum.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Já na primeira cena vemos Q (Pedro Alonso), um homem claramente confuso que, numa noite de tempestade e muito trânsito, acaba pegando um táxi. Só que o taxista é falador e teimoso, e vai por um caminho do qual Q não gosta e, no meio do trajeto Q vomita e o taxista fica bem puto com isso. Então, num rompante de fúria, Q mata o taxista. E aí entendemos que na verdade tudo isso aconteceu enquanto o verdadeiro Q estava lendo esta cena, e que tudo faz parte de uma história de ficção que ele estava narrando de seu novo livro, ‘Quando a Espuma do Mar Fica Vermelha’.

Ambientado na cidade de Valência, na Espanha, a história mistura política, economia, suspense, serial-killer e drama. Um easter egg bem legal é se atentar para a tal casa no pântano, que aparece já na primeira sequência com Pedro Alonso ali parado: esta casa é a mesma utilizada na série ‘O Píer’, que tem como protagonista Álvaro Morte, o Professor. Coincidência? Ou será que inconscientemente a Netflix está criando um “ universo la casa de papel”?

Baseado no livro de 2015 ‘El Silencio del Pantano’, de Juanjo Braulio, o longa de pouco mais de duas horas de duração entrelaça ficção e realidade em um roteiro confuso e uma história fraca. Escrito por Carlos de Pando e Sara Antuña, o roteiro alterna cenas que parecem desconexas entre si, até serem esclarecidas no grande final. O problema é que até lá o espectador se perde sobre a motivação das atitudes dos personagens, sobre a relação entre eles, sobre o papel de cada um na história e, acima de tudo, sobre o porquê das coisas estarem acontecendo.

Marc Vigil até consegue construir uma atmosfera interessante na direção do seu longa, posicionando a câmera como se o espectador estivesse flagrando algo escondido e ambientando o filme com uma sonoplastia bem hitchcockiana. Entretanto, Marc exigiu muito pouco de seu elenco, e o resultado é atuações destoantes que não exprimem sentimentos. Até mesmo o queridinho Pedro Alonso, que em diversas vezes entra em cena fazendo carão e quase não tem fala, como se literalmente fosse um narrador espectador inclusive do próprio filme do qual é protagonista. É bem esquisito isso.

Somando todos os pontos conflitantes, fica complicado encontrar um bom motivo para assistir a ‘O Silêncio do Pântano’ que não seja o fato de ser um suspense estrelado por Pedro Alonso no qual ele meio que faz o papel de um serial-killer – porque nem ele está bem no filme. Experimental demais, ‘O Silêncio do Pântano’ começa e termina sem ir a lugar algum.

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