domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Sol Também é Uma Estrela – Representatividade é o forte do romance

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A adaptação de romances adolescentes para o cinema sempre foi uma aposta certeira de Hollywood – como muito bem provaram sagas como Twilight, de Stephenie Meyer, e dramas como A Culpa é das Estrelas, de John Green. Por isso, não foi tão surpreendente assim quando anunciaram que o best-seller O Sol Também é Uma Estrela (The Sun is Also a Star), da escritora Nicola Yoon, também ganharia as telonas neste ano – com direção de Ry Russo-Young, que também dirigiu a série Everything Sucks e o longa Antes Que Eu Vá.  Trazendo as “coincidências” do destino como principal fio condutor do roteiro, a trama tem todos os elementos necessários para conquistar quem ama um romance tocante e clichê (assim como para afastar quem prefere histórias mais realistas sobre relacionamentos, vale dizer). Mas, sem dúvidas, com defeitos e qualidades à parte, seu maior mérito está no fato de se preocupar com a representatividade ao trazer uma negra e um asiático como protagonistas.

A história já começa apresentando o conflito de Natasha Kingsley (Yara Shahidi) e de sua família: após anos morando em Nova York, eles já têm dia definido para serem deportados para seu país de origem, a Jamaica – discussão que, inclusive, vem a calhar em plena Era Trump e sua política contra imigrantes nos Estados Unidos (ainda que essa questão esteja bem longe de ser aprofundada no enredo). Contrariando os pedidos da mãe e do pai, que já se conformaram com a situação, Natasha decide recorrer e fazer uma última tentativa para que eles possam continuar em solo americano, embora o retorno para casa já esteja marcado para o dia seguinte e pareça praticamente impossível mudar a cabeça das autoridades. Já em outro ponto da cidade, Daniel Bae (Charles Melton) se prepara para a entrevista que definirá sua entrada na faculdade de Medicina –  indo contra seu desejo de ser poeta para seguir a profissão escolhida pelos seus pais. Os dois nunca se viram e nem imaginam a existência um do outro, até que esse “dia D” na vida de ambos irá fazer com que os caminhos se entrelacem de uma maneira que, talvez, só os romances açucarados permitam.



Da frase “deus ex-machina” na jaqueta de um e no caderno de outro a compromissos no mesmo local, o casal se aproxima de maneiras que, a princípio, podem incomodar. Embora a suposta vontade do destino apareça para justificar cada passo, em alguns momentos, tudo soa apenas como a velha conveniência de roteiro para que os protagonistas se conheçam e fiquem juntos (e, sim, pode ser que os ~menos sensíveis~ revirem os olhos na décima vez em que o personagem de Charles Melton excalamar “Destino!” ao longo da trama). Além disso, outro ponto negativo é a insistência deste último para passar um dia com Natasha antes dela realmente parecer interessada em um contato, parecendo mais um stalker que não entende um “não” do que um romântico que acaba de conhecer quem acredita ser a mulher da sua vida. No entanto, quando o casal finalmente entra no mesmo tom, esses detalhes incomodam menos e dá até para desconsiderar a falta de verossimilhança de alguns acontecimentos para torcer pelos dois (principalmente depois da cena do karaokê, com a ótima Crimson and Clover cantada por Daniel Bae).

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Embora a química entre o casal não seja tão marcante assim – muito por conta dos diálogos vazios e situações forçadas que os dois compartilham no dia em que passam juntos -, o carisma individual de Yara Shahidi e Charles Melton contribui para que o romance ganhe mais força; principalmente a primeira, que vive uma personagem bem mais interessante que a de seu companheiro em cena. Decidida e de personalidade forte, Natasha é do tipo que deixa o amor em segundo plano para focar em objetivos mais urgentes, enquanto Daniel é o típico romântico que acredita em paixão à primeira vista e que, por vezes, pode parecer meloso demais para quem já passou da fase em que vê os relacionamentos amorosos de um jeito extremamente idealizado. Nesse caso, o velho clichê de que “opostos se atraem” veio mesmo a calhar na condução da trama, já que a glicose iria nas alturas se os dois protagonistas compartilhassem a mesma visão cheia de açúcar sobre destinos e almas gêmeas.

Com uma negra e um asiático como protagonista, além de fugir do “padrão branco” dos romances hollywoodianos, o longa também acerta ao incluir algumas críticas no decorrer do enredo – como a quebra de determinados estereótipos e o preconceito com cabelos crespos e volumosos, por exemplo – sem que se torne didático demais para deixar claro que está cumprindo um determinado papel. Em tempos em que a representatividade é, com razão, cada vez mais pedida nas produções, O Sol Também é Uma Estrela já ganha força só por aparecer como um exemplar do tipo no meio de tantos romances adolescentes com personagens brancos, de cabelos lisos e olhos claros.

Além disso tudo, por mais que o roteiro seja bem questionável em vários momentos e que esteja longe de apresentar um romance que veio para marcar, não faz mal parar um pouco de considerar só a razão para comprar a mensagem central que o filme deseja passar: a de que tudo se desdobra como tem que ser. Seja por obra do simples destino ou com uma forcinha de nós mesmos no meio dessa loucura que é a vida, aparentemente, tudo volta para o lugar – e, se não voltar, vale abraçar até mesmo a intensidade do que foi efêmero.  Tem alguém com cisco no olho por aí?

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A adaptação de romances adolescentes para o cinema sempre foi uma aposta certeira de Hollywood – como muito bem provaram sagas como Twilight, de Stephenie Meyer, e dramas como A Culpa é das Estrelas, de John Green. Por isso, não foi tão surpreendente assim quando anunciaram que o best-seller O Sol Também é Uma Estrela (The Sun is Also a Star), da escritora Nicola Yoon, também ganharia as telonas neste ano – com direção de Ry Russo-Young, que também dirigiu a série Everything Sucks e o longa Antes Que Eu Vá.  Trazendo as “coincidências” do destino como principal fio condutor do roteiro, a trama tem todos os elementos necessários para conquistar quem ama um romance tocante e clichê (assim como para afastar quem prefere histórias mais realistas sobre relacionamentos, vale dizer). Mas, sem dúvidas, com defeitos e qualidades à parte, seu maior mérito está no fato de se preocupar com a representatividade ao trazer uma negra e um asiático como protagonistas.

A história já começa apresentando o conflito de Natasha Kingsley (Yara Shahidi) e de sua família: após anos morando em Nova York, eles já têm dia definido para serem deportados para seu país de origem, a Jamaica – discussão que, inclusive, vem a calhar em plena Era Trump e sua política contra imigrantes nos Estados Unidos (ainda que essa questão esteja bem longe de ser aprofundada no enredo). Contrariando os pedidos da mãe e do pai, que já se conformaram com a situação, Natasha decide recorrer e fazer uma última tentativa para que eles possam continuar em solo americano, embora o retorno para casa já esteja marcado para o dia seguinte e pareça praticamente impossível mudar a cabeça das autoridades. Já em outro ponto da cidade, Daniel Bae (Charles Melton) se prepara para a entrevista que definirá sua entrada na faculdade de Medicina –  indo contra seu desejo de ser poeta para seguir a profissão escolhida pelos seus pais. Os dois nunca se viram e nem imaginam a existência um do outro, até que esse “dia D” na vida de ambos irá fazer com que os caminhos se entrelacem de uma maneira que, talvez, só os romances açucarados permitam.

Da frase “deus ex-machina” na jaqueta de um e no caderno de outro a compromissos no mesmo local, o casal se aproxima de maneiras que, a princípio, podem incomodar. Embora a suposta vontade do destino apareça para justificar cada passo, em alguns momentos, tudo soa apenas como a velha conveniência de roteiro para que os protagonistas se conheçam e fiquem juntos (e, sim, pode ser que os ~menos sensíveis~ revirem os olhos na décima vez em que o personagem de Charles Melton excalamar “Destino!” ao longo da trama). Além disso, outro ponto negativo é a insistência deste último para passar um dia com Natasha antes dela realmente parecer interessada em um contato, parecendo mais um stalker que não entende um “não” do que um romântico que acaba de conhecer quem acredita ser a mulher da sua vida. No entanto, quando o casal finalmente entra no mesmo tom, esses detalhes incomodam menos e dá até para desconsiderar a falta de verossimilhança de alguns acontecimentos para torcer pelos dois (principalmente depois da cena do karaokê, com a ótima Crimson and Clover cantada por Daniel Bae).

Embora a química entre o casal não seja tão marcante assim – muito por conta dos diálogos vazios e situações forçadas que os dois compartilham no dia em que passam juntos -, o carisma individual de Yara Shahidi e Charles Melton contribui para que o romance ganhe mais força; principalmente a primeira, que vive uma personagem bem mais interessante que a de seu companheiro em cena. Decidida e de personalidade forte, Natasha é do tipo que deixa o amor em segundo plano para focar em objetivos mais urgentes, enquanto Daniel é o típico romântico que acredita em paixão à primeira vista e que, por vezes, pode parecer meloso demais para quem já passou da fase em que vê os relacionamentos amorosos de um jeito extremamente idealizado. Nesse caso, o velho clichê de que “opostos se atraem” veio mesmo a calhar na condução da trama, já que a glicose iria nas alturas se os dois protagonistas compartilhassem a mesma visão cheia de açúcar sobre destinos e almas gêmeas.

Com uma negra e um asiático como protagonista, além de fugir do “padrão branco” dos romances hollywoodianos, o longa também acerta ao incluir algumas críticas no decorrer do enredo – como a quebra de determinados estereótipos e o preconceito com cabelos crespos e volumosos, por exemplo – sem que se torne didático demais para deixar claro que está cumprindo um determinado papel. Em tempos em que a representatividade é, com razão, cada vez mais pedida nas produções, O Sol Também é Uma Estrela já ganha força só por aparecer como um exemplar do tipo no meio de tantos romances adolescentes com personagens brancos, de cabelos lisos e olhos claros.

Além disso tudo, por mais que o roteiro seja bem questionável em vários momentos e que esteja longe de apresentar um romance que veio para marcar, não faz mal parar um pouco de considerar só a razão para comprar a mensagem central que o filme deseja passar: a de que tudo se desdobra como tem que ser. Seja por obra do simples destino ou com uma forcinha de nós mesmos no meio dessa loucura que é a vida, aparentemente, tudo volta para o lugar – e, se não voltar, vale abraçar até mesmo a intensidade do que foi efêmero.  Tem alguém com cisco no olho por aí?

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