domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Som do Silêncio – Indicado ao Oscar é favorito para estatueta de Melhor Som

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Não é exagero dizer que ‘O Som do Silêncio’, com esse título poético e autoexplicativo, deveria (e é fortíssimo candidato) a ganhar a estatueta dourada em mais de uma categoria, especialmente na categoria de Melhor Som. Por mais impensável que possa parecer, o som nesse filme – que trata da ausência do som –, é realmente incrível.



Ruben (Riz Ahmed) é o baterista do dueto de rock’ n roll que tem com a namorada, Lou (Olivia Cooke). Os dois vivem uma vida alternativa em um trailer e estão em turnê por cidades nos Estados Unidos. De repente, Ruben para de ouvir. Tudo lhe soa abafado, como quando o ouvido entope. Ele tenta reverter o quadro e fingir que está tudo bem, mantendo as apresentações, até que a situação fica insustentável e ele decide abrir o jogo para Lou e para seu empresário. Então, é sugerido que Ruben se mude para uma instituição que atende a surdos adultos que, assim como ele, têm problemas de vício. Mas o jovem baterista terá muitos problemas para se adaptar à nova vida, especialmente depois que descobre a possibilidade de um implante que promete restituir sua audição.

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A história criada por Derek Cianfrance e Darius Marder e roteiro escrito por este e Abraham Marder é original e inclusiva, trazendo um universo desconhecido pela maioria das pessoas e elaborando um mergulho completamente imersivo nessa realidade. Ao posicionar o cerne da trama na descoberta da surdez e na adaptação do protagonista a essa nova condição, tanto o espectador quanto o próprio Ruben passam juntos por essa experiência, ignorada por tantos, e essa vivência é tão real, tão bem construída no filme, que a gente vai sentindo o mesmo desconforto e as mesmas angústias tal como se fosse conosco.

Tudo isso é possível graças a uma ambientação impecável da edição de som, que capturou exatamente como o excesso de ruídos e o peso do silêncio transformam a vida em sociedade de maneira significativa. De uma maneira sutil e figurativa, o longa alerta como nós, seres humanos que vivem nas cidades cosmopolitas ocidentais, não temos o costume de ficarmos em silêncio, sozinhos com nossos pensamentos. O silêncio traz reflexão, e a reflexão pode levar a conclusões desagradáveis, enquanto, por outro lado, sociedades orientais e indígenas trabalham a solidão e o silêncio como uma ferramenta de amadurecimento do ser – um estágio de autorreflexão que Ruben precisa entender para viver a partir de agora.

Darius Marder assume a responsabilidade de dirigir um filme que retrata o universo privativo (e privilegiado) da audição, trazendo o real impacto dela em nossas vidas e, principalmente, da ausência dela. Com a ótima atuação de Riz Ahmed, o filme merece ganhar algumas estatuetas no Oscar desse ano, especialmente nos quesitos técnicos. Disponível na Amazon Prime, é desses filmes que precisa ser exibido em escolas e universidades em prol de uma sociedade mais inclusiva para todos.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Não é exagero dizer que ‘O Som do Silêncio’, com esse título poético e autoexplicativo, deveria (e é fortíssimo candidato) a ganhar a estatueta dourada em mais de uma categoria, especialmente na categoria de Melhor Som. Por mais impensável que possa parecer, o som nesse filme – que trata da ausência do som –, é realmente incrível.

Ruben (Riz Ahmed) é o baterista do dueto de rock’ n roll que tem com a namorada, Lou (Olivia Cooke). Os dois vivem uma vida alternativa em um trailer e estão em turnê por cidades nos Estados Unidos. De repente, Ruben para de ouvir. Tudo lhe soa abafado, como quando o ouvido entope. Ele tenta reverter o quadro e fingir que está tudo bem, mantendo as apresentações, até que a situação fica insustentável e ele decide abrir o jogo para Lou e para seu empresário. Então, é sugerido que Ruben se mude para uma instituição que atende a surdos adultos que, assim como ele, têm problemas de vício. Mas o jovem baterista terá muitos problemas para se adaptar à nova vida, especialmente depois que descobre a possibilidade de um implante que promete restituir sua audição.

A história criada por Derek Cianfrance e Darius Marder e roteiro escrito por este e Abraham Marder é original e inclusiva, trazendo um universo desconhecido pela maioria das pessoas e elaborando um mergulho completamente imersivo nessa realidade. Ao posicionar o cerne da trama na descoberta da surdez e na adaptação do protagonista a essa nova condição, tanto o espectador quanto o próprio Ruben passam juntos por essa experiência, ignorada por tantos, e essa vivência é tão real, tão bem construída no filme, que a gente vai sentindo o mesmo desconforto e as mesmas angústias tal como se fosse conosco.

Tudo isso é possível graças a uma ambientação impecável da edição de som, que capturou exatamente como o excesso de ruídos e o peso do silêncio transformam a vida em sociedade de maneira significativa. De uma maneira sutil e figurativa, o longa alerta como nós, seres humanos que vivem nas cidades cosmopolitas ocidentais, não temos o costume de ficarmos em silêncio, sozinhos com nossos pensamentos. O silêncio traz reflexão, e a reflexão pode levar a conclusões desagradáveis, enquanto, por outro lado, sociedades orientais e indígenas trabalham a solidão e o silêncio como uma ferramenta de amadurecimento do ser – um estágio de autorreflexão que Ruben precisa entender para viver a partir de agora.

Darius Marder assume a responsabilidade de dirigir um filme que retrata o universo privativo (e privilegiado) da audição, trazendo o real impacto dela em nossas vidas e, principalmente, da ausência dela. Com a ótima atuação de Riz Ahmed, o filme merece ganhar algumas estatuetas no Oscar desse ano, especialmente nos quesitos técnicos. Disponível na Amazon Prime, é desses filmes que precisa ser exibido em escolas e universidades em prol de uma sociedade mais inclusiva para todos.

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