terça-feira , 24 dezembro , 2024

Crítica | O Tesouro do Pequeno Nicolau – Novo Filme é ainda Mais Inocente e tem Sabor de Despedida

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A infância de muitas gerações aqui no Brasil foi marcada por filmes e histórias de personagens carismáticos como ‘A Turma da Mônica’, ‘O Menino Maluquinho’ e ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’. Essas histórias fazem total sentido para nós, brasileiros, pois nos relacionamos com elas por refletirem parte de nossa cultura. O mesmo ocorre na infância de outros países, como na França, onde gerações de crianças cresceram lendo as histórias de ‘O Pequeno Nicolau’, que ganhou sua primeira adaptação cinematográfica no ano de 2009. Agora, mais de uma década após sua primeira versão e com um gostinho de despedida, chega aos cinemas brasileiros neste Natal o mais novo filme da franquia, ‘O Tesouro do Pequeno Nicolau’.



Nicolau (Ilan Debrabant) é um garoto feliz. Ele mora com seus pais numa casa legal e adora ir para escola, pois é lá que encontra seus fiéis amigos, com os quais montou um grupo secreto que utiliza todas as iniciais dos mais corajosos, criando laços de amizade que, acredita, durarão para sempre. Certo dia ele recebe uma tarefa de casa para descrever a profissão de seu pai (Jean-Paul Rouve), mas nem ele nem sua mãe (Audrey Lamy) sabem exatamente o que ele faz. Portanto, Nicolau decide passar um dia no escritório onde o pai trabalha, e lá ouve a notícia que faz seu chão tremer: seu pai foi promovido e se tornará o mais novo gerente da filial da empresa… em uma cidade ao sul do país. Isso significa que em breve ele terá que se mudar, e, consequentemente, se afastará do seu grupo de amigos. Decididos a impedir que isso aconteça, Nicolau e seus amigos farão de tudo para dissolver os planos do pai, nem que para isso tenham que encontrar um famoso tesouro.

O Tesouro do Pequeno Nicolau’ é, sem dúvidas, um filme infantil, e entende muito bem como funciona o universo das crianças. Baseado nos personagens criados por René Goscinny, o roteiro de Julien Rappeneau e Mathias Gavarry é construído a partir da perspectiva infantil, e isso se reflete em todos os detalhes, como por exemplo nesse lance da profissão do pai (é muito comum que as crianças não saibam especificar no quê seus pais trabalham, que inventem profissões ou funções etc). Em uma hora e quarenta, o filme alterna seu enredo entre as angústias do pequeno diante da iminente mudança e a tal promoção do pai; entretanto, sendo o universo do pequeno Nicolau muito mais imaginativo e interessante, toda vez que a trama se volta para o mundo adulto a narrativa soa um pouco forçada, desconexa, sinalizando que o forte da produção é mesmo o núcleo da criançada.

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Tudo isso é reforçado não só pela angulação da câmera do diretor Julien Rappeneau, sempre posicionada na altura das crianças ou sob a ótica dela, mas também com uma produção extremamente colorida e plasticamente brilhante, que recupera a estética da década de 1950, quando se passa a história, e também corrobora o lúdico do universo de uma criança de nove anos, com gestuais e performances caricatas e exageradas. Reunidas em uma mesma cena, é bonito de ver.

 ‘O Tesouro do Pequeno Nicolau’ é um filme inocente com o humor infantil, adorável, e totalmente voltado para os pequenos, suas angústias e desejos. Mais um acerto do universo do Pequeno Nicolau, que, mesmo sendo belga-francês, consegue dialogar com crianças do mundo inteiro trazendo uma linda mensagem ao final.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A infância de muitas gerações aqui no Brasil foi marcada por filmes e histórias de personagens carismáticos como ‘A Turma da Mônica’, ‘O Menino Maluquinho’ e ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’. Essas histórias fazem total sentido para nós, brasileiros, pois nos relacionamos com elas por refletirem parte de nossa cultura. O mesmo ocorre na infância de outros países, como na França, onde gerações de crianças cresceram lendo as histórias de ‘O Pequeno Nicolau’, que ganhou sua primeira adaptação cinematográfica no ano de 2009. Agora, mais de uma década após sua primeira versão e com um gostinho de despedida, chega aos cinemas brasileiros neste Natal o mais novo filme da franquia, ‘O Tesouro do Pequeno Nicolau’.

Nicolau (Ilan Debrabant) é um garoto feliz. Ele mora com seus pais numa casa legal e adora ir para escola, pois é lá que encontra seus fiéis amigos, com os quais montou um grupo secreto que utiliza todas as iniciais dos mais corajosos, criando laços de amizade que, acredita, durarão para sempre. Certo dia ele recebe uma tarefa de casa para descrever a profissão de seu pai (Jean-Paul Rouve), mas nem ele nem sua mãe (Audrey Lamy) sabem exatamente o que ele faz. Portanto, Nicolau decide passar um dia no escritório onde o pai trabalha, e lá ouve a notícia que faz seu chão tremer: seu pai foi promovido e se tornará o mais novo gerente da filial da empresa… em uma cidade ao sul do país. Isso significa que em breve ele terá que se mudar, e, consequentemente, se afastará do seu grupo de amigos. Decididos a impedir que isso aconteça, Nicolau e seus amigos farão de tudo para dissolver os planos do pai, nem que para isso tenham que encontrar um famoso tesouro.

O Tesouro do Pequeno Nicolau’ é, sem dúvidas, um filme infantil, e entende muito bem como funciona o universo das crianças. Baseado nos personagens criados por René Goscinny, o roteiro de Julien Rappeneau e Mathias Gavarry é construído a partir da perspectiva infantil, e isso se reflete em todos os detalhes, como por exemplo nesse lance da profissão do pai (é muito comum que as crianças não saibam especificar no quê seus pais trabalham, que inventem profissões ou funções etc). Em uma hora e quarenta, o filme alterna seu enredo entre as angústias do pequeno diante da iminente mudança e a tal promoção do pai; entretanto, sendo o universo do pequeno Nicolau muito mais imaginativo e interessante, toda vez que a trama se volta para o mundo adulto a narrativa soa um pouco forçada, desconexa, sinalizando que o forte da produção é mesmo o núcleo da criançada.

Tudo isso é reforçado não só pela angulação da câmera do diretor Julien Rappeneau, sempre posicionada na altura das crianças ou sob a ótica dela, mas também com uma produção extremamente colorida e plasticamente brilhante, que recupera a estética da década de 1950, quando se passa a história, e também corrobora o lúdico do universo de uma criança de nove anos, com gestuais e performances caricatas e exageradas. Reunidas em uma mesma cena, é bonito de ver.

 ‘O Tesouro do Pequeno Nicolau’ é um filme inocente com o humor infantil, adorável, e totalmente voltado para os pequenos, suas angústias e desejos. Mais um acerto do universo do Pequeno Nicolau, que, mesmo sendo belga-francês, consegue dialogar com crianças do mundo inteiro trazendo uma linda mensagem ao final.

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