Não é de hoje que os espectadores brasileiros estão de olho nas produções turcas. Há tempos a mulherada anda assistindo às novelas daquele país, que chegam aqui graças à internet. E, nos últimos anos, também a Netflix tem percebido essa tendência de enamoramento dos espectadores brasileiros com as produções da Turquia – razão pela qual a líder dos streamings tem trazido filmes emocionantes como ‘Milagre na Cela 7’ e o atual queridinho dos assinantes, o drama ‘O Violino do Meu Pai’, que, desde sua estreia, se mantém firme no Top 10.
Özlem (Gülizar Nisa Uray) é uma menina de apenas oito anos, supersimpática e muito inteligente. Mas, aos oito anos, vive um estilo de vida impróprio para qualquer criança: ela trabalha nas ruas da Turquia recolhendo o dinheiro dos passantes enquanto seu pai e os três amigos dele tocam músicas temáticas para animar o público. Invariavelmente as apresentações acabam com a polícia aparecendo e correndo atrás deles, mas está tudo bem, porque é assim que sobrevivem. Ou estava tudo bem, até o pai de Özlem precisar pedir ajuda a seu irmão, o grande violinista Mehmet (Engin Altan Düzyatan), com quem já não tem mais contato. E essa nova configuração familiar irá reabrir antigas feridas mal cicatrizadas.
Com cerca de uma hora e quarenta de duração, ‘O Violino do Meu Pai’, apesar de ser um drama, é incrivelmente alto-astral. O filme já começa com uma empolgante cena de apresentação musical do referido grupo de personagens tocando uma música tão festiva, que a gente já começa o filme sorrindo. A protagonista Özlem é extremamente fofa e cativante, um rainho de sol em cena que conquista o espectador com seu jeitinho natural.
O roteiro de Palaspandiras tem uma construção narrativa bastante inspirada no cinema indiano: o filme começa e se encerra com uma cena musical; os momentos reflexivos dos personagens são contados em flashbacks dramatizados narrados pelos próprios; há um jogo de luz que faz com que toda vez que Mehmet esteja no palco a iluminação seja azulada, aprofundando a carga dramática enorme desse protagonista.
Andaç Haznedaroglu faz um bom trabalho na direção do seu ‘O Violino do Meu Pai’, mantendo o equilíbrio certo da narrativa para que seu filme não caísse nem no dramalhão, nem na comicidade fora de lugar, ainda que por vezes alguns escorregões e liberdades criativas deem uma amaciada na história (como na sequência final, em que há um corre corre entre dois pontos da cidade mas que, milagrosamente, os personagens conseguem percorrer a pé a tempo de não perder um evento).
‘O Violino do Meu Pai’ tem suas falhazinhas, mas é um programão adorável para assistir em família ou simplesmente para levantar o astral, se você estiver sozinho em casa hoje. Por se passar na Turquia e ser falado em turco, é, também, uma ótima oportunidade de conhecer um pouquinho mais dos costumes e da cultura desse país. Acima de tudo, ‘O Violino do Meu Pai’ é uma história emocionante, que deixa um quentinho gostoso no coração e um sorriso no rosto.