sábado, abril 27, 2024

Crítica | Operação Hunt: Thriller político de astro de ‘Round 6’ é exagerado, mas conquista com insanas cenas de ação

Filme assistido no Festival de Toronto 2022

Em meio às tensões entre as duas Coréias e a necessidade de proteger segredos de Estado que podem colocar a segurança nacional em risco, Lee Jung-jae surge em tela exalando uma alinhada elegância, estampada em um terno escuro. O olhar pedinte e inseguro de sua performance em Round 6 dão espaço para uma fisionomia sisuda e desconfiada, que se destacam em uma linguagem corporal que mostra alerta e nos apresenta um homem misterioso. E assim, Operação Hunt mostra uma das feições artísticas mais populares de Jung-jae, como um astro de ação em um cenário teatralmente instável. E de instabilidade, o filme entende.

Com uma coletânea de subtramas escondidas capazes de surpreender até mesmo a incansável equipe de Shondaland responsável pelas milhões de reviravoltas de How to Get Away with Murder, Operação Hunt é o playground de Lee Jung-jae, que se esbalda diante das infinitas possibilidades de redefinir seu filme a cada novo quadro. Como um thriller político de ação que explora o submundo da agência de espionagem KCIA, o longa é uma aventura cinematográfica de delirar os olhos que clamam por uma ação frenética. Seguindo a estética narrativa do cinema produzido pela indústria Tailandesa, o filme é uma exaustiva, porém satisfatória descarga de adrenalina, que deixa blockbusters hollywoodianos com orçamentos mais robustos no chinelo.

Com Jung Woo-sung se unindo ao seu melhor amigo em um papel antagonista, Operação Hunt ainda é um fanservice para os cinéfilos sul-coreanos, que cresceram acompanhando os mais de 20 anos de amizade existente entre os astros. Ainda que a relação de ambos pouco signifique para a cultura ocidental, que descobriu Jung-jae apenas em meados de 2021 na amada e premiada série Round 6, a dinâmica fluída e envolvente da dupla nos prova como ambos são uma verdadeira força artística, protagonizando cenas de confronto corpo a corpo que são eletrizantes saciam nossos instintos mais impulsivos.

Operação Hunt é a versatilidade do cinema sul-coreano a plenos pulmões – ratificando para o ocidente o enorme potencial artístico cultural do país para além do K-POP e dos doramas. Com Lee Jung-Jae agora consolidado como um dos principais astros da indústria cinematográfica norte-americana, o protagonista de Round 6 se divide entre múltiplas funções como roteirista, diretor, ator e produtor em um longa que desafia a nossa compreensão humana sobre subplots e que coloca em xeque até mesmo algumas leis da física. Em coreografias de luta que nos hipnotizam, a partir de um rápido jogo de câmera e cortes secos que destacam a habilidosa direção do artista, a produção cumpre seu papel, ainda que peque por prometer demais em uma trama exageradamente grande.

E talvez o maior problema do filme seja a ambição criativa de Jung-jae. Com um roteiro fictício que faz uma pequena coletânea de eventos reais da Coréia, a produção perde seu rumo ao se propor a entregar muito mais do que genuinamente dá conta. Complicando sua trama demais com excessivas reviravoltas, que eventualmente são pouco desenvolvidas e trabalhadas em tela, Operação Hunt se perde por diversas vezes nos seus próprios esquemas de agente duplo, tornando a trama longa, cansativa e até mesmo confusa. Mas cativando a audiência com uma direção ágil, uma montagem bem feita e questionamentos que sempre colocam nossa percepção sobre os personagens em xeque, Operação Hunt se encerra como um clássico blockbuster americano, ainda que seu fôlego já não seja o mesmo de seus primeiros 20 minutos.

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