segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | Os Farofeiros – Comédia Brasileira Engraçada e Acima da Média

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Férias do Barulho

As comédias nacionais não tem o melhor dos rastros para exibir. Salvando raros casos (Minha Mãe é uma Peça, Meu Passado me Condena e os filmes de Ingrid Guimarães), o cinema brasileiro do gênero costuma apostar no mais baixo denominador comum, muitas vezes resultando em obras menos expressivas do que aquele humorístico da TV voltando para o público da terceira idade. Sim, este é o nível de inteligência geralmente depositado em tais produções.

À primeira vista o novo Os Farofeiros soa exatamente como mais um dos itens apresentados acima, sem tirar nem pôr. Tudo em seu marketing de divulgação – cartazes, trailers – exala a canastrice usual e a tosqueira nossa de cada produção de comédia. O longa demora a engatar e nos desafia a gostar dele, de começo repetindo as típicas bobajadas que já cansamos de assistir. Mas é quando estamos recolhendo os tomates e ovos para metralhar a produção que ela melhora consideravelmente e aos poucos vai acertando mais que errando, ao ponto de nos conquistar por completo e garantir nosso aval.



Veja bem, não me entenda errado, Os Farofeiros sem dúvida dá muitas bolas fora – aposta em uma trilha sonora exagerada, que enfatiza os momentos nos quais devemos rir (nem em comédias televisivas isso ocorre mais) e entrega ainda algumas situações de gosto duvidoso, que poderão ofender os mais sensíveis – isso sem falar no que é a cena com os mosquitos digitalmente animados (no que eles estavam pensando?).

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A verdade é que filmes como Os Farofeiros não são nem de perto confeccionados para agradar todo tipo de público, mas sim o grande público mediano que lota as sessões dos cinemas de shopping, mas que só saem de casa para ver filmes populares. O interessante aqui, é que com sua simplicidade, e algumas situações identificáveis, consegue cativar parte da outra parcela do público também.

O filme é dirigido por Roberto Santucci, que tem altos de baixos em sua carreira, mas sempre entregando um trabalho competente atrás das câmeras. O que conta em seus filmes não é tanto a direção (boa em sua maioria), e sim o roteiro, interagindo com a personalidade de seus protagonistas. Por exemplo, a coisa funciona bem quando Ingrid Guimarães e Tatá Werneck estão à frente, em filmes como De Pernas pro Ar e Loucas para Casar, mas não deu tão certo como veículo para Cléo Pires e Rodrigo Sant´anna, em Qualquer Gato Vira-Lata 2 e Um Suburbano Sortudo.

Aqui, o carisma de gente como Maurício Manfrini (o Paulinho Gogó), Cacau Protásio e da revelação Aline Riscado – só para citar alguns, pois o elenco inteiro está em harmonia – garantem as risadas. Existe um termo chamado “alegria da performance”, na qual o ator investe tanto em seu personagem que contagia o público com sua entrega. E isso é exatamente o que encontramos aqui nesta comédia. Em Os Farofeiros, este é um dos elementos que mais conquista – a química de todos os membros do elenco.

Na trama, Alexandre (Antônio Fragoso) está para ser promovido na empresa em que trabalha. Ao mesmo tempo, se vê sem opção para a viagem de réveillon e em cima da hora termina por aceitar o convite de um de seus colegas de trabalho, Lima (Manfrini), que vai com a esposa (Protásio) e os filhos pequenos para uma casa de praia na região dos lagos, no Rio de Janeiro. Acreditando ser uma boa casa, numa cidade próxima a Búzios, Alexandre decide se aventurar com sua família, incluindo a dondoca irritante Renata (Danielle Winits), sua esposa. Juntam-se às duas famílias, Rocha (Charles Paraventi), outro funcionário, e sua família, e Diguinho (Nilton Bicudo) com a estonteante namorada Elen (Riscado).

É claro que ao chegar lá, a cidade não era bem a esperada, e a casa é sinônimo de inferno na Terra: o chuveiro dá choque, a piscina está initulizável, o ar condicionado não funciona, o interior está imundo, as telas de proteção contra mosquitos estão furadas, entre outras coisas. Cada um destes detalhes rende um momento identificável para qualquer brasileiro que já alugou uma casa de praia ao lado de familiares ou amigos para passar um feriado. Além disso, como citado, o relacionamento dos personagens é crível e transcende os exageros esperados dos estereótipos, conseguindo exibir humanidade – pegue, por exemplo, um filme de premissa similar como A Noite da Virada (2014), só para sentir a diferença abismal de insight, graça e carisma de personagens. Mas o objetivo aqui é o humor, que  como sabemos só trabalha de duas formas, ou é engraçado ou não é; e para este que vos fala deu certo o suficiente para me pegar dando mais risadas do que gostaria de admitir.

O humor é simples, mas como dito, servido pelo carisma, química e capacidade de improviso de todos os membros do elenco. Da caricatura de Winits, as sacadas rápidas de Protásio, a cara-de-pau de Manfrini, a doçura de Elisa Pinheiro (que vive Vanete, a esposa grávida de Rocha) e a ingenuidade de Riscado, todos funcionam de forma cronometrada.

Por outro lado, o roteiro de Paulo Cursino e Odete Damico encontra espaço para escrever nas entrelinhas e falar além do que comédias nacionais estão acostumadas. Existem referências aqui, e inclusive metalinguagem com direito a alfinetada na crítica – acredite! (como na cena do cinema, na qual todos vão assistir a uma paródia de Minha Mãe é uma Peça). Em outra cena envolvendo a piscina “maldita”, filmes de terror como Poltergeist e O Chamado são a base do humor.

Os Farofeiros não funciona sempre, mas funciona bem, e quando funciona é engraçado de verdade para garantir o posto de uma das melhores comédias brasileiras escrachadas dos últimos anos. Ao ponto de desejarmos seu sucesso e que gere uma sequência. E de quantos filmes nacionais do gênero podemos dizer isso?

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À primeira vista o novo Os Farofeiros soa exatamente como mais um dos itens apresentados acima, sem tirar nem pôr. Tudo em seu marketing de divulgação – cartazes, trailers – exala a canastrice usual e a tosqueira nossa de cada produção de comédia. O longa demora a engatar e nos desafia a gostar dele, de começo repetindo as típicas bobajadas que já cansamos de assistir. Mas é quando estamos recolhendo os tomates e ovos para metralhar a produção que ela melhora consideravelmente e aos poucos vai acertando mais que errando, ao ponto de nos conquistar por completo e garantir nosso aval.

Veja bem, não me entenda errado, Os Farofeiros sem dúvida dá muitas bolas fora – aposta em uma trilha sonora exagerada, que enfatiza os momentos nos quais devemos rir (nem em comédias televisivas isso ocorre mais) e entrega ainda algumas situações de gosto duvidoso, que poderão ofender os mais sensíveis – isso sem falar no que é a cena com os mosquitos digitalmente animados (no que eles estavam pensando?).

A verdade é que filmes como Os Farofeiros não são nem de perto confeccionados para agradar todo tipo de público, mas sim o grande público mediano que lota as sessões dos cinemas de shopping, mas que só saem de casa para ver filmes populares. O interessante aqui, é que com sua simplicidade, e algumas situações identificáveis, consegue cativar parte da outra parcela do público também.

O filme é dirigido por Roberto Santucci, que tem altos de baixos em sua carreira, mas sempre entregando um trabalho competente atrás das câmeras. O que conta em seus filmes não é tanto a direção (boa em sua maioria), e sim o roteiro, interagindo com a personalidade de seus protagonistas. Por exemplo, a coisa funciona bem quando Ingrid Guimarães e Tatá Werneck estão à frente, em filmes como De Pernas pro Ar e Loucas para Casar, mas não deu tão certo como veículo para Cléo Pires e Rodrigo Sant´anna, em Qualquer Gato Vira-Lata 2 e Um Suburbano Sortudo.

Aqui, o carisma de gente como Maurício Manfrini (o Paulinho Gogó), Cacau Protásio e da revelação Aline Riscado – só para citar alguns, pois o elenco inteiro está em harmonia – garantem as risadas. Existe um termo chamado “alegria da performance”, na qual o ator investe tanto em seu personagem que contagia o público com sua entrega. E isso é exatamente o que encontramos aqui nesta comédia. Em Os Farofeiros, este é um dos elementos que mais conquista – a química de todos os membros do elenco.

Na trama, Alexandre (Antônio Fragoso) está para ser promovido na empresa em que trabalha. Ao mesmo tempo, se vê sem opção para a viagem de réveillon e em cima da hora termina por aceitar o convite de um de seus colegas de trabalho, Lima (Manfrini), que vai com a esposa (Protásio) e os filhos pequenos para uma casa de praia na região dos lagos, no Rio de Janeiro. Acreditando ser uma boa casa, numa cidade próxima a Búzios, Alexandre decide se aventurar com sua família, incluindo a dondoca irritante Renata (Danielle Winits), sua esposa. Juntam-se às duas famílias, Rocha (Charles Paraventi), outro funcionário, e sua família, e Diguinho (Nilton Bicudo) com a estonteante namorada Elen (Riscado).

É claro que ao chegar lá, a cidade não era bem a esperada, e a casa é sinônimo de inferno na Terra: o chuveiro dá choque, a piscina está initulizável, o ar condicionado não funciona, o interior está imundo, as telas de proteção contra mosquitos estão furadas, entre outras coisas. Cada um destes detalhes rende um momento identificável para qualquer brasileiro que já alugou uma casa de praia ao lado de familiares ou amigos para passar um feriado. Além disso, como citado, o relacionamento dos personagens é crível e transcende os exageros esperados dos estereótipos, conseguindo exibir humanidade – pegue, por exemplo, um filme de premissa similar como A Noite da Virada (2014), só para sentir a diferença abismal de insight, graça e carisma de personagens. Mas o objetivo aqui é o humor, que  como sabemos só trabalha de duas formas, ou é engraçado ou não é; e para este que vos fala deu certo o suficiente para me pegar dando mais risadas do que gostaria de admitir.

O humor é simples, mas como dito, servido pelo carisma, química e capacidade de improviso de todos os membros do elenco. Da caricatura de Winits, as sacadas rápidas de Protásio, a cara-de-pau de Manfrini, a doçura de Elisa Pinheiro (que vive Vanete, a esposa grávida de Rocha) e a ingenuidade de Riscado, todos funcionam de forma cronometrada.

Por outro lado, o roteiro de Paulo Cursino e Odete Damico encontra espaço para escrever nas entrelinhas e falar além do que comédias nacionais estão acostumadas. Existem referências aqui, e inclusive metalinguagem com direito a alfinetada na crítica – acredite! (como na cena do cinema, na qual todos vão assistir a uma paródia de Minha Mãe é uma Peça). Em outra cena envolvendo a piscina “maldita”, filmes de terror como Poltergeist e O Chamado são a base do humor.

Os Farofeiros não funciona sempre, mas funciona bem, e quando funciona é engraçado de verdade para garantir o posto de uma das melhores comédias brasileiras escrachadas dos últimos anos. Ao ponto de desejarmos seu sucesso e que gere uma sequência. E de quantos filmes nacionais do gênero podemos dizer isso?

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