Entre clássicos aventureiros como Tudo por uma Esmeralda e histórias sobre amadurecimento na fase da adolescência, Outer Banks orbita dentro do gênero teen drama como um raro desvio de seu próprio formato. Resgatando um estilo cinematográfico que teve o seu maior auge nos anos 80 – e que aos pouco volta a dar as caras com filmes como Jungle Cruise, Uncharted e Cidade Perdida -, a original Netflix destoa de tantas outras séries teens do momento, unindo a irrefutável magia por trás da lenda de um tesouro perdido com os dilemas naturais de uma produção coming of age. E misturando Dawson’s Creek e The O.C. com um doce toque da pureza aventuresca da galera de Os Goonies, Josh e Jonas Pate retornam com uma ambiciosa 3ª temporada, que cruza o Oceano Atlântico e expande a saga dos sonhadores Pogues.
Entre problemas familiares deixados no território de Outer Banks e a sedutora oportunidade de viver a maior jornada de suas vidas, a turma de adolescentes regressa com novos episódios ainda mais hipnotizantes e eletrizantes. Aumentando as apostas de tudo aquilo que já havia sido apresentado nos dois ciclos anteriores, a nova temporada não poupa seus protagonistas e explora seus arcos de forma surpreendente e convidativa. Desafiando seus limites físicos e emocionais, os Irmãos Pate fazem dos novos capítulos a oportunidade de colocarem todas as suas ambições narrativas à prova. E deu muito certo.
Com a saga pelo tesouro perdido se consolidando genuinamente como a antiga lenda de Eldorado, a série transporta a audiência para uma palpável trajetória de perdas, ganhos, reencontros e desilusões familiares. Em alguns momentos usando a corrida pelo ouro como um background para questões psicoemocionais muito mais densas e complexas, Outer Banks sai de sua zona de conforto – como já prometera com o final de sua 2ª temporada -, para ir além com sua trama. Se esquivando de repetições narrativas e tirando os arcos de seus personagens da mesmice, todos são levados aos extremos, em um roteiro que não tem medo de sacrificar o melhor e o pior de seus protagonistas, desde que isso renda uma boa história.
E com episódios dinâmicos e repletos de suspense e de cenas de ação, a série retorna ainda mais voraz e ávida. Colocando a índole de alguns personagens em cheque e sempre trabalhando a dualidade presente em todos eles, a 3ª temporada de Outer Banks chega muito mais madura, mais complexa e, consequentemente, mais envolvente. Sem rodeios e fillers, os novos capítulos estrelados por Chase Stokes, Madelyn Cline, Jonathan Daviss, Madison Bailey e Rudy Pankow vão direto ao ponto, elevando o nível da história e aumentando a adrenalina da trama. E agora cada vez mais próximos do tão sonhado tesouro, somos contemplados por uma experiência ainda mais rica, dramática e, ainda assim, divertida e engraçada.
Trazendo alguns momentos de respiro em meio a inúmeras crises existenciais palpáveis e identificáveis, a série da Netflix se destaca dentro do teen drama por ousar ir além de sua própria forma. Quebrando o molde com sua proposta original, Outer Banks pode não ser o tipo de série que chama a atenção nas premiações, mas é sem sombra de dúvidas um refrigério em meio a tantas agendas políticas maquiadas de “entretenimento”. Provando ser uma das melhores séries da gigante do streaming no momento, OBX é um renovo dentro de uma indústria televisiva que tem sido tão contaminada por premissas pouco autênticas. Atraindo jovens e adultos com facilidade, ela subverte os padrões de seu gênero, se tornando uma genuína aventura que continua valendo o nosso tempo.