domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica Netflix | Identidade: Rebecca Hall estreia na direção em drama racial com Ruth Negga e Tessa Thompson

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2021

A necessidade de pertencimento pode muitas vezes se tornar um gatilho para as crises existenciais. E em uma América que definia suas preferências, qualidades e atribuições a partir de um controle racial feito com o papel pardo, esse sentimento se fortalece ainda mais em toda uma comunidade. Identidade (Passing) é um drama racial que expõe esse temores presentes nos Estados Unidos, em uma era pré-Leis de Jim Crow (aquelas que segregaram brancos e pretos). Trazendo duas mulheres pretas de tons mais claros no centro da narrativa, a produção aborda as dores da busca por uma identidade racial, social e cultural, em virtude dos complexos racistas que regiam uma nação inteira.



Rebecca Hall inicia a sua jornada como cineasta com o pé direito. Conhecida por suas performances em filmes como O Presente e Vicky Cristina Barcelona, ela mostra uma nova faceta de talentos, assinando o roteiro e a direção da produção. Buscando colocar a audiência sob a mesma ótica de um filme de época, ela incorpora bem a narrativa baseada nos anos 20, sob uma fotografia em preto e branco que garante sutileza e delicadeza, à medida que se comunica habilmente com o contexto vigente da trama.

Com uma belíssima fotografia e uma direção autoral ainda em formação, Identidade traz Tessa Thompson e Ruth Negga lado a lado como as grandes protagonistas: Duas mulheres que dividiram a sua adolescência e que se reencontram inesperadamente. Enquanto a primeira leva uma vida pautada pela culturalidade afro americana do bairro Harlem, a outra conseguiu passar no teste do papel pardo e engana o seu esposo – um homem branco vivido por Alexander Skarsgård -, fingindo ser uma mulher caucasiana que toma “um pouquinho” de sol, vez outra.

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Longe de sua identidade racial e cercada por um universo racista, Kendry (Negga) encontra na antiga amizade sua chance de talvez achar a identidade que perdera para a mentira. Mas digladiando em uma vida dupla, ela viverá à beira do abismo, a um instante de ser descoberta – gerando uma atmosfera de suspense diferente, salpicada por um drama onde a obsessão e a insegurança pautam as atitudes dos protagonistas. Identidade é cativante por ir além de questões sociorraciais, fazendo da sua trama um estudo de personagem, que visa analisar como o comportamento humano se transforma diante das mais adversas circunstâncias.

Aqui, embora a história de Kendry seja baseada no romance renascentista de Nella Larsen, lançado em 1929, a obra relata complexidades absolutamente realistas e que genuinamente definiram uma parte significativa da comunidade negra na década de 20. E mesmo sendo de época, Identidade é atual por suas reflexões a respeito da identidade que buscamos ter. Em tempos onde muitos projetam vidas plásticas impecáveis cercadas por filtros e imagens estrategicamente feitas para o Instagram, a verdade se tornou quase relativa e nem tudo que brilha é de fato ouro.

O longa se comunica conosco por meio da sua categórica linguagem visual, que se destaca na cativante e carismática performance de Ruth Negga. Ao seu lado, Tessa Thompson perde boa parte do seu brilho, em uma atuação básica, como ela normalmente está habituada a entregar em seus filmes. Às vezes meio monótono e de ritmo vez outra lento, o thriller dramático cresce mais a partir de sua principal protagonista, que dá seu jeito de sempre roubar a cena. Mais ainda que seu enredo se desenvolva bem, partindo para confrontos poderosos, seu desfecho carece de vigor. É impactante sim, mas perdeu a oportunidade de ser definitivamente chocante, se tornando memorável.

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Rebecca Hall inicia a sua jornada como cineasta com o pé direito. Conhecida por suas performances em filmes como O Presente e Vicky Cristina Barcelona, ela mostra uma nova faceta de talentos, assinando o roteiro e a direção da produção. Buscando colocar a audiência sob a mesma ótica de um filme de época, ela incorpora bem a narrativa baseada nos anos 20, sob uma fotografia em preto e branco que garante sutileza e delicadeza, à medida que se comunica habilmente com o contexto vigente da trama.

Com uma belíssima fotografia e uma direção autoral ainda em formação, Identidade traz Tessa Thompson e Ruth Negga lado a lado como as grandes protagonistas: Duas mulheres que dividiram a sua adolescência e que se reencontram inesperadamente. Enquanto a primeira leva uma vida pautada pela culturalidade afro americana do bairro Harlem, a outra conseguiu passar no teste do papel pardo e engana o seu esposo – um homem branco vivido por Alexander Skarsgård -, fingindo ser uma mulher caucasiana que toma “um pouquinho” de sol, vez outra.

Longe de sua identidade racial e cercada por um universo racista, Kendry (Negga) encontra na antiga amizade sua chance de talvez achar a identidade que perdera para a mentira. Mas digladiando em uma vida dupla, ela viverá à beira do abismo, a um instante de ser descoberta – gerando uma atmosfera de suspense diferente, salpicada por um drama onde a obsessão e a insegurança pautam as atitudes dos protagonistas. Identidade é cativante por ir além de questões sociorraciais, fazendo da sua trama um estudo de personagem, que visa analisar como o comportamento humano se transforma diante das mais adversas circunstâncias.

Aqui, embora a história de Kendry seja baseada no romance renascentista de Nella Larsen, lançado em 1929, a obra relata complexidades absolutamente realistas e que genuinamente definiram uma parte significativa da comunidade negra na década de 20. E mesmo sendo de época, Identidade é atual por suas reflexões a respeito da identidade que buscamos ter. Em tempos onde muitos projetam vidas plásticas impecáveis cercadas por filtros e imagens estrategicamente feitas para o Instagram, a verdade se tornou quase relativa e nem tudo que brilha é de fato ouro.

O longa se comunica conosco por meio da sua categórica linguagem visual, que se destaca na cativante e carismática performance de Ruth Negga. Ao seu lado, Tessa Thompson perde boa parte do seu brilho, em uma atuação básica, como ela normalmente está habituada a entregar em seus filmes. Às vezes meio monótono e de ritmo vez outra lento, o thriller dramático cresce mais a partir de sua principal protagonista, que dá seu jeito de sempre roubar a cena. Mais ainda que seu enredo se desenvolva bem, partindo para confrontos poderosos, seu desfecho carece de vigor. É impactante sim, mas perdeu a oportunidade de ser definitivamente chocante, se tornando memorável.

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