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Crítica | ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ retorna com uma 2ª temporada melhor e mais épica


Atenção: a crítica a seguir discorre sobre os dois primeiros episódios da nova temporada.

Há dois anos, o fenômeno literário Percy Jackson e os Olimpianos’ ganhou uma merecida adaptação para o Disney+, reacendendo a popular saga mitológica criada por Rick Riordan no interesse dos fãs inveterados das aventuras do jovem semideus Percy e chamando uma nova geração para conhecer esse vibrante universo. Agora, somos convidados novamente para o Acampamento Meio-Sangue com a antecipadíssima segunda temporada da série, cujos dois primeiros episódios chegaram no último dia 10 de dezembro à plataforma de streaming.

A nova iteração adapta o segundo volume dos livros, ‘O Mar de Monstros’, e vem com grandes expectativas, principalmente após o fracasso da releitura cinematográfica estrelada por Logan Lerman. Na trama, Percy (Walker Scobell) está prestes a voltar ao Acampamento, e agora está acompanhado de Tyson (Daniel Diemer), um ciclope que foi acolhido pela mãe, Sally (Virginia Kull), e que tenta criar qualquer laço com o jovem semideus. Após alguns sonhos estranhos, Percy e Tyson cruzam caminho com Annabeth (Leah Sava Jeffries), que os alerta sobre um sonho em que o Acampamento jazia sob escombros e chamas, temendo que o temível Cronos teria atacado o refúgio. Viajando no táxi das Irmãs Cinzentas, o trio é alertado sobre um iminente ataque – apenas para serem arremessados em uma tentativa de invasão de Lestrigões que serviu de distração para que Luke (Charlie Bushnell) envenenasse Thalia e desestabilizasse o campo de força que protege o santuário.



Percy, então, descobre que seus sonhos são verdadeiros – e que Grover (Aryan Simhadri) foi capturado pelo ciclope Polifemo em sua ilha, em uma tentativa de colocar as mãos no velocino de ouro, um poderoso objeto capaz de curar qualquer coisa. Tentando conseguir uma permissão para a busca através do autoritário e duvidoso Rei Tântalo (Timothy Simons), diretor interino do Acampamento, ele se vê em um impasse quando a impetuosa Clarisse (Dior Goodjohn) é escolhida para reaver o velocino, sendo forçado a contrariar ordens e partir na perigosa missão ao lado de Tyson e Annabeth.

Ainda que muito mais próximo dos livros, a segunda temporada se vale de mudanças consideráveis na construção dos arcos dos personagens a fim de trazer dinamismo e coesão para uma narrativa expansiva. E, em boa parte, essas escolhas funcionam e mostram um amadurecimento inegável em relação à qualidade criativa e estética do ciclo anterior, que esbarrou em certos convencionalismos clássicos de “introduções de mundos fantasiosos”. Riordan e Jonathan E. Steinberg agora têm liberdade muito maior para se esquivar das apresentações e focar no desenvolvimento das relações entre os personagens e o teor mítico que acompanha o protagonista titular e seus companheiros.

Visto que o próprio elenco amadureceu, nada melhor que trazer essa realidade para as tramas que se desenrolam nos dois primeiros capítulos: Percy e Annabeth são o centro da nossa atenção pela maior parte do tempo, explorando diferenças expressivas que causam atrito nos laços que forjaram na iteração predecessora e garantindo que Scobell e Jeffries se entreguem de corpo e alma e consigam dominar os holofotes tanto em conjunto quanto em núcleos separados. Simhadri, ainda que tenha um tempo de tela reduzido, dosa o drama e a comédia de maneira exemplar e natural, oferecendo um escape interessante para uma atmosfera densa e pesarosa; e Goodjohn tem seu merecido momento de glória à medida que a impetuosa Clarisse se mostra determinada a conseguir validação e ser escolhida para encontrar o velocino.

Responsável pela direção, James Bobin faz um trabalho decoroso e sóbrio ao dar o tom do enredo principal que se desenrolará através da temporada. O realizador, conhecido por títulos como ‘Alice Através do Espelho’ e ‘Dora e a Cidade Perdida’, poderia muito bem ceder aos mesmos equívocos do primeiro ano da série, mas aproveita os arcos de amadurecimento para compor as cenas em incursões inesperadas e que, pouco a pouco, isolam os protagonistas em uma iminente batalha que decidirá o futuro do mundo. Alguns efeitos quase beiram a reprovação, é um fato dizer, mas não podemos deixar de mencionar que a qualidade artística podou excessos e se mostrou mais cautelosa para garantir uma experiência máxima e muito bem-vinda aos espectadores.

A segunda temporada de Percy Jackson e os Olimpianos’ nos convida a retornar para o mundo criado por Rick Riordan, mas sob uma perspectiva diferente e que, com apenas dois episódios, dá o tom de uma epopeia mitológica muito mais perigosa do que os nossos amados protagonistas enfrentaram num passado não muito distante. Superando as expectativas, o novo ano da série consegue nos deixar satisfeitos na medida certa e ansiosos para o que virá a seguir.

Thiago Nolla
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.
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